Arcade & PlayStation

Rival Schools
Shiritsu Justice Gakuen: Legion of Heroes (Japão)
Rival Schools: United by Fate (Europa)
F I C H A T É C N I C A
Developer Capcom
Publishers Capcom / Virgin
Estilo Luta
Datas de Lançamento 30/07/98 (JP); 30/09/98 (EUA-EUR); 22/02/12 (JP-PSOne Classics)
NOTA
8.1
Este jogo é pra…
( ) passar longe (X) dar uma jogadinha de leve (X) dar uma boa jogada ( ) jogar freneticamente (X) chamar a rua toda pra jogar (X) um tipo específico de jogador. Qual? Porradeiros da Capcom; fãs da idéia de estudantes se pegando (no sentido menos malicioso e mais sangrento da palavra!); taradões desinibidos; amantes de velocidade nos combates. (X) incógnita
Pense em Rival Schools como um Super Street Fighter II Turbo ainda mais rápido – com sua mistura de artes-marciais clássicas e verídicas com magias surreais azuis, amarelas, rosas, verdes, “com glitter” e seja lá o que for! Só que o visual está mais para o spin-off Street Fighter EX, sem contar que dessa vez os protagonistas são estudantes de ensino médio e alguns dos professores e membros da direção… [Tem UM personagem de Street Fighter (Zero) que se encaixa nesse contexto: os superfãs já sabem de quem estou falando; quanto aos leigos, continuem lendo que logo serão informados.] Chocante!
Primeiro deixe-me dizer que Rival Schools é muito melhor que sua continuação hi-tec de Dreamcast, de 3 anos depois, Project Justice. Mesmo sem um elenco comparável, a gameplay é muito mais veloz. O enredo dos personagens também pode ser considerado superior. Introduzindo os novatos à franquia, além de toda a influência de Street Fighter já descrita no parágrafo introdutório resta listar um dos elementos vitais da mecânica, que é o dos tag-teams, à la série Vs. da Capcom. Seleciona-se uma dupla, embora só um por vez atue, pelo menos na maioria maciça dos momentos. O parceiro reserva é convocado para dar uma ajuda com R1+R2 – mais simples, impossível. Ataques a dois tiram muito mais life do adversário, mesmo que seu poder destrutivo não possa se comparar aos ataques triplos de Project Justice (é, tem gente que acha que aí já é apelação demais!). Uma coisa realmente importante (bem, nem tanto) em que Rival Schools 1 apanha de Project Justice (Rival Schools 2), no entanto, é nos gráficos: o visual nesse RS de Play1 é horrendo e não podemos compreender a escolha da Capcom por um environment 3D se ela é especialista em levar personagens dos animes e quadrinhos (bidimensionais) para o arranca-rabo num patamar tão soberbo! Mesmo sendo de 1998, os modelos pontudos e mal-animados e os cenários toscos lembram mais Virtua Fighter 1 do que qualquer outra coisa contemporânea, como Tekken 3 ou Soul Edge. Com efeito, ao vermos Star Gladiator, da mesma empresa, para Dreamcast chegamos à certeza de que os caras não nasceram para lidar com polígonos!
Capaz de irritar é a ferocidade da inteligência artificial de Rival Schools. Confesso que nunca fui um especialista em games de porradaria, mas não encontro parâmetros para o que se vê em RS. O computador de Mortal Kombat tira vantagem dos pontos débeis da sua performance e explora justamente seus movimentos mais descuidados; em Soul Blade, a máquina exagera no blocking; em Street Fighter o desafio reside basicamente em decifrar os padrões de cada oponente, pois eles possuem rotinas personalizadas. Em Rival, você não encontra bonecos que bloqueiam que nem loucos, ninguém repete as mesmas técnicas malditas de 2 em 2 segundos e não necessariamente seu modus operandi consiste em explorar suas principais fraquezas… Porém, isso não impede que seja uma CPU ainda pior que todas as outras porque ela é extremamente agressiva. Quando soa o “FIGHT!”, não dá mais pra respirar. O inimigo caça o jogador ininterruptamente numa velocidade absurda. Você vive o inferno antes de compreender onde está e o que deve fazer para contra-atacar direito e entrar no tempo das lutas. Isso é especialmente verdadeiro para Batsu, o “protagonista” do título, e Roberto, um jogador de futebol estereotipado de uma das escolas. Eles são o cúmulo da selvageria em ação! Os meliantes sabem unir golpes normais com especiais sem que você consiga perceber hiatos na animação dos golpes, ficando difícil calcular uma situação ideal em que pudesse encaixar qualquer represália! Imagine-se num Tekken apimentado em que cada ataque é por si só um combo de 10 hits, já que as coisas são muito mais ágeis e canibais do que na criação da Namco. P.S.: e não adianta colocar no “easy” para se safar, pois continua do jeito que eu falei!
Um dos fortes de Rival Schools é seu cast (ainda que Rival Schools 2 tenha melhorado espantosamente no departamento). São cinco escolas que se arrebentam no ringue (modo de dizer, já que os confrontos podem se dar na rua ou em ambientes inusitados como a sala de aula): Taytio, uma escola “normalzinha”; Gedo, cheia dos malas bombadinhos; Pacific, que apesar de ser sediada no Japão aceita exclusivamente americanos cheios da grana para um intercâmbio cultural; Gorin, onde se concentram os atletas; e a Justice, que dá nome ao jogo (no Oriente), infestada do “mal” até a medula. Não se é obrigado a escolher dois personagens da mesma instituição para compor a sua dupla, mas se o fizer o enredo intra-lutas só tem a ganhar e você poderá obter o melhor final do personagem titular. Quanto aos lutadores em si, eles vão de ciclistas gatinhas a uma patty que além de abanar pompom sabe lutar boxe, de baseball players a jogadores de vôlei, de enfermeiras gostosonas ao professor de ginástica animadão. E atenção, fãs de Street, porque a ninfeta mais high-ranked da parada está por estas bandas: Sakura faz uma aparição especial como “convidada” (na verdade, é um hidden character). Desconfio que a Capcom tenha feito essa inclusão de última hora pensando em aumentar as vendas do produto e reforçar a confiança do público numa série totalmente nova. São ao todo mais de 20, mas praticamente só a metade começa disponível.


