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divi-dead (pc)

REVIEW N° 1004 DO NEWGEN

ESTE PRODUTO NÃO É RECOMENDADO PARA MENORES DE 18 ANOS!

PC

Divi-Dead

FICHA TÉCNICA

Developers: C’s Ware

Publishers: C’s Ware / Himeya

Estilo: Adventure > Survival Horror / Gore / Hentai

Datas de Lançamento: 23/01/98 (JP-CD); 1998 (EUA); 22/10/99 (JP-DVD); 26/05/00 (JP-Millennium Box 2000 Vol. 2)

NOTA

8.13

Este jogo é pra…

(X) passar longe  (X) dar uma jogadinha de leve  (X) dar uma boa jogada  (X) jogar freneticamente  (  ) chamar a rua toda pra jogar  (X) um tipo específico de jogador. Qual? Os de estômago forte (leia o último parágrafo).  (X) incógnita

Vida útil estimada: 40h30

Divi-Dead é um horror graphic adventure da C’s Ware de 1998. É em anime (mais para mangá, devido à costumeira falta de movimentação das imagens) e contém elementos de Hentai (nudez, intercurso sexual). Longe de ser uma fonte nutritiva para os acéfalos libidinosos, não obstante, DD enfatiza o sentimento de desorientação humana e a sordidez do mundo real (bem, seu mundo real, fabuloso de nossa ótica) e exige uma jogabilidade inteligente, ou as tão desejadas cenas eróticas nem serão acessadas (elas estão dentro do contexto da trama e começam a ficar mais freqüentes somente mais perto do fim). Mais adiante também veremos como a apresentação visual pode ser chocante, e não tem nada a ver com “partes íntimas” de alguém, a não ser que se considere tripas e tecido muscular como tais…

Você será Ranmaru Hibikiya, rapaz de 18 anos, recém-saído dum hospital devido a uma estranha doença que comprometeu quase toda sua vida. Ataques apopléticos, náusea, vômito e desmaios súbitos eram apenas alguns dos sintomas. Seja como for, Ranmaru vem de uma sensível melhora, e embora não se possa considerar curado (talvez jamais o possa) começa a levar uma rotina mais normal. É nesse ponto que seu tio rico resolve convidá-lo para estudar na escola da qual é dono, Asao Private School, uma instituição de outra feita muito cara para alguém como Ranmaru. O preço de ser um bolsista integral nessa escola de luxo nas montanhas, praticamente uma fazenda isolada da cidade, é que seu tio quer que você trabalhe na surdina para ele: após estranhas ocorrências registradas envolvendo alunos do local – estupros, suicídios, lobotomia –, Ranmaru deve investigar seus colegas, mantendo segredo sobre suas acareações e real identidade. Após os primeiros passos na exploração do insólito ambiente, você descobre que algumas das ocorrências têm a ver com um certo “incenso” que está sendo repassado de um em um pelo campus. Mas será só isso mesmo?

Essa última tela mensura seu progresso

À primeira vista Divi-Dead se limita a ser o suspense e terror típicos que abundam nos videogames, tirante que sua gameplay não é baseada na Ação. Com o tempo e o desabrochar do enredo, percebe-se a profundidade desse pântano japonês! Aquela velha situação de ver seus amigos se tornarem os inimigos e vice-versa, é claro que ocorre, mas que tal se aperceber, depois de muito bater cabeça, como o verdadeiro vilão da história?! Sem entrar em maiores detalhes, eu diria que a maior reviravolta dos survival horrors continua sendo a de Silent Hill 2 (a cena da Sala 312), mas às vésperas do grand finale de DD temos o segundo lugar!

O 2D de Divi-Dead é ultra-realista, e atinge os efeitos pretendidos. Embaixo, na caixa de texto, todas as informações vitais são transmitidas. Muitas vezes o texto representa a intercessão de um narrador ou então as falas dos personagens, mas em alguns casos podem expressar até mesmo os pensamentos de Ranmaru. Para executar ações, quando for possível, há dois botões nas quinas inferiores, em forma de gárgulas, acionáveis com o mouse. Mais simples, impossível. Como Kana Little Sister, outro excelente “hentai game” de PC (embora da verve emotiva ou existencial), a trilha, mesmo em MIDI, é um destaque positivo.

Essa seria a enfermeira Aki se o jogo fosse inteiro em polígonos – muito pior, né?! Compare com a 3ª e a 5ª fotos da matéria!

Por mais que seja um Adventure complicado, cheio de sinucas de bico, o interesse no desfecho da estória será o estímulo para conservá-lo com a cara pregada ao monitor, e o traseiro na ponta da cadeira. A sólida caracterização dos NPCs auxilia e muito nesse resultado: tem o outro calouro da escola que entrou junto com você, Yuta; Azusa, a amiga de infância, que ficou doente depois que os estranhos fenômenos tomaram conta do colégio; o presidente do grêmio Kimihito; a ninfomaníaca Haruka, etc.

Sobre o que muitos estavam esperando, o hentai aspect. Aqueles que querem tirar da experiência apenas um “proveito fisiológico” desavisado devem estar cientes do caráter mórbido e traumático da maioria das relações sexuais apresentadas! Só um intercurso no jogo inteiro é “natural”, o que se chamaria de “por amor” ou consensual. Os outros são estupros e derivados cuja função é perturbar o psicológico do jogador e imergi-lo ainda mais no thriller. É inegável que não foi um mero implemento sádico e gratuito: a psique de muitos personagens deve sua profundidade a essas cenas. Haruka é o retrato fiel disso, não se esqueça.

Eu não sei você, mas olhando esses sprites penso que Resident Evil é brincadeirinha de criança…

O defeito de DD é ter um background tão complexo: embora seja um atributo excelente tendo em vista a gameplay, por outro lado o mais comum dos expectadores vai ficar tão confuso diante de tantas teorias que terá de re-jogar a aventura quantas vezes for preciso até esclarecer todas as dúvidas, e para isso nem todos têm a pachorra. Ainda que não fosse necessário (se você pega os sentidos subjacentes muito rápido), são 4 finais para se alcançar…

A clássica cena com tentáculos!

Devo reiterar uma última vez as considerações sobre a força das imagens em Divi-Dead. Esta obra não é para pessoas sensíveis demais. Um cão cortado ao meio cujas vísceras se espalham pelo chão do cômodo, escorregando pelo torso do animal (e se você ainda não percebeu, Divi-Dead é um trocadilho, “dividido e morto”, pois em inglês a pronúncia de “divided” seria idêntica], e o rosto do homem mutilado que deixa ver os músculos e globo ocular de uma das metades são cenas capazes de abalar consciências mais voláteis!

O conteúdo sexual é bem explícito — você vê absolutamente TUDO que tem para ser visto, como acima. A tradução inglesa de alguns diálogos obscenos por si só me fez rir. “Já gozou, querido?” é um dos exemplos mais inocentes. Prepare-se, no entanto, para muitas piadas pornográficas intencionais que retiram um pouco do peso do clima sombrio na escola “mal-assombrada” do seu tio.

Rafael de Araújo Aguiar é sociólogo não-praticante e um tanto apaixonado pela forma velha de se programar jogos

Lista de agradecimentos

gamefaqs:

Lee1

Mike Thomas

MAT

mobygames:

אולג 小奥

Zovni

Indra was here

Roxy

Gutter Snipe

animetric.com:

Rowena Lim Lei

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