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legacy of kain: soul reaver (dc/pc/ps)

Dreamcast / PC / PlayStation

Legacy of Kain:

Soul Reaver

FICHA TÉCNICA

Developer: Crystal Dynamics

Publishers: Eidos (PC) / SCEA (PS) / Square Enix (DC)

Estilo: Action RPG > 3D > Horror

Datas de Lançamento:

16/08/99 (EUA-PS); 1999 (EUR-PS); 08/09/99 (EUA-PC); 2000 (EUA-PS, Greatest Hits series); 27/01/00 (EUA-DC) 29/06/00 (EUR-PS, Platinum series); 30/03/01 (EUR-PS, Ricochet Collection); 19/11/09 (EUA-PSOne Classics); 02/03/11 (EUR-PSOneClassics); 12/06/12 (EUA-PC, Steam)

NOTAS

8.5 (DC) | 7.9 (PC) | 8.6 (PS)

Este jogo é pra…

( ) passar longe (X) dar uma jogadinha de leve (X) dar uma boa jogada ( ) jogar freneticamente ( ) chamar a rua toda pra jogar (X) um tipo específico de jogador. Qual? Vampiros másculos que nunca ouviram falar de Crepúsculo; os fartos de maniqueísmo; fãs de Blood Omen que gostariam de ver a série funcionando numa engine 3D; quem não se importa com endings frustrantes… (X) incógnita

Se tem duas coisas que não acabam na vida de um vampiro (ou ex-vampiro) são a angústia e o desespero. Antes um nobre tenente da família vampiresca mais poderosa de Nosgoth, Raziel recebeu um regalo divino que representou, ironicamente, sua queda: invejoso e receoso do poder das asas recém-crescidas em seu primogênito, o pai-de-todos Kain atirou a cria num vórtex de água em que criaturas sobrenaturais são forçadas a boiar em sofrimento eterno. Ou assim Kain imaginava… 1000 anos após o castigo – e num piscar de olhos para os gamers de PSX, Dreamcast e PC –, um ser crustaceoforme e de existência imemorial conhecido como The Elder, que manipula a Roleta do Destino e detesta vampiros, resgata Raziel e o concede “vida nova”. Não mais um vampiro (pelo menos não um vampiro do tipo sanguinário-clássico como seus 5 irmãos e seu pai), Raziel está livre para buscar vingança. Não que não ser mais idêntico a seus parentes mais próximos faça de Raziel necessariamente alguém simpático em relação à caterva humana, que na sociedade de Nosgoth é só uma massa de escravos na base da pirâmide (isso dependerá mais do seu gênio como controlador e, acredite, você pode ser tão benigno a ponto das ovelhinhas humanas se ajoelharam a seus pés a sua passagem!).

Como o primeiro capítulo da série Legacy of Kain: Blood Omen –, Soul Reaver é narrado pelo próprio protagonista, o que acelera a identificação do gamer com o edipiano Raziel, condenado a repetir a sina do pai de morte-ressurreição-vendeta. Não deixaRIA de ser marcante poder enfrentar, como último chefe, o personagem que você (supostamente, para quem jogar cronologicamente a série) ajudou a colocar no trono do mundo primeiro! Leia o último parágrafo para entender o CAPS LOCK.

PC

Antes de ingressar na análise da gameplay, deixe-me dizer que Blood Omen, o debute da franquia, é um dos meus títulos favoritos de PS1, então os julgamentos podem sair meio enviesados. Para começo de conversa, BO ensinou tudo o que os desenvolvedores de jogos precisariam cultivar, doravante, em termos de atmosfera sombria, voice acting primoroso e uma trama elaborada que se mistura tanto com a ação que fica impossível separar uma da outra e não viciar no esquema de debulhação de dungeons. Esses standards de masterpiece fizeram os fãs esperar muito de Soul Reaver, muito embora sequer fossem as mesmas pessoas os encarregados do projeto. A transição do 2D ao 3D é sempre algo complicado. Apesar das qualidades de Legacy of Kain: Soul Reaver, subsiste uma forte impressão de preguiça conceitual, o palpite de que o que poderia ter se tornado um clássico (na opinião de muitos, o é, de qualquer forma, e as vendas e avaliações da crítica o atestam) foi lançado cedo demais (em que pesem os intermináveis adiamentos) e tem cara de beta version.