Specials pra lá de esquisitos e impudicos são lugar-comum em Rival Schools!
Rival Schools tem benesses além do comum para manter seus proprietários sugados, em se tratando de um simples game do gênero Luta da década de 90. São, com efeito, dois discos de jogo, um convenientemente chamado de Arcade, com a réplica da experiência no fliperama, e outro chamado Evolution Disc, focado sobretudo no multiplayer e oferecendo funções inéditas. Neste, há a montagem de ligas e torneios para até 8 jogadores, 2 por vez, revezando os controles, ideal para ferver o quarto durante uma festa! Se há algo que não cai tão bem dentro dessa opção é que é inevitável a aparição repetida de vários personagens, já que como cada competidor entra com uma dupla seriam necessários pelo menos 32 nomes para que houvesse, realisticamente, só 1 de cada. Ainda assim, não podemos impedir cada qual de escolher os characters que mais lhe convêm, e fosse qual fosse o número de lutadores seria inevitável que “gêmeos” continuassem se enfrentando! Mas para quem não recebe muitos amigos em casa ainda há muito pano pra manga, ainda dentro do segundo CD: um Training recheado que ensina basicamente todos os gestos do jogo, como a esquiva, o bloqueio e o contra-ataque. É-se avaliado com menções (não podia ser diferente, num título sobre rivalidade entre escolas!) e, dependendo da performance, premiado com novas gracinhas para seu jogo, dentre elas 5 minigames (vide fotos abaixo).
Os joguinhos como cobranças de pênalti (com Roberto) e dancinha ajudam a aliviar a tensão das lutas, mas seria ainda melhor se a Capcom tivesse conservado o modo RPG e o Create-a-Fighter que acompanhavam Rival Schools na versão japonesa…
“Pano pra manga” não é tudo: “pano pra mangá” também seria uma expressão conveniente para caracterizar alguns dos extras mais bacanas de colecionar em Rival. Um exemplo são os artworks aleatórios das loading screens, que podem ser revisitados numa galeria especial após algumas finalizações (tem uma imagem picante de Kyoko de pernas cruzadas, hmm!). E que tal roupas secretas (e pornográficas!) para Tiffany, Hinata, Natsu e de novo Kyoko? Nem é preciso dizer que cada personagem tem dois endings, um ruim e um bom e que isso por si só já aumenta a vida útil de Rival Schools!


Quem disse que a namoradinha do Ryu era a Chun-Li?
Devo ressaltar mais uma vez quão rápida é a ação nesse jogo. Se você está acostumado com a leseira e lengalenga de 3D fighters típicos dos 32 bits como Tekken, Dragon Ball GT, Tobal e Dead or Alive, vai ter vertigens na primeira rodada em Rival Schools. Talvez até pense que alguém apertou o botão de “acelerar” do PlayStation ou da televisão, tamanho o contraste! Portanto, se você simpatiza com essa característica da velocidade intensiva e não condena a postura de psicopatas em idade escolar resolvendo suas diferenças na mão, a hora é agora!

Rafael de Araújo Aguiar é sociólogo não-praticante e um tanto apaixonado pela forma velha de se programar jogos
Lista de agradecimentos
GameFAQs:
Unos Hambalos
Ofisil
Pokejedservo
GlucoseJoe
Emperor Vegeta
Mark24173
Lord Omega Yagami
Elxalraj
KasketDarkfyre
versão 2 – 2013; 2025.

















