! não-recomendado para menores de 18 anos !
PC, PlayStation3 & Xbox 360




Grand Theft Auto IV
F I C H A T É C N I C A
Developers Rockstar North, Rockstar Toronto (PC)
Publishers Rockstar Games, Synergex (Brasil, PC), CyberFront (JP, PC), Capcom (JP, 360/PS3)
Estilos Open-world > Third-person Shooter / Plataforma / Corrida / Simulador
DATAS DE LANÇAMENTO
PC
02/12/08 (BR/EUA/CAN + Steam), 03/12/08 (EUR/OCE), 20/03/09 (JP), 16/04/10 (JP, Low-Price Ver.)
PS3
29/04/08 (EUA/EUR/CAN/OCE), 01/05/08 (OCE, Bundle ed.), 30/10/08 (JP), 27/08/09 (JP, PS3 the Best), 16/10/09 (EUR, Platinum), 10/09 (EUA/CAN, Greatest Hits), 2010 (OCE, Platinum)
360
29/04/08 (EUA/EUR/CAN/OCE), 30/10/08 (JP), 27/08/09 (JP, Platinum Collection), 13/10/09 (EUA/EUR, Games on Demand), 23/04/13 (COR, Games on Demand), 09/02/17 (EUA, Xbox Store)
NOTAS
8.1 (PC)
8.9 (PS3)
9.0 (360)
Também incluído na compilação:
Grand Theft Auto IV: The Complete Edition (PC/PS3/360), incluindo as duas expansões The Ballad of Gay Tony e The Lost and Damned, de 2009.
Este jogo é pra…
(X) passar longe (X) dar uma jogadinha de leve (X) dar uma boa jogada (X) jogar freneticamente (X) chamar a rua toda pra jogar (X) um tipo específico de jogador. Qual? Desculpem o pleonasmo, mas GTA4 é para quem gosta de GTA! (XXX) incógnita
Como envelheceu este episódio da franquia que definiu mais ou menos duas décadas dos games de ação?
Dando os primeiros passos em terra firme após longa travessia, o imigrante ilegal Niko Bellic indica de antemão que a Rockstar North não está pra brincadeira. Bem, talvez o jogador que colocar as mãos no produto esteja, mas ele, o jogo, foi feito com pura seriedade, para divertir. A figura mafiosa é carismática à primeira vista, e só ganha mais carisma conforme suas nuances são aprofundadas na tela. A cidade em que ele aportou? Liberty City, velha conhecida dos Grand Theft-addicts, para falar a verdade onde tudo começou! Onde tudo começou nos 2D toscos do 32-bit (GTA1) e onde tudo se aperfeiçoou, deu um salto quântico, no PS2 (com GTA3). Mas num intervalo de 7 anos (em relação a 2001), o modelo tridimensional da Cidade da Liberdade se tornou praticamente irreconhecível: finalmente, na terceira geração do PlayStation, começou a parecer-se com algo em grande escala e alta resolução, “realista” para standards cada vez mais exigentes. O gamer despenderá seu tempo precioso roubando carros (qualquer correlação com o título do jogo é mero golpe do destino) e derrubando tiras e outros criminosos, mas esse é só o rabo do cometa. A maior novidade é a opção de multiplayer online, um recheio ostentador para um sanduíche já bastante gordo representado pelo story mode exemplar.

