PlayStation, Saturn
+ 3DO, PC-98 & PlayStation3.



Policenauts

FICHA TÉCNICA
Developer Konami
Publisher Konami
Estilos Adventure, FPS, RPG
Datas de Lançamento:
PC98
29/07/94 (JP)
3DO
29/09/95 (JP)
PS
19/01/96 (JP); 18/09/97 (JP-PlayStation The Best); 07/08/03 (JP-PSOne Books); 14/05/08 (JP-PSOne Classics)
SAT
13/09/96 (JP)
NOTAS
9 (PC98) | 9.5 (3DO) | 8.7 (PS&PS3) | 9.2 (SAT)
Este jogo é pra…
( ) passar longe ( ) dar uma jogadinha de leve (X) dar uma boa jogada ( ) jogar freneticamente ( ) chamar a rua toda pra jogar (X) um tipo específico de jogador. Qual? Quem se liga em graphic novels e já detonou Snatcher. ( ) incógnita
Policenauts é a pseudo-seqüência de Snatcher. Embora elaborado pelo mesmo homem por trás desta obra-prima (e também de Metal Gear), e pertencente ao mesmo gênero de Adventure, trata-se de um enredo com personagens completamente novos… Mas a qualidade é a costumeira das criações de Hideo Kojima!


3DO
O jogo – o que não é muito convencional – saiu para 4 sistemas completamente distintos a não ser pelos 2 últimos, que compartilham um processador de 32-bit: NEC PC-9821, Panasonic 3DO, Sony PlayStation e Sega Saturn, nesta ordem de lançamento (sem contar os relançamentos de PS1 e as versões para PS3 na PSN). Procuraremos apresentar ao máximo as peculiaridades de cada uma das três últimas versões, no que for possível (os detalhes às vezes são escassos) – quanto à edição originalíssima, de PC98, um videogame-computador japonês, infelizmente não tenho acesso ao periférico sequer por emulador, nem encontro qualquer review na internet. Pressuposto está, entretanto, que se trata da aparição tecnicamente mais fraca da obra de arte de Kojima. De antemão, podemos dizer que o maior defeito de Policenauts é não contar com uma versão norte-americana.

A estória começa em 2010 quando a primeira colônia espacial habitável foi criada (ô, quem dera!), Beyond Coast. Três anos depois, cinco homens são escolhidos a dedo para fazer a segurança da colônia, os Policinautas do título: Gatse Becker, da Scotland Yard; Joseph Sadaoki Tokugawa, do Japão; Salvatore Toscanini, de Nova York; e, de Los Angeles, Ed Brown (seu melhor amigo) e você, Jonathan Ingram (e não Instagram). (É notável que o idealizador se inspirou no blockbuster Máquina Mortífera a fim de caracterizar essa dupla final.) É então que, durante uma caminhada espacial de rotina, a roupa de astronauta de Jonathan misteriosamente dá defeito e ele acaba sendo arremessado no imenso vazio do espaço sideral, para horror de seus colegas-testemunhas… Depois do incidente, Jonathan Ingram (não por acaso) era dado como morto, mas, miraculosamente, 25 anos depois, ele é redescoberto e resgatado… E o mais estranho: fisicamente ele aparenta ter uns 28 anos, ao passo que na realidade já está com 55…


Flash forward para 2040, já que durante vários meses nada de extraordinário acontece: Jonathan volta a viver na Old L.A. (Los Angeles, agora rebatizada de forma retrô), onde é dono duma agência de investigação e passa os dias de maneira pacata. Sua ex-mulher (e também ex-viúva), uma envelhecida Lorraine, visita o ainda jovem Jonathan. Durante o longo hiato em que Jonathan ficou suspenso em alguma espécie de torpor criogênico no espaço sideral, Lorraine rearranjou sua vida, casando-se novamente e tendo uma filha. Acontece que seu atual marido, o farmacêutico Kenzo Hojyo, da colônia espacial (a mesma do desastre), encontra-se desaparecido. Ela pede a ajuda de Jonathan neste caso, mas você se nega, já que não quer voltar a pisar na traumática Beyond Coast. A madame se retira, entristecida. Jonathan observa a partida da mulher pela janela, mas num átimo flagra um vulto dobrando a esquina, segurando alguma coisa suspeita. A ligação dos fatos em sua cabeça foi instantânea: Lorraine vai entrar no carro e dar a partida, mas se ela o fizer estará encr… BOOM! Tarde demais, bem que Jonathan tentou avisá-la com um grito: o carro está em chamas, destroços voaram pelos ares – configura-se um atentado. (A cena é uma transparente homenagem ao famoso take siciliano de Poderoso Chefão 1.) Ingram dispara atrás do autor do crime, mas acaba perdendo sua pista pelo labirinto das ruas. Ao voltar ao local da explosão, Jonathan ainda encontra uma expirante Lorraine dentro das ferragens (mas como raios sobrou algum pedaço da mulher se ela estava bem no epicentro da detonação?)… Antes que ela morra em seus braços, ainda solicita uma última vez que você encontre seu marido e também sua filha, Karen. Jonathan concorda em cumprir o último desejo de sua amada, muda seus planos e viaja de volta a Beyond Coast, onde a aventura irá começar para o jogador… Ufa, que prólogo mais envolvente!

