Nintendo 64 & PlayStation


Gex: Enter The Gecko
(PS, EUA)
Gex 64: Enter The Gecko (Nintendo 64)
Gex 3D: Enter The Gecko (PlayStation, Europa)
Spin Tail (PlayStation, Japão)
FICHA TÉCNICA
Developers:
Realtime Associates (N64), Crystal Dynamics (PS)
Publishers:
N64 – Midway (EUA), GT Interactive (EUR)
PS – Crystal (EUR), Midway (EUA), Bandai (JP), Square-Enix (EUR, versão PSOne Classics), Sony (EUA, versão PSOne Classics)
Estilo:
Ação > Plataforma 3D
Datas de Lançamento:
N64 – 31/08/98 (EUA), 26/02/99 (EUR)
PS – 01/1998 (EUR), 24/02/98 (EUA), 10/09/98 (JP)
NOTAS
6 (N64)
7.7 (PS)
Este jogo é pra…
(X) passar longe (X) dar uma jogadinha de leve ( ) dar uma boa jogada ( ) jogar freneticamente ( ) chamar a rua toda pra jogar (X) um tipo específico de jogador. Qual? Quem curte uma paródia televisiva e coletar várias cópias do mesmo item espalhadas por um primitivo cenário 3D. Preferivelmente adquirir no PlayStation. (X) incógnita
Gex: Enter the Gecko é um daqueles jogos da “bandwagon” (mainstream) que você sabe de antemão que são lotados de falhas, mas que acaba procurando um jeito de conferir com os próprios olhos, ouvidos e punhos só por causa do estardalhaço que ele gerou na mídia e da fama de “totalmente excêntrico” que ele tem. A verdade é que se excentricidade for o seu negócio e você tiver a discografia completa do Michael Jackson em vinil, além de se sentir atraído pelo jeitinho dos antagonistas dos filmes do 007, esse game foi fabricado sob medida para você. E se não fosse pela personalidade carismática da lagartixa polivalente que o jogador comanda e seu armário caprichado, cheio de roupas transadas e adequadas, dificilmente G(64):EG teria salvação!

A trama gira em torno da estranha lagartixa mutante Gex, que me lembra Jim, a minhoca super-desenvolvida, em outra série questionável em sua vertente 3D. Depois de sua primeira aventura (Enter The Gecko é Gex II), Gex passou 2 anos ininterruptos curtindo a aposentadoria, apenas assistindo TV (seu metabolismo queima que é uma beleza, pois não há traços de obesidade!). E é pela TV que chega a ameaça que o incita a voltar à ativa, na pessoa do demoníaco Rez. Para SORTE do jogador nenhum desses detalhes é contado em minuciosas, demoradas e aborrecidas cutscenes, mas tão-somente em 3 páginas do manual de instruções, que seria uma total perda de tempo ler, ainda mais depois desse resumo.
A gameplay é tão previsível quanto poderia ser: sair por aí com o protagonista saltando buracos e objetos em busca de uma série de itens. Os principais deles são controles remotos de televisão, de diferentes cores e funções. Mas há também tokens mais específicos, seja compulsórios ou opcionais. Todos os níveis são paródias de alguma produção da cultura pop e você navegará nos canais de televisão dominados por Rez (o que me lembra a plot de um certo jogo do Garfield para Super Nintendo!). Alguns desses tokens eternamente reprisados e disseminados pelo cenário dizem respeito ao tema atual. Se for na fase Looney Tunes, por exemplo, haverá 30 cenouras que, se coletadas, premiam Gex com 1 vida. Depois disso, ele precisa coletar 40 unidades de um outro tipo de item; a posteriori, 50 de um terceiro tipo, etc. Ao coletar todos esses tokens, um dos 3 controles remotos da fase aparece. Uma chateação é que a cada controle remoto pego, Gex sai do level, forçando o jogador a recomeçar do ponto inicial, como nas estrelas de Mario 64, só que aqui isso é mais grave. Teria sido melhor uma interface mais similar a Donkey Kong 64 ou Banjo-Kazooie, sem tantas quebras no ritmo da gameplay.

