PlayStation


Final Fantasy Anthology
F I C H A T É C N I C A
Developer SquareSoft
Publishers Square EA / Square Enix
Estilo Role Playing Game
Datas de Lançamento 30/09/99 (EUA), 01/01/04 (EUA, Greatest Hits)
NOTA
8.3
Este jogo é pra…
(X) passar longe (X) dar uma jogadinha de leve (X) dar uma boa jogada (X) jogar freneticamente ( ) chamar a rua toda pra jogar (X) um tipo específico de jogador. Qual? Pelo interesse histórico; amantes da dificuldade; completistas (quem começou por algum FF mais novo e adquire prazer, a partir daí, em comprar todos os FF já lançados à disposição); ouvintes finos (trata-se de duas das melhores OSTs de todos os tempos); aqueles que adoram a mensagem “Loading, please wait…”. (X) incógnita

No fim da década de 90 começaram os presentinhos retrô da SquareSoft para seu devoto público de PlayStation: depois da trilogia Final Fantasy VII, Final Fantasy VIII e Final Fantasy IX, além do ótimo spin-off estratégico Tactitcs, faltavam os FF que os fãs mais novos tinham perdido, dada sua pouca estrada e falta de oportunidade. Final Fantasy VI, por exemplo, já era de uma era longínqua, mesmo se comparado a FF7, em plenos tempos áureos do SNES (sim, pois 3 anos, nos games, beiram uma eternidade!). Pior ainda se o assunto fosse o quinto episódio, jamais portado ao mercado americano. Como solução, em 1999 a Square soltou remakes que supririam as deficiências de conhecimento dos novatos e acariciariam a nostalgia dos veteranos, dum golpe só: FF5 (com menus americanizados) e FF6 no console da Sony! E voilà – a graça da saga RPGística, quando ainda nem sabia o que eram polígonos, tanto hipnotizou os consumidores que o sucesso instantâneo do produto obrigou a empresa a se devotar a uma série de neo-coletâneas dentro do universo finalfantasyano, que desde então encharcaram o PSX; e, o que foi pouco comum, mantiveram as prensas de compact discs ativas até o alvorecer do terceiro milênio, sobrevivendo a alguns dos anos de hegemonia da sexta geração de videogames!
E como Final Fantasy VI (III nos States) já foi resenhado para Super NES, vocês não devem achar estranho que eu me estenda mais nos comentários para FF5:
* * *
FINAL FANTASY V (1992)
Eis o último FF a seguir a mesma fórmula-base dos “Quatro Cristais” que infestou os Final Fantasy primatas. Mas não pense que se trata de um jogo despido de inovações no tocante ao sistema: este episódio está, pelo contrário, entre os mais inventivos! Ao invés dos 4 personagens sem-vida que pareciam todos saídos do mesmo molde, como em Final Fantasy I; os 3 personal characters mais ou menos inter-relacionados que contavam com a aparição eventual de um quarto membro-convidado, como em Final Fantasy II; um zilhão de characters diferentes, metade dos quais morre no meio da estória, ou quase isso (FF4); Final Fantasy 5 nos brinda com 4 elementos originais cujos backgrounds são bem mastigados, e cuja união não parece forçada. Óbvio que por trás desse encontro fortuito estão os malditos cristais de sempre!
Tudo principia quando o Cristal do Vento se estilhaça na frente do Rei Tycoon e um meteoro atinge o continente, ao mesmo tempo. Essa cadeia de eventos nascente, sem dúvida um mau presságio, acaba por fazer Bartz, Princesa Reina, Faris e Galuf se cruzarem e estabelecerem um forte vínculo. Bartz é meio chatinho às vezes, mas o resultado final da mescla das 4 biografias é aprovado com louvor. A concisão do enredo, que privilegiou a qualidade em detrimento da quantidade, foi realmente um passo à frente na evolução da franquia. É bem verdade que já havíamos nos deparado com os tais cristais pelo menos 3 vezes antes, então para alguns todo esse imbróglio já soava um tanto redundante; mas como foi a última vez que Final Fantasy recorreu a eles, tratemos a ocasião como uma despedida de gala!
