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burning rangers (sat)

Por Rafael de Araújo Aguiar

Saturn

Burning Rangers

F I C H A    T É C N I C A

Developer Sonic Team

Publisher Sega, Tec Toy

Estilo Ação > Plataforma 3D / Puzzle

Datas de Lançamento 26/02/98 (JP), 31/05/98 (EUA/EUR/BR)

NOTA

8.2

Este jogo é pra…

(  ) passar longe  (  ) dar uma jogadinha de leve  (X) dar uma boa jogada  (  ) jogar freneticamente  (  ) chamar a rua toda pra jogar  (X) um tipo específico de jogador. Qual? Certamente NÃO para quem tem pânico de situações de emergência e fuga de edifícios!  (  ) incógnita

Alista de títulos americanos para Saturn atinge sua conclusão com o lançamento de Burning Rangers. Ou pelo menos a lista dos jogos mais proeminentes, que podem ser considerados os clássicos da máquina. Embora não seja tão excitante quanto achamos que uma experiência de brincar de bombeiro no reino virtual poderia ser (até por ser mais arcade que simulador), trata-se de uma obra de qualidade e mata a sede do saturniano por mais um Adventure com apelo, além de encher os olhos dos animemaníacos, com animações em sprites no ponto (do que o Saturn realmente agüenta processar). Não deixa de ser louvável um enredo em que bombeiros têm uma nave ao invés dum caminhão e que não tem pudor de se desenvolver mesmo durante as fases jogáveis, em que vivem rolando diálogos apimentados, dublados, inclusive.

Os Burning Rangers são soldados de uma equipe excepcionalmente bem-treinada para combater o fogo e resgatar vítimas de incêndios de uma realidade hiper-tecnológica. O jogador pode escolher entre dois dos soldados para ser o protagonista das ações. Resgatar as vítimas das tragédias (o barato é que toda vez que voltar a jogar, as salas livres e trancadas e a posição dos indivíduos serão ligeiramente embaralhadas) enquanto lida com o ambiente hostil será a práxis. Os itens mais importantes são cristais, sem os quais as pessoas não podem ser retiradas dos paredões de chamas e transportadas a um local seguro. Eles funcionam como as argolas de Sonic. Parece que o Sonic Team se torna um pouco prisioneiro de suas próprias idéias às vezes…: enquanto tiver pelo menos um cristal, o contato com o fogo não o matará, mas o mesmo não pode ser dito da situação oposta.

Há apenas 4 fases, o que ensejou o maior número de reclamações dos fãs, só que são algumas das mais amplas já construídas para um videogame desta geração, o que termina por compensar na equação. A primeira consiste num prédio abarrotado de perigosos tanques inflamáveis que o jogador deve tentar libertar do fogo antes que explodam. A segunda é numa base subaquática no fundo do oceano. Há seções em que o único meio de locomoção é o nado, esquema, só para variar, azedo, em se tratando de um Plataforma, se bem que o jogador pode reduzir o suplício perdendo algo de seu precioso tempo a fim de salvar um golfinho em problemas, uma vez que não há nada como ser carona de quem sabe nadar como ninguém! Os dois últimos níveis se localizam numa estação espacial. Algumas zonas funcionam sob gravidade zero, então a manipulação do ranger terá de ser extra-cuidadosa enquanto ele flutua em meio a labaredas (As labaredas se comportam como deveriam? Não tenho graduação em física). Cada um dos cenários possui diversos robôs antípodas que respondem pelas contendas do controlador, afinal é sempre bom adicionar inimigos vivos. Ao fim do percurso, chefes que variam de flores cuspidoras de fogo a um peixe mecânico gigante…

Embora o Sega Saturno seja incapaz de executar o efeito de transparência, dominado pelos concorrentes PlayStation1 e Nintendo 64, os desenvolvedores se esforçaram para maquiar o déficit através de técnicas similares, alcançando quase os mesmos resultados. Ninguém melhor do que a designer do hardware para entender suas limitações…

Os gráficos tridimensionais de BR estão dentre os melhores do hardware. A engine utilizada é baseada na de NiGHTS Into Dreams… – excelente notícia para quem supervaloriza o visual na avaliação de um produto. Contudo, como a jogatina se dá predominantemente em áreas fechadas e estreitas, a sensação é bem diferente da de jogar aquele (em NiGHTS, você voava, só para começo de conversa; em BR, vestem-se roupas pesadíssimas, e o mais próximo que existe do vôo é a propulsão do jet pack). Eis que há uma virada no sentimento de restrição de liberdade pelo fato da jogabilidade ser realmente em 3D, e não 2D camuflada por polígonos. A maior parte do tempo só as costas do ranger escolhido serão visíveis e a câmera mostrar-se-á indesejavelmente tremida e instável, embora em alguns trechos o ângulo se torne fixo para adicionar efeitos dramáticos.

O procedimento mais constante será esguichar água com sua arma futurista (arma de água será sempre arma de água, mangueira ou não…), abrindo caminho para a coleta dos cristais. Burning Rangers é tão breve que quando você pensa que a mecânica de jogo enjoará, há modificações que deixam a aventura mais empolgante e então… ela ACABA, sem prévio aviso! De qualquer forma, ainda que represente uma diversão em doses homeopáticas, este projeto do Sonic Team é um encerramento digno para a efêmera vida útil do aparelho 32 bits da Sega entre nós… Assim como em NiGHTS, um entretenimento suplementar será conquistar as melhores notas que lhe são atribuídas nas passagens de fase, que são o equivalente ao conceito “A”. O que é sem precedentes é que para cada “refém do fogo” que você resgata na fase, um e-mail aparece na sua “caixa de entrada” e você pode lê-lo assim que completar a missão. (Mais: não são poucos os modelos de mensagens redigidas, e elas são aleatórias a cada nova detonação do jogo! E o toque caprichoso de verniz que arremata toda essa história dos e-mails é que o nome de alguns resgatados é o mesmo dos produtores do jogo, vide Yuji Naka!) Criativo até debaixo d’água e em meio a uma fogueira de proporções de Golias!

Agradecimentos a Ryan Mac Donald, johnathanblade, JPeeples, KK, DGreenwood, SegaSaturn2kX e mobygames.com.

versão 2 – 2013; 2024.

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