Categorias
Sem categoria

der langrisser (snes) & história da franquia langrisser

Super Famicom

Der Langrisser

Langrisser 2.5 (título informal)

Langrisser 3 SNES (título informal)

F I C H A    T É C N I C A

Developer NCS

Publishers NCS, Hudson

Estilos Estratégia / Role Playing Game

DATAS DE LANÇAMENTO:

SNES – 30/06/95 (JP), 01/08/98 (Nintendo Power Edition, JP)

WII (VC) – 14/04/09 (JP)

NOTA

8.8

Este jogo é pra…

(  ) passar longe  (  ) dar uma jogadinha de leve  (  ) dar uma boa jogada  (X) jogar freneticamente  (  ) chamar a rua toda pra jogar  (X) um tipo específico de jogador. Qual? Hardcore fans de estratégia buscando traduções recentes de clássicos nipônicos que quase ficaram perdidos no túnel do tempo!  (  ) incógnita

Alguns jogos, quando transplantados de plataforma, recebem poucas alterações. Não que se trate necessariamente de desleixo da equipe responsável: certos títulos demandam mais atenção, outros menos. É lógica bruta de mercado, ou a versão anterior já era qualificada o bastante, e não precisava se adaptar a um novo contexto. Acontecia com freqüência com games da era 16 bits (o que significava basicamente um jogo do Sega Mega Drive ir para o Super Nintendo ou vice-versa, já que os 2 sistemas monopolizavam as vendas). Por tudo isso, o lançamento de Der Langrisser (ou Langrisser 2.5, nomenclatura muito melhor para os orientarmos, já que Langrisser III seria lançado depois para Saturn, e esta não é uma simples versão alternativa de Langrisser II de Mega) merece ainda mais respeito: tendo conservado as tradições do capítulo anterior da franquia, inovou o suficiente para merecer um review absolutamente novo, posto que se trata de duas experiências de jogabilidade e enredo distintas. Podemos dizer sem medo de incorrer em erro que o “segundo episódio e meio” é um legítimo aperfeiçoamento da série estratégica, principalmente em termos de qualidade narrativa e sustentabilidade estendida do produto.

DESENBARAÇANDO ALGUNS FIOS…

Para quem achar estranho que não haja um Der Langrisser para Genesis nem um Langrisser 2.0 para Super Famicom, só podemos dizer que a NCS é notória por certa confusão e desorientação na hora de escolher as plataformas que sediariam seus jogos: para entender a cronologia da série e para quais hardwares cada episódio saiu, ver seção CURIOSIDADE ao final.

GAMEPLAY

Como qualquer empreitada do gênero tático, em DL/L2.5 o maior tempo de jogo será consumido em batalhas. O sistema de jogo orbita em torno dos comandantes de tropas. Cada comandante pode contratar até 6 tropas por confronto (embora algumas classes de comandantes possam lidar com menos do que isso, 6 é a regra e também o teto universal). Os guerreiros das tropas são naturalmente mais fracos que um comandante, mas o interessante é que podem ser de qualquer classe, por mais que não tenham nenhuma semelhança com a classe do comandante (exemplo: um cavaleiro que contrata falanges). O aspecto limitativo é que o batalhão tem de ser homogêneo: todos os soldados devem pertencer a uma mesma classe, nas comparações entre si. As tropas recebem bônus ofensivo e defensivo quando estão próximas do comandante. Cada componente de tropa não passa de um peão no macro-duelo militar que se joga, de forma que não há nenhuma recompensa específica por conseguir deixar o máximo número possível de sobreviventes ao cabo de uma batalha. A função deles é estritamente “fazer o jogador vencer”, nem que atuem como chamas intensas destinadas a se apagar definitivamente, desempenhando uma heróica auto-imolação… Isso que é corporativismo!

Comandantes aprendem magic spells, dentre os quais está a cura (heal), válida para toda a tropa, desde que esteja próxima do conjurador, o que consome 3HP (30% do máximo possível – 9 pontos –, ao contrário de outros games de estratégia em que os atributos chegam a 3 ou até 4 dígitos, o que faz com que se pense duas vezes antes de usar a técnica!) e 2MP do personagem-capitão, podendo ser empregada em qualquer turno, com a restrição adicional de adiar qualquer movimentação por parte do capitão. Cada tropa ou unidade tem uma força de ataque que depende diretamente do atual medidor de HP. Sendo 10 quando em 100%, o HP vai obviamente diminuindo no decorrer do confronto e reduzindo, em proporção, o poderio ofensivo do tropel. A matemática é cruel: uma unidade com menos HP que a outra simplesmente não poderá vencê-la – e nem sonhe em duvidar dessa regra! Comandantes podem cair (ser derrotados), mas eles não podem morrer. Acontece que, na outra mão, ter seu comandante nocauteado significa morte súbita para todos os seus subordinados.

