Categorias
Sem categoria

supermodels go wild (3do)

CONTEÚDO CONTRA-INDICADO PARA MENORES DE 18 ANOS

Por Rafael de Araújo Aguiar

3DO

SuperModels Go Wild

(selo EPIC MERDA de ruindade)

F I C H A    T É C N I C A

Developer Vivid Interactive

Publisher Vivid Interactive

Estilo Vídeo Interativo > Adulto (?)

Data de Lançamento 1994

NOTA

1

Este jogo é pra…

(XXX) passar longe (pegou a referência?)  (  ) dar uma masturbada de leve  (  ) dar uma boa jogada  (  ) jogar freneticamente  (  ) chamar a rua toda pra jogar  (X) um tipo específico de jogador. Qual? Pervertidos da década de 90 (ou seja: ninguém mais).  (  ) incógnita

Deveria se chamar, em primeiro lugar, “SuperModelos Ficam Sem-Sal (Mild), em vez de “SuperModelos Ficam Selvagens (Wild). Muito vídeo e pouco (zero!) “game”, assim eu poderia continuar a definição. Mas no frigir dos ovos e no rotacionar do disco, é POUCO vídeo, também! Tampouco, em terceiro lugar, temos certeza de que os desenvolvedores quiseram destinar o produto ao público adulto. Se não é hardcore, dificilmente seria pornografia, ainda que soft. Minha hipótese é a de que o título era para garotinhos de 12 anos mesmo, e a ESRB rotulou errado. Ou era para ser o protótipo, a versão beta, de algum futuro Adventure da Barbie (sem ofensas à marca e à boneca, que depois do longa-metragem ganhou meu respeito), que acabou cancelado e lançado no mercado por engano.

Gata, você tá muito quadrada (pixelizada)!

Ou quem sabe são nossas definições de pornografia que mudaram depois do advento da internet em massa. Perceba que em 1994 essa era uma realidade distante da maioria dos lares. Naquele tempo, pôsteres e imagens abrindo a 2kbps deviam dar um tesão desgraçado! São cinco vídeos parecidos uns com os outros que se pode escolher num menu: garotas em trajes de banho velejando ao sabor do mar… Nada de performances fantásticas. Nada que dure mais de 5 minutos. O vento faz a melhor parte, esvoaçando os cabelos das ninfetas. Mas se é só isso deixe eu me revirar no colchão, porque deitar na mesma posição um longo tempo, de olhos fechados, cansa bastante!

Por que “5 capítulos”? Na verdade só 2 vídeos oferecem “a vista” de uma beldade durante todo o tempo de reprodução. Os outros alternam tão rápido de garota que mal dá para perceber se têm sinais na pele. Qualquer um que tiver “jogado” (meus pêsames para quem tem um 3DO, um gênero defasado de videocassete!!!) outras obras da Vivid vai instantaneamente reconhecer esse padrão de “imagem estática por 3 segundos” como o adotado pela empresa em seus “empreendimentos para público adulto”. Talvez o único propósito do menu que liga a tela de início aos vídeos propriamente ditos seja o de poder classificar SuperModels como um jogo, adicionando INTERAÇÃO. Pois assim o jogador deve operar no seu joystick! Bela saída… P.S.: Aos safadinhos que gostam de deturpar o sentido do texto, eu NÃO me referi ao joystick exclusivamente masculino!

O mais ridículo perante essa situação é que nem todos os minutos foram gravados realmente na praia. Possivelmente foi num estúdio logo nas redondezas, ainda na Califórnia, mas num dia chuvoso, porque podemos perceber que o paraíso tropical foi editado sobre um fundo verde, daqueles para brincar com o cromaqui (conhecidos na terra do Tio Sam como chroma key). De qualquer forma, se alguém terá ido atrás de SuperModels, será para babar em cima de modelos… e até na Sports Illustrated será possível se deparar com mais pornografia! O problema não é com a proposta: se ao menos ela tivesse sido bem-executada, o título não receberia a pior nota que já atribuí a um jogo na minha vida! O “clímax” em termos de hormônios é a pose de uma das protagonistas de tanguinha e chinelos havaianas. Tem ainda, para os gostos mais excêntricos (?), três garotas de shorts jeans contracenando com… cactos, no fim de um dos loooongos vídeos. Ué, eu não disse que eram só de 5 minutos? Pois é, mas de repente os segundos passaram a se arrastar surrealmente, levando eras para passar…

Um dos trechos que devia ter se tornado sensual e elegante, uma musa de biquíni rosa que recebe as espumosas ondinhas do mar em suas curvas, na parte mais rasa da praia, é completamente estragado pela interferência, na tela, de fotógrafos e câmeras homens, que os produtores não tiveram o cuidado de ocultar. Brochante!

