PC +
Dreamcast, Nintendo 64 & PlayStation.




Tom Clancy’s
Rainbow Six
F I C H A T É C N I C A
Developers
Red Storm (PC), Saffire (N64), Rebellion (PS), Pipe Dream (DC)
Publishers
Red Storm Entertainment, Ubisoft (EUR, PC/PS), Frogster (EUR, PC, relanç.), Syscom (JP, PS), GungHo (JP, PS, versão digital), Majesco (EUA, DC), Swing! Deutschland (Alemanha, DC)
Estilo
Tactical First Person Shooter / FPS (PSX)
DATAS DE LANÇAMENTO:
PC
21/08/98 (EUA/EUR), 2002 (EUR, relançamento)
N64
17/11/99 (EUA), 12/99 (EUR)
PS
23/11/99 (EUA), ??/2000 (EUA, Greatest Hits), ??/2000 (EUR), 13/06/02 (JP, World Greatest Hits), ??/2002 (EUR, Ubisoft Exclusive), 05/06/08 (EUR, digital), 21/05/09 (EUA, digital), 23/04/14 (JP, digital)
DC
09/05/00 (EUA), 02/02/01 (Alemanha)
NOTAS
7.8 (PC)
6.9 (DC)
7.3 (N64)
5.8 (PS)
Versão de PC incluída na compilação:
Action Pack: 2 Complete Games (PC)
Este jogo é pra…
(X) passar longe ( ) dar uma jogadinha de leve (X) dar uma boa jogada ( ) jogar freneticamente (X) chamar a rua toda pra jogar (X) um tipo específico de jogador. Qual? Fãs da literatura de Tom Clancy capazes de jogar no PC ou se divertir no multiplayer caseiro (esqueçam a versão DC nesse quesito). (X) incógnita (A versão do PSOne é injogável de 1P, a de N64 “faz o que pode”, as de Dreamcast e de micro são as únicas recomendáveis para campanhas a sério (a ponto de considerarem a versão original, micreira, numericamente falando, coisa de DUAS VEZES MELHOR que o desastroso port para PS feito 1 ano e meio depois, e ironicamente a versão mais vendida. Além disso, o subgênero do jogo é muito restrito – os japoneses, p.ex., consideram mera curiosidade exótica.)
ARed Storm resolveu enriquecer o filão dos jogos de tiro em primeira pessoa comprando os direitos sobre uma das obras de Tom Clancy, premiadíssimo escritor americano de novelas de guerra e criador do alter ego Jack Ryan, estrela de várias adaptações posteriores ao cinema, nas peles de Harrison Ford e Ben Affleck. A equipe Rainbow – a despeito do nome um pouco “colorido demais” em se falando de chumbo grosso, pólvora, explosões, amputações e morte – é formada por agentes super-secretos que devem fazer o trabalho sujo que a diplomacia americana preferiria manter debaixo do tapete (nada baseado na realidade, que isso!…). Rainbow Six tinha como principal rival no gênero, para PC, à época de seu lançamento, o game Spec Ops, o qual supera, principalmente em termos de jogabilidade (pergunte aos fãs o que eles acham das adaptações de SO para PSX e DC!…).

PC
Os modos de Rainbow 6 incluem missões de treino (atirar de diferentes distâncias, evitar obstáculos, resgate de reféns solo ou por equipe…), a campanha principal e muitos cenários multiplayer. A campanha single player pode ser jogada em três dificuldades diferentes: conforme o nível aumenta, há mais objetivos e são toleradas menos baixas do seu lado. O enredo é um dos fortes do game (se tivessem pago um escritor para deixá-lo intocável e esse quesito fosse desvalorizado, seria mesmo o fim!) e para jogar uma nova parte da estória será necessário concluir a antiga (nada de pular etapas!). Quanto ao multiplayer, uma seleção bem tradicional: cooperative, deathmatch e team deathmatch.

N64
O elemento estratégia faz parte do caldeirão de possibilidades de TCRS: nunca o jogador precisou tanto ler todos os documentos fornecidos antes de jogar pra valer uma missão. Diria até que esse jogo é culpado pela popularização excessiva dos Tactical shooters até seu apogeu e saturação na geração PlayStation3. Pelo menos depois das 4 fases iniciais, atirar sem pensar renderá problemas: são outros 12 níveis em que se deve ser preciso e calculista (portanto, totalizam-se 16 fases na versão PC; número superado apenas no DC, que é a versão mais tardia e conta com 21 níveis; já o N64 e o PS apresentam 12 fases cada um). O gamer poderá mesmo escolher os componentes do time e o armamento para cada tarefa, baseado em suas características e especialidades. Antes de adquirir controle sobre o atirador, será fornecido um mapa da área em questão, com dados como a possível localização dos terroristas inimigos e outros objetos ou entidades necessários para se completar os objetivos. Deve-se decidir para onde e de que forma os outros membros da equipe vão se locomover. Enfim, ditam-se as regras, como um técnico faz com o time de futebol na preleção. Guardiolas dos tiros, estejam convocados!