Liberty City talvez seja a cidade virtual, o amontoado de concreto cibernético em que NPCs caminham e simulam uma complexa existência, de maior riqueza e perfeição até então. Como em qualquer cidade, há a atividade cotidiana, arriscamos dizer “superficial”, e as negociatas subterrâneas, onde predominam os mistérios, e onde jazem os interesses daqueles que procurarem pelas missões de GTA4. Muitos cidadãos sequer desconfiam da teia de crime organizado que os enreda 24h por dia. A porta de entrada para esse mundo escuso é o primo de Bellic, Roman, que é tão flor que se cheire que está jurado de morte graças a dívidas de jogo… Uma guerra territorial moderna entre facções mobilizará o free lancer/jogador, que tem um passado ligado ao exército em seu país de origem. Guerra territorial que, apesar de movida a armas de fogo das mais destrutivas, não deixa de ter o semblante do primitivismo, como se as granadas fossem a nova “urina que demarca o território” desses bípedes urbanóides milicianos. Niko Bellic não é o perfeito idiota que adora cumprir ordens, mas ele sabe que, pelo menos por enquanto, deve se resignar…
O enredo é tão pouco linear que o gamer se sentirá impelido a zerá-lo ao menos duas vezes, para ver onde desembocam suas idiossincrasias durante a execução das missões. Pode parecer decepcionante para quem já jogou narrativas mais compridas, mas o quarto GTA (não oficialmente, já que houve muitos GTAs de subtítulos diversificados entre o terceiro e este aqui), em tese possui 30 horas estimadas de desenrolares inéditos no modo estória. Porém, do tronco principal de missões emanam ramos secundários que, se somados, proporcionam pelo menos outras 3 dezenas de horas para os viciados. E estamos falando só do tempo gasto na empreitada para um jogador…
Com toda a similaridade que guarda com os outros GTAs (não teria por que haver uma reformulação completa em um produto sucesso de crítica), pode-se dizer que as trocas de tiro ficaram muito mais simplificadas, no bom sentido. Niko é o assassino de aluguel mais ágil que um fã dos títulos da Rockstar já controlou até esta geração de consoles e PC games. Claro que nem tudo se deve à marra do protagonista: a mecânica foi aperfeiçoada, e a mira obedece muito mais as vontades do atirador. Do clichê assaltar bancos até sentir o frio na barriga da véspera de uma entrevista de empregos, o gamer usufruirá de um caleidoscópio de sensações.
O que mais o polivalente Niko pode fazer? Que tal escalar fendas e paredes em que o personagem possa fixar seus sapatos sem que eles deslizem? Ou se balançar em estruturas? O que pode definitivamente salvar a vida do gangster é sua habilidade de esconder-se atrás de objetos ou quinas buscando cobertura em tiroteios, no melhor estilo Gears of War. Entre uma ou outra cena das mais agitadas, seqüências animadas feitas para repousar o joystick, mas não os olhos: detalhes importantes da estória são descortinados, Niko vai amadurecendo seus contornos, e todos com quem ele interage apresentam excelsa animação e dublagem de primeira linha, que podemos chamar pela primeira vez na série de cinematográficas: a consolidação, senão a origem, dos AAA games ou superproduções caríssimas de jogos eletrônicos.

Como sabido pelos fãs da série, a polícia é presença certa caso se faça algo de errado. Os azuizinhos podem estar atrás meramente de um ladrão-de-rua sem nenhum requinte ou de um aprendiz perfeito de muçulmano xiita, ameaça nacional classificada pelo FBI e a Casa Branca. Sim, você pode ser os dois: basta que Niko tenha exagerado na dose o suficiente para deixar 6 ícones de polícia na tela, o que representa o nível máximo de calamidade social e de procura de um infrator da lei (sem piedade pela sua vida, a partir de certo nível). Nos últimos degraus, já será um trabalho para o exército! Quanto aos cops comuns, eles parecem menos vitaminados que nos outros games da franquia: carros dignos de ser apelidados de carroças a julgar pela velocidade, inexistência de barreiras (o que transtornava a vida de antigos jogadores) e uma senhora vantagem de Niko, representada por um GPS que exibe a localização das patrulhas mais próximas. Para fugir da condição de gato-e-rato, basta se esconder em algum beco remoto por coisa de 10 segundos, um velho estratagema dos GTAers que a inteligência artificial dos novos consoles ainda não foi capaz de derrubar! Quanto maior a urgência da caça, maior será a área de abrangência dos tiras, por conseguinte mais complicado será escapar. Ainda assim, a dificuldade baixa torna este aspecto da jogabilidade imperfeito, pois certamente o gamer gostaria de obstáculos mais densos rumo à vitória final!