As fraquezas da proposta de Gex 64 são logo, logo discerníveis. Não sei por que os caras se preocuparam em criar diferentes designs para os inimigos (que já são poucos, cerca de 7 modelos por fase), uma vez que TODOS agem da mesma forma e seria mais prático (para não dizer honesto) que o jogo tivesse um só inimigo e seus clones – inclusive os chefes não fogem do padrão de repetição, pois se comportam como inimigos comuns, só que maiores e mais resistentes. O próprio simpático Gex tem apenas duas formas de ataque em seu “vasto” arsenal: uma chicotada com a cauda e uma voadora. O último é um saco de usar, então quase 100% do tempo você estará contente de usar o tail whip nos outros. Não que fosse necessário qualquer comando extra para assassinar seus oponentes, pois com o “chicote corporal” já é fácil demais; o problema mesmo é a versatilidade zero e os bocejos no sofá. Em suma, é como se você estivesse num Castlevania de NES!
Gex ainda pode escalar determinadas paredes – mas raramente estas são habitadas por inimigos, sendo apenas a sede de alguns puzzles bem óbvios. Power-ups e vidas extras aparecem sob a forma de insetos dentro de tubos de TV (?); há “magias” de fogo e gelo para Gex lançar excepcionalmente um ou outro ataque mais apelão – entretanto, nada indica que quem não encontrar um desses itens sinta qualquer falta deles, pois não fará a menor diferença no seu desempenho, talvez exceto pelo número de vidas, assim que o gamer se sentir confrontado por um dos maiores problemas do game – a câmera –, que deixaremos para outro parágrafo…

Me ofende saber que os gráficos, de 1998, são piores que os de Mario 64, de 1996, mas é a pura verdade. Gex é decentemente animado, mas os outros personagens são pobres. A música pega carona no mote das paródias, consistindo em quase que remixes de melodias muito conhecidas por quem assiste muitos filmes, seriados, desenhos, lê gibis e essa coisa toda. É claro que não é nada tão próximo que pudesse gerar um processo contra a Midway por ferir direitos autorais… Quanto aos efeitos sonoros, essa parte do game foi afetada por uma hecatombe. A inclusão de falas para Gex, embora soe como um implemento agradável e bem-vindo, terminou por ser uma das medidas mais desastrosas em qualquer cartucho de N64. Dana Gould, ator do ramo da comédia, foi contratado para dublar a lagartixa falante. Aliás, falante é apelido: o dito-cujo NÃO PÁRA DE FALAR, e é isso que mata o quesito auditivo. Gex 64 tem umas 3 falas de seu protagonista a cada estágio, e por alguma sórdida razão ele repete uma delas a cada 10 segundos de ação! Você vai ouvir “Don’t take career advice from Joe Piscopope!” mais vezes do que poderia agüentar já antes de enfrentar o primeiro boss. Mas aqui vão outras sentenças das mais pronunciadas nesta saga televisiva: “Welcome to the only thing scarier than the IRS Headquarters”; “Would Cheech & Chong please report to the front desk?”; “Slip of the tongue!”; “It beats the Matterhorn. What are you gonna do?”; “Terminator – phone call for a Mr. Terminator”; “Lickin’ my way to the top”… Mas que PORRAS são essas? Não peguei nenhuma referência, talvez, salvo a do exterminador!

Eu já não esperava uma engine com controles tão precisos, sendo um jogo publicado pela Midway. E ninguém foi capaz de me surpreender com este cartucho! Comandos desajeitados, como sempre, tornam as tarefas mais comezinhas como andar em linha reta num tormento. Sem falar na câmera em síndrome giratória, incapaz de se manter fixa enquanto o herói se mexe. Pulos mortais em seqüência são dos desafios mais cruéis da fita, já que os ângulos precisam ser recalculados a cada novo salto, com os giros da câmera, se é que a visão não vai mudar DURANTE o pulo e condená-lo à morte ou à sorte de acertar o chão APESAR de estar pulando às cegas. Se bem que o que atenua a aflição é que Gex tem o dom de esticar sua língua e grudar na beira das plataformas, aumentando a tolerância quanto a erros humanos.

Mas candidato a característica ainda pior em G64:EG é o password save system. Quem em sua sanidade perfeita usaria códigos num jogo de Nintendo 64? Não bastasse esse atavismo, as senhas são terrivelmente longas! Ao avaliar o jogo como “nem tão difícil assim” nas linhas acima, eu não contei com a dificuldade que nós de memória precária temos pra lembrar passwords – ou então onde as anotamos!

Se quiser tentar, vá em frente, mas saiba que os mundos de Gex já não são considerados “mundos” no atual estágio de desenvolvimento dos games poligonais: são meros microestágios, em comparação com Adventures mais modernos. E outra coisa: use seu CONTROLE REMOTO para deixar a TV no MUTE enquanto explora o “QG” de tantos heróis e anti-heróis bizarros da “rica” cultura norte-americana de baboseiras do século XX!

Mensagens subliminares de ódio para a garotada!
Rafael de Araújo Aguiar é sociólogo e um tanto apaixonado pela forma velha de se programar jogos
Lista de agradecimentos
matt91486, DouglasWalker, Tarrun, Tropicon do gamefaqs.com
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One reply on “gex: enter the gecko (n64 & ps)”
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