As classes disponíveis não fogem do lugar-comum dos strategy: cavalaria derrota a infantaria; guarda derrota a cavalaria; e infantaria, por sua vez, supera a guarda, arranjo que prima pela busca da maior eqüidade, à la Jo-Ken-Po. Arqueiros tem defesas de dar dó, em compensação podem atacar de longe. Há guerreiros alados e algumas tropas que recebem bonificação quando atuam na água. A influência do tipo de terreno para se ganhar as lutas é considerada elevada. O RPGista não deve se deixar levar ou impressionar pelo mar de tropas simultaneamente na tela: o resultado final, se bom ou ruim, depende fundamentalmente do somatório de vitórias em embates individuais. São muitos os PCs e NPCs comandantes, o que significa que remontam às centenas as unidades que podem ocupar o campo de batalha. E o número de inimigos é quase sempre superior. Poucas adaptações foram realizadas do sistema de jogo de Langrisser II para DL, mas uma das mais importantes é a redução do número de comandantes que o jogador pode levar a campo: de 10 para 8. Faça as contas: 8 comandantes * 6 tropas = 48 batalhões simultâneos do seu lado, contra, em média, mais de 50 do inimigo. Quem jogou Fire Emblem, Front Mission ou Shining Force não tem como estranhar a visualização das batalhas. Langrisser se destaca, entretanto, pelo maior número de homens guerreando, o que representa sprites menores na tela. Os comandantes recebem pontos de experiência por assassinatos e mudam de classe cada vez que chegam ao nível 10 (quando são promovidos, o nível volta a ser 1). Enquanto que o jogador tem diversos limites na hora de compor seus guerreiros (cada batalha só pode ser feita por peões de uma classe, ditto), a CPU tem uma liberdade de ação bem mais ampla. No início do game, antes de manobrar qualquer comandante em campo, um questionário bem complexo e orientado é submetido ao jogador (kanji). Suas respostas e preferências determinarão os spells iniciais que ele estará apto a desenvolver, além de definir a classe de Elwin, o personagem (comandante) principal da narrativa.

AUDIOVISUAL

Visualmente, não se esperaria que Langrisser 2.5 estivesse muito diferente de Langrisser 2. Houve upgrades ligeiros, além de uma reformulação no artwork, com prós e contras. Os avatares dos comandantes, nas caixas de diálogo, evocam Saint Seiya (Cavaleiros do Zodíaco). No departamento sonoro, a reciclagem do episódio antecedente foi ainda maior, e o que é mais bizarro é que a qualidade da saída de som parece piorada em relação ao famoso (pela incompetência) chip dos cartuchos de Mega! Noriyuki Iwadare era o engenheiro de som, e muitos dos seus trabalhos para outros clássicos mais renomados, como Grandia I&II, podem ser escutados na íntegra no YouTube. Os gritos de morte são o ponto alto dos efeitos sonoros (sádico?).

Seiya de Pégaso ou Shun de Andrômeda? A tradução completa teria saído em 2015, mas em 2013 já havia imagens como essa circulando a web!

GAMEPLAY II

Ao invés de ter acesso apenas a um mapa miniaturizado representando o campo de batalha previamente ao combate em si, em DL o jogador pode navegar pela área de jogo maximizada normalmente enquanto dá as tarefas para os comandantes. Apesar de contratar unidades ser fácil, bem que ajudaria mais se fosse possível ver mais do que 3 tipos por vez nos menus. Equipar armas e armadura é a parte mais complicada, porém os problemas não persistem por muito tempo, pois há uma lógica subjacente aos menus que vai sendo paulatinamente aprendida. Reserve um naco de paciência para acompanhar os vagarosos passos dos comandantes pelo mapa enquanto a batalha não tem início e você tenta configurar o layout apropriado! Durante a batalha, as coisas são ágeis, contudo é de praxe do estilo que elas não terminem assim tão cedo: 1 ou 2 horas para cada uma, com muitas decisões complexas no meio do processo.