A Cidade da Liberdade parece ter sido erguida apenas para satisfazer seus caprichos pecaminosos, mas nem sempre é assim. Matar o tempo é uma das especialidades do game, e é possível fazer isso de forma inofensiva, por incrível que pareça. É possível assistir televisão e ouvir rádio no seu atual carro (acredite, Niko pilotará muitos deles), e a cada edição do jogo essas opções vão aumentando mais e mais em complexidade e em número de horas de conteúdo inédito. É viável, ainda, assistir a shows de bandas famosas ao vivo (aquelas pelas quais a Rockstar conseguiu pagar os direitos). Bares, apresentações de stand-up comedy e rodopiadas por cabarés também estão no eclético cardápio (isso já deu muito problema com instâncias de censura, em tantos países que é melhor nem começar a listar! Como se pagar por uma prostituta fosse pior que explodir edifícios… ok!).
Até navegar na internet é apenas uma submodalidade dessa aventura de proporções dantescas! Há aqueles sites que um usuário minimamente atento de microcomputadores evitaria ao máximo no mundo real: sabe quando surgem links perigosos ou desconfiáveis no seu e-mail, em advertisings de sites-chulé? Isso mesmo, é o tipo de sacanagem em que você está pensando agora!… Mas uma forma autenticamente interativa de se divertir nos cibercafés de Liberty City é através das redes sociais, que são a porta de entrada para muitas mulheres na vida de Niko. Sair e se encontrar com todo os tipos de pessoas é uma operação tão duradoura quanto sua imaginação puder conceber. Parece que The Sims acaba de ser destronado! Fazer de pessoas comuns felizes aumenta a moral do durão Bellic, mas cuidado com minas pegajosas demais!

O(a)s mais caretas dos amigos/das paqueras quererão sair para o boliche; o(a)s mais atlético(a)s preferirão pegar uma corzinha e exibir os músculos definidos na piscina, ou a destreza no arremesso de dardos. Restaurantes, cafés, boates… Trata-se de um espelho do mundo em que vivemos, em proporções realmente assustadoras para a década 2000! A imagem que as pessoas têm do protagonista vai depender da pontualidade, da forma como dirige, da roupa que veste e de uma série de fatores óbvios, porém muito instigantes, porque reproduções exatas da vida que o gamer provavelmente leva aqui fora, ainda que passe longe de ser um don juan nato. As moças notarão se você apanhá-las para dois encontros seguidos com a mesma camisa, embora seja sempre uma possibilidade usar o papinho de que “essa estampa florida me dá sorte, tenho várias peças idênticas dessa aqui”. Ok, a interação em GTA ainda não chegou a tanto… Atenção também ao utilitarismo de se ter contatos advogados, enfermeiros ou de qualquer outra profissão quebra-galho para um fora-da-lei!
Niko Bellic, como qualquer ser humano de maior periculosidade que um mero trânsfuga mexicano, tem um telefone celular. Um implemento muito simples e que acrescenta múltiplas facetas à existência em GTA. O direcional digital e uma única tecla executam todas as funções do aparelhinho. Como muitas pessoas do mundo fático, embora não seja recomendável, Niko pode dirigir e falar com alguém ao mesmo tempo. Todos sabemos que essa é uma das principais causas de acidentes no trânsito, então maneire! Usualmente, escolhe-se um amigo na agenda e em seguida o assunto da conversação (trabalho, diversão, pedir um favor, etc.). A pessoa pode simplesmente não atender, mas se o fizer o diálogo transcorrerá de forma fluida na tela, sem a intervenção do jogador (melhor assim). Pessoas também ligam para Niko, e as situações inoportunas em que chamadas ocorrem geram uma comicidade que eu temo seja mera identificação com situações que também vivemos no cotidiano. Acredite, interromperem sua música favorita tocando na rádio será o menor dos males. E se sua namoradinha da vez ligar bem no meio da sua transa no prostíbulo ou na hora de um confronto armado? Como tudo que é bem planejado, GTA4 ainda oferece ringtones e wallpapers para o seu celular de fora da tela, o que hoje está batido, mas na época do lançamento era genial.