PC

A jogabilidade é um misto de Tomb Raider com The Legend of Zelda: Ocarina of Time em que se migra de labirinto em labirinto acumulando novos itens e habilidades até poder acessar locais previamente impossíveis. Por alguma razão a rotação de câmera está invertida. L2 vira para a direita e R2 para a esquerda. Em Mega Man Legends, Mega Man heterodoxo com jogabilidade de tank, o mesmo acontece, mas você pode mudar para a rotação clássica via menus, ao contrário daqui. Ficou faltando ainda uma função para rodar a câmera vertical, e não apenas horizontalmente, mas de qualquer maneira a visão em primeira pessoa evitará que algo importante passe batido. Os controles são mais sensitivos do que eu gostaria. Um leve toque para frente faz Raziel dar duas ou três passadas. A mecânica de pulo poderia ter sido recriada desdo zero. Raziel ama se deslocar bastante para frente nos saltos, como a Maurren Maggi faria, não importa a situação! A dor de cabeça ao lidar com plataformas estreitas é imensurável! O único jogo que eu lembro de ter me transtornado mais na seção Plataforma foi Wizards and Warriors de NES, um side-scrolling dos tempos em que dificuldade era um atributo obrigatório para uma fita durável! Digamos que não é fácil perder a vida em Soul Reaver (de certo modo você já está morto!), mas o efeito colateral de erros em trechos que exigem diversos pulos seguidos é ter de repeti-los desde o princípio. Ah, produção: ENFIE O TEMPLO D’ÁGUA NO CU!!!

Já viu caras mais tarados por blocos do que esses da Crystal? Não sei por que (talvez tenham jogado Tetris demais na infância), mas puzzles envolvendo empurrar e puxar grandes blocos estão em todo lugar em LoK:SR!

Um aspecto fundamental para o bom guerreiro é dominar as transições de Raziel entre o Plano Material e o Plano Espectral ou Espiritual. Muitas vezes a resposta para becos sem-saída em que já se tentou de tudo na dimensão física da realidade se encontra no “reverso da moeda”. A maioria dos power-ups só afeta seu HP no Plano Material, mas mesmo que esgote todo o seu life (repare no ícone à direita nas fotos, que NÃO é o ícone do Dreamcast!) nessa instância, Raziel continuará íntegro, pelo menos conforme sua verdadeira natureza, isto é, um sugador de energia de almas: ele é transportado automaticamente ao Plano Espiritual onde deve recuperar a saúde antes de voltar. Significa que itens de recovery são basicamente supérfluos nesse jogo. Os spells, parte tão interessante de Blood Omen, não acrescentam nada. Soul Reaver foi planejado para ser muito mais longo do que acabou sendo (ele tem só metade do tamanho do antecessor), então a função dos spells acabou ficando inócua. Não os retiraram do jogo para não prejudicar seu conteúdo de forma ainda mais incisiva. Não há o menor problema em zerar Soul Reaver sem conseguir nenhum spell, a não ser o primeiro deles aprendido logo no começo do jogo, para migrar à realidade espiritual. O que se obtém a partir daí é como as Ice Arrows de Zelda, que são exclusivamente um item para os compulsivos provarem que freqüentaram, sim, cada metro cúbico dos cenários poligonais e completaram o inventário de itens…

Ainda no PC: ganho notável em resolução, talvez a única vantagem autêntica desta versão!

Ataca-se com sua Soul Reaver (é o nome da arma principal do jogo) usando quadrado (PS1) – esse é o sistema de combate. Um belo implemento, porém, é a habilidade de Raziel de interagir com objetos do cenário ou de tacar os inimigos em spikes e coisas assim. O problema é que tudo acontece devagar demais a ponto de você pensar que tem uma força gravitacional extra em Nosgoth em relação à Terra! As batalhas mais elaboradas são contra vampiros, que requerem uma estacada no coração ou que eles sejam jogados no fogo ou na água antes de abrirem mão de sua imortalidade.

