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radiant silvergun (sat & al.)

Saturn

+ Arcade, Steam, Switch & X360.

Radiant Silvergun

F I C H A   T É C N I C A

Developers Treasure, Live Wire (SWI)

Publishers ESP Software, Treasure (ARC), Microsoft (360), Live Wire (SWI/PC), Limited Run Games (SWI, EUA, cópia física)

Estilos Shoot ‘em up > Vertical, bullet hell

Datas de Lançamento:

SAT

23/07/98 (JP)

ARC

28/05/98 (JP)

PC

03/11/23 (EUA, Steam)

SWI

13/09/22 (EUA, EUR), 14/09/22 (JP), 08/11/23 (EUA, cópia física), 20/06/24 (JP, cópia física)

360

14/09/11 (mundial), 27/06/17 (EUA, Xbox Store)

NOTA

8.8

RS chegou causando rebuliço por duas razões básicas: estava chegando só para Sega Saturn, no fim da vida do console; sua produção foi anunciada no fim do verão (inverno brasileiro) daquele ano e o produto final já estava pronto em julho. O que pretendiam os caras por trás do projeto? Seria algo capenga? Se dependesse da Treasure isso não passaria de uma pergunta de gamer desconfiado. Lembra dos feitos dela? Castlevania 4 (SNES), Contra: Hard Corps (MEGA) (quando os mesmos desenvolvedores ainda se encontravam na “mamãe” Konami) e até Guardian Heroes (já como Treasure), outro top de SS, fora Silhouette Mirage (PS/SAT) e Mischief Makers (N64). Muitos achavam que ela trabalharia com exclusividade para a Sony na era 32, mas pelo contrário: virou tão de confiança para a Sega que ela deixou que Radiant Silvergun usasse a exclusiva placa ST-V, uma estrutura para Arcade modificada em relação à do Saturno, com mais RAM. Os planos da third-party eram lançar o título primeiro para os fliperamas. Assim foi feito, mas somente lá pelo Japão. Um mês depois veio a versão doméstica, também jamais localizada para o Ocidente (até há bem pouco tempo!). Em termos técnicos, Radiant foi o maior teste já realizado com as capacidades do hardware saturniano e sinceramente não tem como haver coisa melhor no console!

Especialista em lançar jogos Plataforma inovadores, a Treasure subitamente despertou com uma vontade brutal de mandar bem num vertical-scrolling shooter (ao invés de seguir atirando da esquerda para a direita, é de baixo para cima!). Isso me lembra muito a iniciativa da Square, casa dos RPGs, que lançou Einhander e agradou. Mas a Treasure (tesouro, hm que premissa…) fez ainda melhor para a máquina rival. RS é tão bom que deixa até sucessos da velha guarda como Raystorm, G-Darius e Thunderforce V comendo poeira. Soukyuugurentai talvez seja o título que mais se aproxime deste, com aqueles torpedos de fótons inesquecíveis, todavia ainda lhe falta muito. Veja o porquê…

Você é o piloto de um dos veículos espaciais mais letais da galáxia, a nave que dá nome ao jogo. Viaja por vários períodos de tempo, com seu capitão e colegas, em busca de Origin, um ser superpoderoso (deus?) que está causando problemas na estrutura do espaço-tempo. Depois de acompanhar as belas animações introdutórias em anime, vai-se perceber bem rapidamente que o esquema é se manter próximo da banda inferior da tela enquanto hordas de naves adversárias vão lotando a parte de cima.

Serão mundanos seus métodos de ataque? Não há escudos nem bombas que limpem uma screen inteira; no lugar disso, uma interface completamente inovadora. Os três botões principais (A, B e C) acionam três armas diferentes: straight shot, homing laser e damaging spread shot, respectivamente. Apertando-os combinadamente (A+B, A+C, B+C ou A+B+C), pyrotechnics, tiros mais potentes, serão soltos. É possível reconfigurar as teclas de tiro para X, Y e Z (o controle de Saturn possui seis teclas frontais à direita). Tracking lasers, rear firing scatter-shot, lock-on ligtning attack, plasma sword… esses são os bizarros nomes das várias combinações executáveis. Tudo cortesia da sua pequena nave azul (ou vermelha!). Enquanto que nenhuma delas destruirá 100% da tela, há shots realmente poderosos. A espada de plasma, por exemplo, suga ataques adversários e, enchendo-se uma barra própria, será possível descarregar tudo de uma vez.

Não se preocupe com a aparente complexidade de tudo: raras serão as ocasiões em que o tiro “x” com o tiro “y” é que resolverão a questão. Maioria dos “dilemas” pode ser resolvida com tiros simples – cabe escolher qual dos três. Por exemplo: enquanto em túneis diagonais, o spread shot, tiro espalhado, seria a única opção viável para se livrar dos canhões grudados na parede sem se expor demais. Os chefes são imensos, mas não se assuste com isso (de praxe no gênero!) e queira derrotá-los com o máximo número, largura e tipos de tiros possíveis! Geralmente o homing laser se mostra eficaz contra tudo e todos. Ele e só.

Em Silvergun TUDO depende de sua habilidade e reflexos. Um movimento em falso e provavelmente você estará morto. O desafio é enorme. Mísseis, lasers, lança-chamas, raios gama… chame os ataques alheios como quiser, desde que aprenda a desviar de todos estes, simultaneamente!

