Genesis, Turbografx-16
+ Arcade, PS4, Switch & Wii.


Cadash
Arcade Archives: Cadash (PS4 & Switch)
F I C H A T É C N I CA
Developers Taito (ARC), Cyclone (GEN), ITL (Tgfx), Hamster (Arcade Archives)
Publishers Taito (ARC, GEN), Samsung (COR, GEN) Working Designs (Tgfx), Hamster (AA)
Estilo Action RPG
Datas de Lançamento
ARC
03/90 (JP), 1990 (EUA/EUR)
Tgfx
18/01/91 (JP), 1991 (EUA), 11/11/08 (JP, Wii)
GEN
1992 (Ásia, COR, EUA)
PS4
30/08/23 (EUR, OCE), 31/08/23 (EUA, JP)
SWI
31/08/23 (EUA, EUR, JP)
NOTA
6.9 (ARC) | 7 (GEN) | 8.5 (Tgfx) | 9.7 (PS4/SWI)
Este jogo é pra…
( ) passar longe (X) dar uma jogadinha de leve (X) dar uma boa jogada ( ) jogar freneticamente (X) chamar a rua toda pra jogar ( ) um tipo específico de jogador. Qual? ______ (X) incógnita
Arcade não parece ser o destino mais confortável para um Role Playing Game. Estórias de interpretação de papéis consomem muito tempo, são muito complicadas e muito orientadas para a área cerebral para interessarem pessoas com alguns cents no bolso que queiram desperdiçá-los em algo intenso e breve. RPGs são tão longos… Como poderia haver sucesso comercial de um jogo de RPG que não contasse com saving? Na realidade esse artigo não se destina a censurar tanta gente por aí: só vi uma exceção para a obediência desse princípio de que RPGs não são lançados para gruas eletrônicas, e ela se chama Cadash. Cadash tenta fazer uma média com o público-alvo de Arcades combinando a “monotonia” inerente a um RPG com certa dose de espancamento aleatório das teclas do game pad – embora haja um método por trás de toda aparência de irracionalidade –, a ponto de qualquer King of Fighters sentir inveja!

Cadash, criação da Taito, funde o conceito de RolePlay side-scrolling com o de ação. O híbrido é imperfeito, mas divertido. A possibilidade de escolher entre múltiplos personagens adicionava muita profundidade ao usuário da máquina de rua. Tendo se tornado um hit cult nas lojas especializadas, Cadash logo viu seu caminho para plataformas caseiras pavimentado: dois anos depois, em 1991, já estava no PC Engine (mais conhecido como Turbografx-16 no Ocidente); no ano seguinte, ganharia a versão Mega Drive/Genesis. A encarnação de PC Engine é certamente muito mais colorida e vibrante, mas essa não é a única razão para a disparidade nas notas entre as duas edições. Podemos dizer que a versão Mega Drive é uma espécie de bastarda, uma má emulação do original, enquanto que no PC Engine temos um filho legítimo. A Taito teve de excluir dois dos quatro protagonistas devido a limitações técnicas do aparelho, e escolheu retirar os 2 favoritos da galera! Permaneceram o guerreiro (banal, previsível, chato até no nome) e o lento e feioso mago. Isso que é corte no orçamento!
Cadash, no seu formato mais íntegro, permite o controle sobre quatro personagens. Um guerreiro, um ninja, um mago e uma paladina. Mais do que atendendo a convenções e variedades visuais, cada um possui um estilo muito particular de jogabilidade e seus equipamentos nos shops das cidades são-lhes exclusivos. O ninja arremessa shuriken à distância e faz da experiência em Cadash algo similar a Shinobi. Para fãs declarados de Castlevania, o negócio mais apropriado será controlar a paladina, portadora de uma arma altamente tributária ao chicote Vampire Killer, e ainda da capacidade de se auto-curar. A quem for mais primitivo nos instintos gamísticos e se sentir mais à vontade como um bárbaro que só confia em sua própria espada, as portas de Cadash também estão abertas. Outra maneira de saber se o lutador é para você é se já experimentou Rastan, jogo da própria Taito, e se identificou com o protagonista. Por último, quem não simpatizou com o trio pode se arriscar como o feiticeiro de coluna vergada, capa fora de moda, chapéu pontudo e detentor da forma mais singular de enfrentar os adversários, já que não parte para a agressão física. Adicionando mais tempero à receita, dois jogadores simultâneos podem encarar a missão. Nem Rastan, nem Castlevania nem Shinobi ofereciam esse recurso.
Voltando a falar do que não pôde estar na versão Mega Drive, a paladina, versátil e bem-balanceada, e o “primo de Shinobi” farão uma falta considerável. No fim dos 80 e começo dos 90 a popularidade dos Belmont e dos ninja entre amantes de jogos de ação era enorme, e Cadash não teria tido muita chance no Arcade sem a agilidade de ambos. O 16-bit da Sega, portanto, sai comendo poeira nessa história…

Versão Mega, mais desbotada que a de PCE.
Ainda assim, seja com 2 ou 4 para escolher, Cadash se mantém fiel a um princípio central, qualquer que seja o palco em que é encenado: uma batalha frenética de 1 ou 2 jogadores atravessando 5 macrorregiões, efetivamente os continentes terrestres, cada uma guardada por um lendário e lascivo chefão, variando de uma bolha negra e senciente chamada Pudim Preto a um amontoado de chamas com personalidade própria! O objetivo final é resgatar a princesa Salassa do Rei Balrog (que veio sem luvas de boxe dessa vez, atenção Bison!). O demônio quer efetuar uma transfusão de sangue louca que o dotaria de superpoderes além de, em tese, convertê-lo em sucessor direto do trono do mundo. Bah… não ligue para o enredo… Como todo jogador espinhento e seboso de videogames tem extensa experiência no resgate de beldades importantes, consulte seu manual de “Resgate de Princesas Módulo Avançado II” para desenferrujar e em seguida parta para cima!
Embora linear em geral, o jogo não proíbe os aventureiros de darem quantos “passos atrás” quiserem na jornada, buscando itens que podem ter negligenciado passando rápido demais pelas dungeons anteriores ou simplesmente subindo de nível antes dos desafios mais exigentes. Nas edições caseiras, mesmo que perca todas as vidas o guerreiro pode até continuar em ação, todavia isso representará a perda de todas as suas ervas e demais itens de cura além do dinheiro, o que na prática é a mesma coisa que um game over. O nível de dificuldade é relevante, com inimigos que destroem sua barra de HP em poucos ataques e escassez de itens de cura (daí ser imprescindível pelo menos uma paladina na equipe!). Aliás, com 2 jogadores as coisas facilitam bastante. Também pode ser a única chance de usar o mago sem pagar caro por isso: enquanto um usa magia, outro o defende a todo custo (é um personagem ofensivamente impecável e péssimo na defesa e resistência).

Por ser um RPG, não existe divisão de fases, e acumulam-se pontos de experiência. O ouro serve para fazer compras nas lojas e repousar nos hotéis. Não se esqueça de equipar bastantes antídotos (malditas aranhas venenosas!) e ressuscitadores, disponíveis no boticário. Há ainda NPCs meio abestados com pistas óbvias demais na ponta da língua e cujas falas não são modificadas por reviravoltas na storyline, o que é uma pena!
Rafael de Araújo Aguiar é sociólogo e um tanto apaixonado pela forma velha de se programar jogos…
Lista de agradecimentos
Dancin’ Homer do RPGFan
Marc Golding do honestgamers
mrtzeentch do gamefaqs
mobygames.com
versão 2 – 2013; 2025.