Se sua PRAIA, por sinal, for achincalhar os vídeos do YouTube porque eles não têm a qualidade que prometem, você devia mesmo era ir a um museu tecnológico e conhecer o hardware do 3DO: as imagens têm qualidade de webcam (das primeiras webcams comercializadas – 1 megapixel seria sonhar alto aqui!) e a fluidez do vídeo é apenas intermitente, comprometida por congelamentos. Essas pausas forçadas ocorrem aproximadamente de 5 em 5 ou 7 em 7 segundos e podem durar 1 ou 2 segundos. Vezes há em que os vídeos travam por completo e será necessário reproduzi-los do início, via menu. Além de concupiscente, o “jogador” de SuperModels precisa ser um monge. Que riqueza anti-aristotélica de qualidades exige SMGW para ser adequadamente usufruído!

Não se engane – é só uma calcinha preta – e ela ainda se acha a Marilyn Monroe

As falhas técnicas não se restringem aos glitches acima (nem sei se o termo é apropriado): em dados instantes a reprodução retrocede alguns segundos, reprisa uma cena que acaba de ser vista e só então segue adiante, do ponto em que estava mais adiantada. Sem o controlador “pedir”, diga-se de passagem! A seqüência de abertura, que rola antes do menu, é uma boa porção do segundo vídeo, o que tira ainda mais da graça. Retiraria, melhor dizendo, SE ela existisse, em primeiro lugar!

Uma música toca de fundo e as garotas, como todas as bela e sexies top models estereotipadas pelo universo machista, não abrem a boca para emitir um só pio. Caso algum cinqüentão pense em utilizar o “documento” como fonte de busca por uma noiva novinha, pense a respeito, porque hoje, cerca de três décadas depois (e contando), suas peles macias já devem estar enrugadinhas… Ó, tempo cruel! Só fico pensando, condoído, que trajetória de vida sofrida elas tiveram para irem parar num set de filmagem de um jogo interativo em FMV do começo dos anos 90. Haverá fundo do poço mais profundo?

Vamos aos divertidos créditos (quando tudo o mais não colabora, qualquer letrinha na tela já desperta o interesse, em contraste). Nomes como Keri Anne e Tonya, que não parecem ser artísticos, me fazem pensar que contrataram as gurias de qualquer strip club suburbano, sem muito cuidado na seleção. “Supermodelos”, ao contrário das aparências, não serão encontradas aqui em lugar algum!

Como eu não tinha mais o que fazer e queria estender meu review, cliquei no ícone “coming attractions”, que revelava os futuros lançamentos da Vivid: SuperModels Go Wild é uma das promessas listadas! Um inception, eu diria. A parte mais impressionante, DE FATO, em SMGW é quando duas sombras aparecem se beijando, depois se fundem num só corpo, que toma a forma de um “V” enquanto a câmera se afasta: é o logo da empresa Vivid, e em seguida aparece a tela-título. Esse é o momento mais grandiloqüente do game-clipe, sem dúvida nenhuma! SMGW consegue uma façanha, contudo, que nenhuma produção de seu gênero logrou obter: aumenta o cinismo do espectador em relação ao valor da própria indústria de filmes adultos. Por isso, talvez possamos encarar esta coisa insossa, apesar de tudo, como um item de colecionador! É impressionante a minha capacidade de transformar a resenha de lixo em forma de compact disc num acontecimento sobrecomum, numa matéria bem-humorada (brincadeira, ranzinza) de 1300 palavras! Palmas para mim, e também para você mesmo, que conseguiu chegar até o final supostamente incólume…

Agradecimentos a Arguro e mobygames.

versão 2 – 2013; 2024.

® 2002-2024 0ldbutg8ld / RAFAZARDLY!

Deixe um comentário