O Arcade só apresenta um jeito de jogar RS. Já o Saturn, além do Arcade Mode, possui o Saturn Mode (hm, que nomes originais). Nele, a adição de vozes aos diálogos, níveis, chefes e seqüências 3D que o fliperama não podia rodar. O esqueleto, no entanto, permanece inalterado. Ah sim, os elementos de jogo são completamente customizáveis de modo que a experiência de jogá-lo em casa nem vai se igualar àquelas gruas malditas comedoras de fichas! Estabeleça o número de vidas, intensidade de inimigos na tela, velocidade, etc. Mais: assim que o termina, o Option Plus Menu é habilitado, com mais e mais secrets para serem destravados pouco a pouco. Uma das coisas é uma espécie de dossiê, com todas as estatísticas desde a compra do jogo, como o número de vezes que jogou cada modo, mortes, matanças e muito mais! Mais números para quem gosta estão no Ranking Mode. Mas o mais interessante é o Dog Master Ranking, uma espécie de recompensa caso você consiga achar as 30 “Merry-chans” espalhados pelas fases (jogando de 1), usando o lock-on laser. Por se sacrificar tanto olhando todos os cantos da tela atrás delas, o prêmio é bastante valioso! Descubra por si mesmo…

“Droga, é muito difícil. Esses caras são ninjas, como querem que a gente chegue no final e ainda abra tantos extras?” Calma, meu rapaz. A Treasure não foi tão injusta e severa quanto parece! Ao invés de usar o velho sistema de power-ups (que ainda por cima zeram à primeira morte), inventou-se uma engine de acúmulo permanente de experience points similar ao ocorrido em qualquer RPG convencional nas infindáveis batalhas. O maior número de vezes que se jogar no Saturn Mode, mais forte suas armas ficarão, de maneira fixa. Para saber o impacto dessa medida, enfrente penosamente os primeiros bosses. Depois, vindo do level 32, jogue mais uma vez a primeira fase e… epa! O primeiro chefão acaba sendo derrotado com um punhadinho de tiros que nem fez doer seu dedinho!!

Não existe uma palavra melhor para qualificar os gráficos de RS que “outstanding”. Isso, aquela expressão que o carinha profere quando você dá um perfeito uppercut no oponente em Mortal Kombat. Coisa ruim não pode ser… Transparências embasbacantes, efeitos que muitos achavam que “a velha caixa chamada Saturn” não podia rodar, o resgate do Mode 7 (efeito desenvolvido pela primeira vez no Super NES e que permite rotações de 360°), chefes com mais polígonos que células no seu corpo, toneladas de sprites (é isso aí: mistura de estruturas 2D com 3D!) e o que mais for imaginável. O melhor de tudo é que a framerate segue estável. O design dos níveis é dos melhores já vistos num shooter. Ao mesmo tempo enganadores, ingênuos e inspiradores. Só quem jogou sabe que beleza que são cenários como o cinturão de asteróides ou aquela sobrevoada básica na cidade cheia de prédios.

E o tal Origin? Bom, ele é o último chefe. E não cabe nem em três telas! Acontece que só uma parte dele aparece por vez no campo de visão, para sua grande sorte (ou não?). Chefes são a palavra de ordem nos shooters de nave, os únicos que gelam até a espinha jogadores de qualquer idade. E nesse assunto Radiant Silvergun está bem: há estágios com até 3 ou 4 sub-bosses!

A trilha sonora não poderia ficar atrás. A orquestra é onipresente na jogatina! Japonês gosta tanto da parte sonora que, aliás, existe até o Audio CD deRadiant, disponível para importação. Efeitos sonoros não são abafados pelos eternos acordes, mostrando que a Treasure pensou em cada detalhe, cada explosão de rocha, cada disparo e algum outro acontecimento perceptível na tela. 

Meio decepcionante, no entanto, é que não há uma opção para uso de controle analógico no hardware original. Soukyuugurentai foi um título que pensou nisso e apresentou uma boa alternativa para os jogadores que queriam mais interface 3D. Para quê isso em Silvergun, não está bom demais? Não, não está: às vezes a locomoção das naves é deveras lenta e usar o D-pad o tempo todo cansa. Seria conveniente haver essa oportunidade de escolha! Assim como uma boa sugestão seria suprir nossa sede e fome com novas FMVs, porque parece que o espaço do compact disc nem foi inteiramente utilizado. São esses os únicos defeitos sensíveis de RS. Está excelente: com tantos parágrafos falando bem, só um para meter o pau!

Infelizmente, o tempo sepultou o Saturn. E serviu de termômetro para o que a Sega of America traria ou não da Terra do Sol Nascente para cá. Enquanto jogos realmente ruins de 97 foram localizados para o inglês, petardos como esse e vários outros já resenhados no rafazardly simplesmente foram largados às moscas só porque são do ano em que o mundo conheceria o Dreamcast. Ou melhor: os japoneses conheciam o Dreamcast… Santa internet, que nos permite consertar esse erro! Poucos games continuam com você depois de desligar o videogame, e RS consegue ser um deles. Aos que não experimentaram RS e não possuem um Saturno, as lojas virtuais da Steam, do Nintendo Switch e da Microsoft estão aí!

Rafael de Araújo Aguiar

Agradecimentos a James Mielke

versão 4 – 2005, 2013, 2017, 2025.

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