Mesmo que o ato de roubar carros, sendo o mote da série, continue sendo executado por apenas um botão, resultados os mais amplos podem advir. Realisticamente, se a porta se encontrava travada, Niko optará por quebrar a janela com seu taco, dar uma coronhada com arma de fogo ou então um chute. Ao contrário de antes, pode ser preciso dar a partida no motor, ou quem sabe havia muitos outros passageiros no carro além do motorista, e alguns sejam mais arredios que os outros na hora de “aceitar” o assalto! O alarme pode ser acionado, atraindo instantaneamente viaturas policiais para investigar o que está havendo (e você não pode dar desculpas esfarrapadas). Num cenário extremo, o protagonista pode fracassar na tentativa e ficar preso pelo braço, sendo arrastado pelo asfalto enquanto a vítima em potencial acelera o veículo – os civis estavam começando a ser mais reativos!
No primeiro GTA lembro que era raro fazer mais de três curvas sem fazer o carro subir nas calçadas pelo menos uma vez! Não sei se essa característica mudou tanto, porque a dirigibilidade continua “frouxa”, arcade, longe de um simulador de corrida, sendo necessário dosar bastante se não quiser avacalhar e emendar um cavalo-de-pau no outro. Mas digamos que aquele que não quiser desrespeitar as leis de trânsito não precisa ser o Hélio Castroneves em termos de destreza. Ser um lunático das ruas, entretanto, será sempre uma opção mais atrativa, até para cortar caminho e tempo nas missões. Há vários ângulos de câmera, mas a configuração padrão o coloca sobre os ombros do personagem, ou metade do carro enquanto num, ao invés de figurar o carro como um todo, a uma “distância segura”. Tal escolha se traduz em maior realismo, como se o panorama do jogador fosse o mesmo de um motorista convencional. No mesmo pique, carros esportivos são filmados de uma altura inferior, o que aumenta a sensação de velocidade.
Caminhão de lixo, motocicleta, lancha ou helicóptero, todos os “dirigíveis” do game se mostram desafiantes na hora de conduzir. Uma característica ímpar constantemente notada pelos jogadores desde GTA3 permanece: ao se apossar de um modelo, o personagem correrá por ruas que milagrosamente começam a apresentar uma proporção exagerada de outros veículos iguais. Será que tem alguma relação com a manutenção do framerate? De qualquer forma, não é um defeito em si, mas não deixa de ser curioso ver que de repente os novos-ricos viraram a regra, quando acontecer de se pilotar uma Ferrari e se deparar com outras Ferraris como vizinhas de tráfego o tempo inteiro!

Para acessar o multiplayer, basta encontrar a opção no menu do celular. Em seguida, entrar-se-á num saguão de espera (para abertura de vagas nos servidores do jogo). Prepare-se para rodadas com mais 15 internautas em no mínimo uma dúzia de sub-modalidades. É possível ser a sede da partida ou o visitante, e a conexão que for host terá a chance de ativar ou não fogo amigo, presença da polícia, cada uma das armas, engarrafamentos, função radar, entre outras opções e subterfúgios. Outra delimitação importante é a área de jogo: um setor específico da cidade ou ela inteira.
Uma das jogatinas mais divertidas é o cooperativo (efetivo policial x bandidos), em que são estabelecidas missões parecidas com as do single player mode. A Turf War é como um modo graffiti de Tony Hawk’s transposto para as guerras de tribos urbanas de GTA, se é que fez algum sentido…
LINHAS FINAIS
A versão de PlayStation3 se distingue da de Xbox 360 basicamente no primeiro uso do produto, pois no sistema da Sony há uma instalação mandatória que leva cerca de 10 minutos; em compensação, a partir daí os loads serão mais ligeiros que no concorrente.
Digamos que quem começar por este jamais retornará a GTAs antecessores, mas o mesmo poderia ser dito de quem começou pelo quinto… Um game “de ocasião”…
Agradecimentos a Justin Calvert
Por Rafael de Araújo Aguiar
versão 2 – 2012; 2023.
® 2002-2023 0ldbutg8ld / RAFAZARDLY!
One reply on “grand theft auto 4 (360, pc & ps3)”
[…] não é mesmo?! Podemos até dizer que Red Dead é o aperfeiçoamento da mecânica de GTA4! E, melhor ainda para os saudosistas, acrescentaram-se umas pitadas de Sunset Riders na coisa […]
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