São dúzias de job classes que multiplicam as possibilidades, de forma que o número baixo de PCs vai parecer muito mais elevado conforme a narrativa se estende. Ademais, não é porque Bartz seja um lutador (i)nato que ele está fadado a sempre obedecer limitadas características e aprender exclusivamente habilidades de um lutador corporal. Basta um empurrãozinho por parte do controlador: se Bartz (nome estúpido, eu sei) tiver experiência suficiente noutras classes, por mais antagônicas que sejam – como Mago Azul –, pode ter às mãos as skills mais ecléticas já vistas num FF até 1992. Temo que só Tactics veio a destronar esse job system como o mais complexo da série.
No meio desse mar de rosas, o maior defeito de FF5 é que ele conta com batalhas aleatórias DEMAIS, praga aliás recorrente nos RPGs de Super Nintendo – nada tão ruim ou agravante quanto em FF1&2, mas ainda assim marcante. Acho que a freqüência de combates se equipara pelo menos à de Breath of Fire, outro sistema de jogo reconhecidamente belicoso.
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FINAL FANTASY VI (1994)
Retoma alguns aspectos do sistema de FFIV, tal qual o elevado número de PCs (14, que obviamente são revezados nas posições de protagonistas das batalhas). Ainda assim, Terra é o personagem mais proeminente (se bem que no file de jogo, ela começa como “??????”, e você pode editar o “nome” mais tarde), recordando que o antagonista, Kefka (quase Kafka, e olha que tem um Locke no seu time!), talvez seja o mais fanático de todos os vilões da série Final Fantasy, o que não é pouco!
Não é pequena a porção dos RPGistas que consideram o sexto capítulo a genuína obra-prima, o non plus ultra, dentro da franquia, mas o port de PSX parece não ter feito justiça à fama auferida nos anos supernintendistas… O maior de todos os problemas é um slowdown injustificável, posto que inexistente nos 16 bits, e que aparece justo num videogame mais poderoso que roda CDs! Estamos falando de lentidões absurdas durante a execução de alguns (não poucos!) golpes em batalhas, ou seja, do cerne de um Role Playing Game, infelizmente. Por isso, quem puder emular o jogo ou caçar a fita de SNES estará mais bem-servido, então não estranhe a classificação “passar longe” (cabeçalho da matéria) para um jogo avaliado na casa dos 8. De assustar ainda mais é que os loadtimes, algo natural na mídia disco (porém há aqueles jogos que sequer sofrem do problema), são insistentes: sempre que se abrir ou fechar um menu; entrar ou sair de batalhas, etc., etc. – e estamos falando de 10 SEGUNDOS de tela preta pela frente!! Acredite ou não, mas isso interfere no jeito de jogar e pode fazer dos controladores muito mais conservadores, haja vista que pensarão duas vezes antes de dar qualquer save, abrir os menu a fim de usar um healer ou lançar determinada magia que deixa a tela a menos frames por segundo que qualquer outra, e assim por diante.
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Ao contrário da compilação de 2002 que abrange apenas os episódios primevos de NES (e mesmo assim só 2 deles), Origins, este game não interfere nos gráficos habituais, que afinal já são 16 bits e não ofendem tanto a visão, a despeito da pequenez dos bonecos na tela. Decidiu-se apenas por full motion videos para a abertura e o epílogo de ambos os FF incluídos, o que no mínimo estimularia muitos da velha guarda a zerarem novamente, só para destravarem o conteúdo extra. Embora não se possa criticar a qualidade das FMVs, torço o nariz para o artwork de FF5. Já a arte de FF6, em que pese patamares abaixo dos irmãozinhos de PSOne, tem grandes méritos, a começar pelo vasto cartel de monstros cuidadosamente desenhados à mão antes de terem sido digitalizados.
DICA1: Não siga a ordem cronológico-numérica e, se for novato em Final Fantasy, faça o favor de jogar FF6 primeiro, pois FF5 é muito mais difícil e laborioso (literalmente, já que estamos falando sobretudo de mestrar o intrincado job system da engine!).
DICA2: Aos cricris com relação a traduções pouco literais ou simplificadoras em excesso, eu recomendaria Final Fantasy V Advance, o remake de Game Boy Advance, e não esta versão americana de FFV contida em Anthology!

Rafael de Araújo Aguiar é sociólogo não-praticante e um tanto apaixonado pela forma velha de se programar jogos
Lista de agradecimentos
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versão 2 – 2014; 2025.

