CURIOSIDADE: as FMVs transcorrem a 24 frames por segundo no Saturn e a 15 frames por segundo (ligeiramente mais lentas) no PlayStation.
O esquema aqui é o velho point-and-click explorer. Mesmo nas seqüências de tiro, únicas a envolver ação em tempo real, os controles não serão problema, a menos que você queira experimentar as sessões de tiro com o mouse de um dos videogames, o que eu não recomendo. A “passividade” do controlador faz sentido diante de um enredo tão cheio de méritos, capaz de hipnotizar. Nem mesmo há um inventário para entupir de itens, como em muitos point-and-clicks enfadonhos de PC: são 10 a 12 horas de uma narrativa que progride de forma relativamente linear, sem que o jogador se preocupe excessivamente com menus, focado em enigmas e conversações.


Na versão do 3DO, as FMVs estão mais para “desenhos de sábado cedo” (pense na qualidade de imagem das produções do Sábado Animado no SBT, em contraposição a longas-metragens requintados da Disney, que seriam, na analogia, os gráficos nos 32 bits), mas são perfeitamente contempláveis, afora que os completistas vão gostar de saber que duas das cinematics são exclusivas deste videogame. Isso porque Hideo Kojima e amigos decidiram fazer alterações na obra às vésperas da estréia no Saturn e PlayStation, atualizando um pouco o clássico. Alguns cenários ainda receberam uma limpezinha básica de texturas e objetos supérfluos, modelos de personagens foram redesenhados e uma ou outra cena foi reelaborada conceitualmente.

Policenauts Private Collection (PSX), assim como fotos subseqüentes
Singularidades específicas da versão de Sega Saturn incluem: cutscenes inéditas, um trailer antes do jogo, o uso facultativo da Sega Stunner Gun nas tomadas de tiro, uma enciclopédia maciça com vários termos do mundo fictício cyberpunk no qual se desenrola o jogo (inútil, se você não for perito em ideogramas), duas shooting galleries fora do jogo convencional (uma em cada 1 dos 2 discos), 3 músicas de ending durante os créditos (contra uma só canção, previamente) e um vídeo de entrevista habilitado no CD1 após completar o jogo pela primeira vez.


Quanto ao PlayStation, podemos dizer que muitos desses extras foram deixados de fora do CD normal de jogo, mas não temam: os sonistas poderão acessar quase o mesmo conteúdo (e muito mais, aliás) se adquirirem um outro “jogo”, que não passa de um apêndice do Policenauts genuíno, Policenauts Private Collection, lançado em 09/02/96 (quase um mês depois do Policenauts padrão). Esse disco extra, raro e especial, conta com 5 opções, que são Game, Movie, Database, Making, Sound (cf. imagem dois parágrafos acima).

No primeiro módulo pode-se rejogar todas as cenas de first person shooter contidas no CD básico de Policenauts, mais as duas shooting galleries criadas para rodar nos 32 bits; Movie permite conferir 2 trailers, das versões mais cult de Policenauts, i.e., de 3DO e PC98, além de um clipe contendo uma mini-entrevista de um dos programadores; Database é a mesma enciclopédia do CD normal de Saturno, só que deslocada para este anexo – é claro que descontando o preço pago pela segunda mídia, foi até uma solução melhor, já que essa seção ocupa muito espaço, sendo que devido às múltiplas FMVs no roteiro Policenauts já vem em 2 CDs; em Making – outra seção parruda – você se depara com uma timeline dos eventos in-game (todos os acontecimentos da ficção são narrados num formato cronológico), os storyboards originais (pense num script, um texto elaborado na pré-produção do game com tudo o que iria constar da obra eletrônica, em minúcias, incluindo até cenas que acabaram sendo cortadas da versão final por falta de espaço, coerência interna e relevância!), uma TONELADA de artworks e imagens renderizadas de luxo e até um making of das seqüências de anime e em CG (foto abaixo, à direita); por fim, no Sound Test encontra-se uma seleção de 10 faixas da soundtrack. Em outros termos, Policenauts Private Collection é o sonho de consumo do fã incondicional de Policenauts, e qualquer viciado é capaz de passar mais tempo aqui que na aventura jogável em si, dependendo do seu grau de amor pela trama!


É sempre bom saber que a Konami das antigas era uma daquelas firmas que, quando acertavam a mão, acertavam a mão mesmo, e produzia clássicos com muito carinho e dedicação a seu público devoto!
Rafael de Araújo Aguiar é sociólogo não-praticante e um tanto apaixonado pela forma velha de se programar jogos
Lista de agradecimentos
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