A CAPRICHADA ESTÓRIA

O mais cativante em Der Langrisser com certeza é sua trama intrincada. O princípio é quase como um remake exato do capítulo anterior, mas de certa forma há uma compressão nos acontecimentos, para se chegar logo aonde interessa (isto é, os fatos inéditos):

Elwin e Hein têm de proteger Riana dos interesses do império Rayguard. Encontram-se com Sherry, a princesa de Kalzath, e os três acabam se unindo, já que possuem o interesse em comum de expulsar as hordas imperiais de seus reinos. Um pouco mais tarde, conhecem Jessica, a guardiã de Langrisser, uma guerreira lendária. Posteriormente, uma vez que o jogador não tenha chacinado todo e qualquer comandante imperial, a storyline seguirá seu curso, repleta de picuinhas e reviravoltas: Elwin é formalmente convidado para se juntar ao Rayguard na tentativa de unificação do continente. O jogador tem livre-arbítrio na questão. Declinar significa manter a estória no tronco prefigurado em Langrisser 2, com meras alterações de pormenores. Aceitar, não obstante, vai colocar Elwin em rota de colisão com muitos de seus antigos amigos. Só que uma vez tomada essa decisão, tal qual na vida real, Elwin pode mudar de idéia no futuro ou agir como se a aceitação inicial do convite fosse só uma etapa premeditada de um plano muito mais pessoal e independente de conquistas: trair o império e se tornar inimigo das duas facções, ajudando a formar uma terceira, alinhada com os interesses de Bozel, que pretende reviver Chaos, do primeiro jogo Langrisser. Ainda depois de todo esse maquiavelismo (lobo em pele de lobo!), o jogador terá licença para aprontar das suas em outras bifurcações do enredo. Se o controlador gosta do Leviatã de Hobbes (é desumano por dentro!), ser-lhe-á facultado, num exemplo, se voltar contra Bozel e buscar o domínio total do mundo como soberano único! Esse foi apenas um esboço dos ramos que suas atitudes podem gerar – há muitos e muitos sub-caminhos para tomar… Langrisser 2.5, por meio de tantos giros no enredo, faz com que recomeçar a saga num arquivo novo seja quase que obrigatório para quem se envolveu com os personagens e o sistema de jogo.

GAMEPLAY III

No geral, o nível de dificuldade é até inferior ao de Langrisser no Mega Drive, mas não é possível reparar na diferença logo de cara. Fato é que, tanto num como noutro, um passo em falso do jogador pode condenar um comandante em batalha. E as habilidades de um só dentre os 8 comandantes podem ser cruciais no resultado. Lembre-se, todavia, que comandantes não morrem, então os esforços sempre podem ser retomados de certo ponto.

CONCLUSÃO

O fato de Der Langrisser ter sido lançado apenas no mercado japonês, como acontece com uma pletora de títulos incríveis para o Famicom e tantos outros consoles ainda hoje, atrapalhou um pouco na popularidade da série e do cartucho. Ok, pouco é eufemismo. Com um só episódio localizado, foi o maior desperdício da existência da NCS. Em particular, L2.5 é uma das grandes chances do nintendista aprender a amar a franquia: só futuramente, no Virtual Console e no 3DS, a franquia voltaria à Nintendo. Um aviso, entretanto: não só na gameplay, que é um pouco mais elaborada que o jogo “arcade” médio, mas nas temáticas e diálogos a série Langrisser é considerada +18.

JOGUE EM INGLÊS!

O script em inglês pode ser baixado em: https://cdromance.com/snes-rom/der-langrisser/ (1º arquivo dos 3 listados). Texto encontrado no romhacking.net, outro site famoso como host de ROMs (traduzido): “Der Langrisser, o patch em inglês, demorou 6 anos para ficar pronto e é uma das traduções de maior impacto na comunidade de tradutores amadores em anos. Depois de duas tentativas falhadas, o jogo original foi desafiado, encarado, olhado no olho e finalmente cem por cento localizado por Byuu e D-Boy.” Arigatou, ou devo dizer thanks?

CURIOSIDADE (ANEXO À RESENHA, ACRESCENTADO EM 2023) (clique para abrir a próxima página)

Deixe um comentário