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night warriors: darkstalkers’ revenge (vampire hunter) (arc & sat)

Arcade & Saturn

Night Warriors: Darkstalkers’ Revenge

Vampire Hunter (Japão)

F I C H A    T É C N I C A

Developer Capcom

Publishers Capcom / Virgin

Estilo Luta

Datas de Lançamento:

ARC

03/95 (JP)

SAT

22/02/96 (EUA); 23/02/96 (JP)

Incluído nas compilações:

Capcom Arcade 2nd Stadium (SWI/PC/PS4/XONE)

Capcom Fighting Collection (XONE)

Darkstalkers Resurrection (PS3/X360)

Vampire: Darkstalkers Collection (PS2)

NOTA

8.4 (ARC) | 8.1 (SAT)

Este jogo é pra…

(  ) passar longe  (X) dar uma jogadinha de leve  (X) dar uma boa jogada  (  ) jogar freneticamente  (X) chamar a rua toda pra jogar  (X) um tipo específico de jogador. Qual? Quem gostaria de saber qual a criatura da noite que levaria a melhor se vários contos de terror se fundissem; os capconianos prontos para tirar um recesso de Ryu, Chun Li & cia.; quem não gosta dos atalhos de hoje em dia para executar golpes com menos teclas (bem, se você não estiver inteiramente nessa categoria, prepare-se para arranjar um controle turbo!). (X) incógnita

Night Warriors é uma adaptação muito elogiada dos Arcades japoneses para os videogames, nipônicos ou americanos e europeus. Já dizemos logo de cara “Arcades japoneses” porque a distribuição de gruas eletrônicas com a inscrição “Night Warriors” no Ocidente foi um negócio realmente raro, quase nulo, e tenho sinceras dúvidas de se isso realmente aconteceu à vera no mercado. O mais provável é que a iniciativa se ateve a breves locações para testes, de versões beta, ainda por cima. A placa escolhida pela Capcom para rodar Night Warriors 2 no fliperama em 1995 foi a CPS2. Mas o que nos interessa é a história doméstica desta franquia, e particularmente a do segundo episódio.

O vampiro doidão!

Na realidade o que mais compromete nosso relato, se não soubermos evadir as arapucas, são as barreiras da linguagem e a salada tropical promovida pela Capcom toda vez que o assunto é “trazer material do Oriente para o Ocidente”. Ela nunca – e quando eu digo nunca, estou sendo bastante literal! – consegue transportar um jogo de continente sem desfigurar seu título e adaptar nomenclaturas de personagens num nível que beira a insolência! Gera muita irritação e confusão entre os fãs anglófonos da empresa. Mas se as mudanças se atêm aos nomes, creio que seja até motivo para comemorarmos: o bicho pega mesmo quando modos de jogo são cortados, fases são extraídas, partes do enredo são retrabalhadas ou, ainda pior, a Capcom acha que “a cultura ianque é tão diferente que não receberia bem a proposta”, fazendo com que o jogo sequer seja traduzido. “Por que tanta glosa capconiana, Rafael?” Tentando deixar sua vida mais fácil, estou explicando antecipadamente por que por aqui não necessariamente as pessoas conhecem Night Warriors por Night Warriors. Aliás, Night Warriors é bem uma nomenclatura que a Capcom quis que pegasse e no entanto foi largada a partir da terceira versão de sua franquia de luta de monstros sobrenaturais. A palavra que acabou ficando como sinônima da série, para os gringos, foi Darkstalkers, que era muito mais casual anteriormente, tanto é que não passa de um subtítulo deste que, ironicamente, passou a ser referido como Darkstalkers II depois de um tempo. The Night Warriors, o primogênito, recebeu uma continuação-melhoramento (no melhor estilo “expansões de Street Fighter II) e esta edição de luxo ganhou a palavra Revenge para se diferenciar. No Japão, os três primeiros jogos são assim batizados: Vampire, Vampire Hunter e Vampire Savior. Por aqui, o melhor mesmo é chamar de Darkstalkers (I, II, III), o que nos poupa mal-entendidos e preocupações. Mas se até Resident Evil tem um nome totalmente esdrúxulo – Bio Hazard! – lá fora, não seria Darkstalkers, uma série de luta tão cult, que escaparia da maldição da Capcom de brincar com as mentes do seu público cativo…

Tentando entender, lacanicamente (não quis dizer “de forma lacônica”, mas evoquei, com efeito, a psicanálise pós-freudiana!), os motivos que levaram a Capcom of America a mais essa patacoada taxonômica, encontrei uma atenuante: o jogo da Sega para Game Gear chamado Vampire: Master of Darkness. Quem sabe o nome foi trocado para não dar brecha a nenhuma ação judicial ou nova desorientação entre os compradores! Para quem nunca ouviu falar, esse V:MD da Sega é um clone bem chinfrim de Castlevania… Se é que podemos “perdoar” o nome “Darkstalkers”, eu diria que os japoneses é que deveriam “perdoar” o nome “Vampire” que receberam antes de nós: Darkstalkers é o termo genérico para se referir ao elenco inteiro de lutadores da série, que reúne não só vampiros como muitas outras criaturas da noite. O próprio manual de instruções japonês de Darks III (Vampire Savior, a rigor) se refere aos personagens selecionáveis da trama como “darkstalkers”, aqueles que espreitam na escuridão (ó!). Trocando em miúdos, é igual chamaríamos os lutadores de Mortal Kombat de Kombatants/kombatentes ou os indivíduos partícipes do grande torneio de artes-marciais de SF2 de “World Warriors”. É como se quando idealizou o projeto a Capcom tivesse pensado em Demitri Maximoff, o “Drácula de Darkstalkers, como um protagonista em potencial. A resposta popular ao elenco, não obstante, modificou um tanto essa intenção original, pois Morrigan e Felicia, por exemplo, conquistaram um espaço muito maior entre os corações dos aficionados, e suas raças não são vampirescas, o que torna o título oriental menos correto!