A última imagem de computador para LoK:SR

Não me entenda mal, explorar Nosgoth em todas as suas porções devastadas (o mundo é basicamente pós-apocalíptico, excessivamente marrom, cinza, musgoso e verde) é divertido. Mesmo sendo mais curto que Blood Omen, não posso negar que há muito mais detalhes concentrados, já que com uma dimensão a mais a interatividade é maior. O problema reside no equilíbrio das dungeons. Todas são curtíssimas, com exceção de uma no meio do jogo, que demora umas três horas e meia para ser completada! Bem estranho…

O game é gentil considerando que você pode salvar quando quiser, mas sempre vai recomeçar do mesmo ponto (Zelda: Ocarina de novo?). Para chegar a seu destino você usa um device de teleporte bem parecido com o de outro game de vampiro do PlayStation, Castlevania: Symphony of The Night e suas famigeradas saletas com um caixão giratório… Ir a pé seria suicídio, já que Raziel não é tão ágil quanto seu pai Kain, que pode se metamorfosear em morcego a fim de cruzar grandes distâncias com praticidade, e muito menos que o Alucard, badass konamiano. Não há mapas em LoK:SR e as únicas orientações que se recebe vêm da boca do Elder, seu “padrinho”. Vocês levam um papo sempre depois de uma dungeon (realmente não consigo parar de pensar em Zelda:OoT, em que Link recebe conselhos dos sages após matar os bosses!!), e o velho dará dicas em linguagem críptica, que exigem capacidade de decifração. Os menus são bem organizadinhos num estilo circular à la Secret of Mana, se bem que você os usará tanto quanto o menu de um restaurante em que sempre se senta e pede a mesma coisa…

DC

O voice work, apesar da transição de equipe desenvolvedora, foi tratado com o mesmo carinho e supremacia. As escolhas foram absolutamente felizes, a começar pela conservação dos principais nomes, como Simon Templeman como o soberano Kain. Tony Jay fez a voz do demônio que comprava a alma de Kain no inferno em Blood Omen e volta dublando The Elder. Você vai notar a grande arrogância dos vampiros só pelos seus tons de mofa ao dialogar!

Loadtimes são mínimos dessa vez, mesmo no PS1

Legacy of Kain: Soul Reaver tinha o potencial para ser épico e o merecedor sucessor do pouco reconhecido Blood Omen: Legacy of Kain. Olhando por aí você vai pensar que é o contrário: “Blood Omen bem que poderia estar no mesmo nível de qualidade de Soul Reaver, justamente idolatrado”, é o que muitos gamers dizem. Ok, lembre-se que essa é só a minha visão: Legacy of Kain 2 só entrega metade do que prometera. Não existe uma zeração propriamente dita, e as insultantes palavras “TO BE CONTINUED…” são seu prêmio ao final da cansativa jornada… Kain não é enfrentado (em definitivo) por você, porque a saga termina antes do mundo ser salvo e da vingança ser consumada… O que dizer dessa pisada na jaca fenomenal da Crystal e da Eidos? Dica final: se tiver um PlayStation ou Dreamcast em casa, tanto melhor, pois os controles da versão PC são horríveis e suas FMVs são as piores das três edições (o jeito é encomendar pela Steam e usar um joystick)!

Por Rafael de Araújo Aguiar

Dedicado aos legacyofkainmaníacos e candangos Lucas Ribeiro e Victor Augusto!

Lista de agradecimentos

GameFAQs:

Mister Sinister

nastynate3118

AAtreides

TheMadcapLaughs

Guard Master

Melchiah

Shotgunnova

50inchLCD

Game Revolution:

Colin

versão 5.0 – criado em 2013, atualizado em 2014; recuperado para o rafazardly em 2022 e atualizado novamente em 2023 (duas vezes).

© 2013-2014-2022-2023 RAFAZARDLY

3 replies on “legacy of kain: soul reaver (dc/pc/ps)

[…] Mas, falando do jogo que finalmente ganhou as lojas, Blood Omen: Legacy of Kain, os próprios developers compararam o crescimento do projeto – desde a beta para Panasonic 3DO até o final do ciclo nos 32 bits – como “uma casinha que, reformada, virou uma mansão luxuriosa”. Sorte a nossa, se estiverem falando a verdade. É mesmo difícil imaginar que o jogo pudesse ser ainda melhor. Tal como ficou, é uma das gemas obscuras do PSX: bem-lapidada e no entanto pouco conhecida, pelo menos muito menos que sua continuação. […]

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