DC
A interface do jogo em si é absolutamente familiar para os experimentados em Quake II e Unreal, mas jamais será tão fluida. A jogabilidade de PC só peca na parte do mouse, que se mostra sensível demais ao toque, mas uma ajeitadela no Windows elimina o problema. Os controles podem ser customizados, mas nos casos de PC, Dream e N64 não o recomendamos, visto que a configuração inicial já atende às expectativas (o joystick do Dreamcast é limitado, porém o trabalho dos desenvolvedores explorou seu potencial o máximo que pôde). O mesmo não se pode dizer da confusa conversão para o PlayStation. No 32 bits, os comandos são no mínimo “esquisitos”. O analógico esquerdo leva o personagem para frente, para trás e para os dois lados em passadas laterais, enquanto a alavanca da direita serve para girar o sujeito (tank controls híbridos, o exato contrário da agilidade possibilitada pela engine Unreal). Há uma tendência incrível a ficar preso no batente das portas! Em certas ocasiões, será necessário engatinhar para adentrar aberturas das mais normais (parece que os soldados da Rainbow Six são realmente altos!). As portas, aliás, são a síntese da peculiaridade: não se pode abrir uma a menos que se esteja a 1,5m de distância! E essa foi uma “excelente idéia”, já que quanto mais o jogador fica longe das paredes, mais está propenso a levar tiros fatais dos terroristas! Às vezes marketing e vendagem de hardware é tudo, e a versão PSX fez sucesso (deu lucro)…

PS
O único benefício da versão PS (e isso comparado só com a versão N64) são os full motion videos que ajudam a contar o enredo, pois os gráficos dos trechos jogáveis são bem feios. Casas, selvas e plataformas petrolíferas horríveis aguardam o jogador. Não é exagero falar em “bancarrota estética” nesse departamento! Ótimos toques na parte gráfica que até o PlayStation1 podia levar a cabo, como o efeito de embaço (blurring) – perfeito em Metal Gear Solid –, não foram implementados com sucesso, e as partes embaçadas são muito mais falhas de programação do que algum embelezamento deliberado, até porque se nota que o efeito está fora de contexto. Parece que a utilização dessa engine só satisfez no módulo de visão noturna. Provavelmente você não será capaz de jogar a primeira fase mais de duas vezes sem se cansar da textura das paredes. Acrescentamos mais: os reféns são tão feios que você terá vontade de atirar neles ao invés de resgatá-los (veja a imagem abaixo!) – mas isso o forçaria a fazer tudo de novo, e voltar atrás nas missões esgota a paciência quando o jogo não é bom… Importante notar, também, que todas as versões jogadas em uma TV (a despeito do Dreamcast emular com perfeição os polígonos do jogo para PC) apresentam uma limitação adicional, que é a maior dificuldade de entender a fonte das palavras que aparecem na tela com indicações, já que a resolução de um aparelho de TV antigo é bem mais baixa que a de um monitor.

N64
Nas missões, é interessante saber que a equipe como um todo é dividida em vários subgrupos, cada um apresentando rotinas independentes durante a jogatina. Porém, como explicitado, o jogador traçará as rotinas e comandos daqueles bandos que se afastarem de sua localização, enquanto que o próprio personagem controlável será sempre o líder de um dos subgrupos. O realismo é muito prezado, e uma ou duas balas matam. A inteligência artificial sofre de esquizofrenia aguda intermitente, no entanto. Muitas vezes parecerá que os homens da CPU nunca estiveram em situações extremas nem receberam qualquer tipo de treinamento militar adequado, podendo haver matanças dos próprios companheiros (o que serve para os dois lados, o seu ou o do inimigo). Uma vez foi registrado um inimigo que fumava cigarro tranqüilamente enquanto nas imediações havia dois corpos de companheiros mortos! O raio de explosão das granadas não é dos aspectos mais fidedignos à física das armas e parece não superar meio metro.

N64
O game foi feito para que o jogador deixe de lamentar tanto um fracasso: eles são inevitáveis, e será necessário insistir como um verdadeiro brasileiro até pegar o jeito da ação e traçar a estratégia ideal. Não estou falando aqui de meia dúzia de reprises, amigo: estar pela quadragésima vez tentando passar de um dos estágios é natural em R6! São ao todo 35 ações que o personagem é capaz de executar. Óbvio que tal número só é atendido adequadamente pelo teclado de um micro, mas nas versões para joystick há a combinação de teclas a fim de que 100% das ações possam ser realizadas em tempo sem a intervenção de menus (em teoria). É complicado aprender no começo, no meio e, provavelmente, no fim também!

PC
A sustentabilidade da versão PS não é nada factível, uma vez que o sistema de liderança foi cortado, o que era praticamente a alma de TCRS. É possível revezar-se no controle de todos os membros da equipe (cada bando é reduzido a 3 pessoas aqui), mas é uma ferramenta dispensável, pois trocar de lugar faz com que inimigos brotem do nada no cenário, e é possível resolver as coisas estando na pele de um só do início ao fim. No console da Sony, o produto é só um first-person sem inspiração com “minigames” (ilhados, sem muito contexto) de resgate de reféns e diplomatas e implante de bombas.

PS
Uma baixa não de combatente mas de mecânica de jogo bastante considerável no caso do 128-bit da Sega é a de um multiplayer mode. Grande parte da graça é, por conseguinte, retirada do GD, comparando-se à versão de CD-ROM para computadores ou mesmo à fita do Nintendão ou à mídia simplória de Play, uma vez que neles pelo menos a campanha principal pode ser explorada por 2 jogadores, na falta de servidores e conexão. Sendo o Dreamcast o primeiro videogame que contava com serviços de jogos online (numa escala, digamos, comercializável), essa falta é agravada. Os loadings também não estão satisfatórios, levando cerca de 45 segundos e, considerando que cada missão não é longa (mesmo se for levada até o final; tratam-se de eventos de curto fôlego), sendo um aspecto recorrente.

N64: os cursores na tela foram modificados – o mapa ocupa um bom pedaço e é transparente (ou quase isso)
Agradecimentos a Erik Wolpaw, Alan Dunkin e Christian Nutt.
Por Rafael de Araújo Aguiar
versão 2 – 2012; 2023.
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