* * *

Seja como for, Vampire Hunter, Darkstalkers’ Revenge ou Darkstalkers II, como preferir, só existe, fora dos Arcades, no Saturn – e felizmente em inglês também! Já que gastei tanto tempo com prosa à rédea solta e anomalias, nada mais natural que continuarmos mais um pouco com o relato de estranhezas, só que dessa vez já dentro da análise do produto: além dos 12 personagens originais foram acrescidos mais 2, e aqui vai a lista exaustiva de nomes, com suas variantes japonesas inclusas: Demitri (que muita gente escreve Dmitri ou Dimitri); Morrigan; Jon Talbain (Gallon no Japão!); Victor; Sasquatch; Lord Raptor (Zabel no JP); Anakaris; Rikuo (Aulbath no JP – agora fiquei tonto: Rikuo não seria um nome oriental e Aulbath um nome muito mais americanófilo??); Bishamon; Felicia; Pyron; Huitzil/Phobos; Donovan e Hsien-Ko (Lei-Lei no Japão…). São 14 (os inéditos são os dois últimos listados) fighters em detrimento dos 10 normais + 2 bosses antigos (da primeira versão, Darkstalkers 1 ou The Night Warriors), e, no mais, parece que pouca coisa mudou, como se este fosse o “Super Street Fighter II” da série Darkstalkers, certo, Capcom? Certíssimo! Podemos dizer que as mudanças mais substanciais foram: a adição de dois novos estágios, as “casas” de Hsien-Ko e Donovan; o recolorimento dos estágios já existentes em DS1, que continuam a ser usados; o sistema de jogo permanece quase o mesmo, com exceção de novos moves e super moves.

Para quem não antipatiza com esse jeito capconiano de fazer as coisas (“evolução sem revolução”, pelo menos por uns 10 anos…) e que tenha se divertido com DS1, é uma boa pedida, desde que haja grana de sobra e disposição para engajar-se num título tão similar em vários aspectos. Vale ressaltar que DS1 sendo de PlayStation e DS2 de Saturn a probabilidade mais alta, pelo menos à época, era que cada metade do mercado consumidor 32-bit experimentasse só um dos dois. Ou que 75-80% ficasse apenas com DS1, já que o PSOne vendia como água, enquanto o Saturn encalhava nas prateleiras, fora do Japão. Ironicamente, o sempre-privilegiado público japonês viria a receber um Vampire Hunter 2 (um Vampire 2 2!) com mais correções de falhas (exclusivo dos Arcades). No Ocidente jamais se ouviu falar da peça. Entretanto, antes que se lamente a perda para nós ianques, ela não foi irrevogável: muitos desses melhoramentos foram incorporados à versão americana de Darkstalkers 3, que, sim, saiu para PlayStation (quanto ao Saturn, ele só recebeu Vampire Savior, a versão japonesa – uff…)! Haaaaaaaaja confusão, amigos! Mas chega desse trololó mexicano e a Capcom que se exploda com suas novelas de nomes, porque nosso tempo está se esgotando e mal falamos do jogo em si!…

* * *

Comparativamente, podemos dizer que Revenge controla muito melhor que The Night Warriors no PlayStation, principalmente por causa do tipo de joystick dos 2 sistemas. Pra começo de conversa, 6 botões na frente no controle da Sega, e um direcional mais ergométrico. Mas numa comparação com outras pérolas da própria Capcom no próprio Saturn, Darkstalkers II se dá melhor que X-Men: Children of The Atom e Street Fighter Zero 2, o que não é pouca coisa! Os complexos links para múltiplos hits e os specials estão intuitivos como deveriam estar. A mecânica de DS é muito elogiada por um sem-número, a ponto de figurar como alternativa à menina-dos-olhos da companhia, Street Fighter, cuja fórmula bem que já estava caducando em meados dos 90. O mais bacana das batalhas multiplayer é que se pode deixar a refrega bem competitiva mesmo entre um veterano e um novato, através do “auto mode”, que faz os newbies saírem encaixando golpes meio que sem querer, com base no mashing aleatório de botões. Quanto ao hardcore player, se ele desligar a opção para si mesmo, terá que ter muito mais talento a fim de acompanhar o rival nas cadeias de combos… Enquanto isso, a tradicional regulagem de velocidade em vários níveis permanece.

O som em NW:DR só pode ser definido como sólido. Não se deixe enganar pela impressão de estar ouvindo um cartucho de SNES: isso não é ruim, apenas retrô! Vampire Hunter surra quase todos os outros da série Vampire. As songs para Victor, Demitri e Morrigan são algumas das mais memoráveis de toda a história da sonoplastia da Capcom. Vampire Savior empalidece tal qual um vampiro em dieta diante desta trilha – o ruim do terceiro capítulo é que as BGMs são demasiado felizes. Vampire 1 não era um primor, mas pelo menos havia certo clima “Castlevania” no ar! Ao lado de SFZ2 e Marvel Super Heroes vs. Street Fighter, Darkstalkers 2 está no teto dos jogos de luta da Capcom no tópico som. P.S.: um dos temas de vitória, o de Morrigan, possui co-autoria de Del, personagem da banda descolada cheia de clipes em computação gráfica Gorillaz!

Rafael de Araújo Aguiar é sociólogo não-praticante e um tanto apaixonado pela forma velha de se programar jogos

Lista de agradecimentos

GameFAQs:

Bugs72740

fekkot

Ancient_R

Saikyo Mog

Bass_X0

versão 2 – 2013; 2025.

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