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shadow of the beast (lyn)

pílulas de reviews rafazardly

o que é uma pílula? vários micro-reviews tematicamente relacionados numa só página ou um review único de menos de 800 palavras!

obs: nós não seguimos o acordo ortográfico lusitano de 2009!

Por Rafael “Cila” Aguiar

PlayStation2

Lynx

Shadow of the Beast

F I C H A    T É C N I C A

Developer Digital Developments

Publishers Atari / Treasure

Estilos Adventure / Puzzle / Ação > Plataforma 2D

Datas de Lançamento 1992 (EUA)

NOTA

9

Este jogo é pra…

(  ) passar longe  (  ) dar uma jogadinha de leve  (X) dar uma boa jogada  (X) jogar freneticamente  (  ) chamar a rua toda pra jogar  (X) um tipo específico de jogador. Qual? Veteranos do side-scroll e fãs de Castlevania.  (X) incógnita

Eu li que investiram pesado neste minijogo do Lynx (o primeiro portátil colorido da História): ele contém mais de 100 tipos de inimigos, mais ou menos 30 minutos de música inédita e 12 reproduções diferentes de parallax scrolling! Até a arte de capa é tão medonha quanto refinada! Os gráficos são animais, rivalizando com Dracula The Undead e Steel Talons pela nomeação de melhores do console. A framerate se mantém constante, uma raridade num hardware tão discreto, e até efeitos de zoom típicos de chips modernos de Super Famicom são verificáveis! A atmosfera é envolvente, misturando terror, ficção científica e medievalismo fantástico, tudo num pacote só, bem steam punk (pense numa realidade alternativa em que houvesse punks durante a Revolução Industrial!).

Sombra da Besta tem toda sorte de bicho no cardápio, desde cavaleiros da távola redonda com machadinhas a soldados hi-tec que usam scooters para patrulhar o castelo que você deve invadir. Muitos deles o jogador encontrará uma única vez durante o jogo inteiro, para se ver o nível de detalhamento e esmero alcançado! Para criaturas tão pequenas (devido à baixa resolução do Lynx), os quadros de animação são vastos: pause o jogo no momento certo e você poderá reparar que o fantasma que perambula de um lado pro outro rotaciona o corpo todo, ficando de frente para o monitor antes de seguir ao sentido oposto, coisa rara na programação desleixada 8-bit. O protagonista – em si, distante das referências de beleza de qualquer época da Humanidade! – soca, pula, finta e gira belamente. Algo inspirado em Simon Belmont, há um “charmoso lag” entre a execução de um comando fora da tela e sua resposta in-game. Como em outros Adventures da Treasure, cada ser maligno tem um ponto fraco e uma estratégia perfeita para ser dizimado. Demonstrativo disso é um momento de puzzle em que você deve encontrar uma passagem espremida e insuspeita no meio de dois olhos gigantes a fim de sair incólume, em detrimento de tentar vencer o inimigo, que simplesmente não pode ser derrubado.

A música é “mais Castlevania impossível”, transmitindo sentidos de grandeza e desespero. São muitas faixas, todas elas compridas, conforme citado. Os temas dos chefes, particularmente, não ajudam quando desafiá-los já é tão exigente a ponto de o jogador querer muito mais um abraço consolador do que uma trilha que contribua sobremaneira para aumentar os calafrios! Há efeitos muito bacanas como o som de espinhos brotando do chão, machados quicando no piso, o fogo crepitando no final da segunda dungeon de árvores, as notas que sinalizam a aproximação de fantasmas e a ruidosa arma que lança foguetes.

Elementos de um survival horror primata salpicam SoTB: munições limitadíssimas de power-ups e a necessidade de encontrar itens e puxar alavancas e apertar botões fora da ordem normal da fase. Na verdade sua arma primordial são os punhos, mas alguns chefes só sucumbirão com pólvora, então olho vivo nos estoques…

O jogo se baseia em capacidade de memorização e coordenação. Há uma grande learning curve antes de começar a ser proficiente de verdade. Se perder um item ou puxar uma alavanca antes do que seria necessário, talvez a única solução seja suicidar-se para tentar de novo de um jeito novo. Não existem muito segredo nem obstáculos considerados injustos neste game, a despeito da considerável dificuldade. Apenas se lembre de ter uma cuca fresca que retenha grande quantidade de dados (ou, em caso negativo, se dispor a fazer anotações), ser paciente e agir de acordo com as paredes do castelo! São apenas três continues, sem vidas extras. Mas o HP em si não é uma preocupação de primeira plana. Há itens de recover esporádicos. O clima sombrio faz Shadow parecer mais tenebroso do que é realmente. Poucos são os trechos que propiciam one-hit kills, como abismos. O negócio é aprender na prática a exercitar os “músculos da memória” até que resolver quebra-cabeças sem estressar ou se precipitar se torne um hábito. Nada que se compare ao pesadelo de dificuldade oferecido por Batman Returns.

SoTB é expressamente recomendado para quem gosta de completar tudo num cartucho, explorando cada cômodo dos labirintos e cada quina das telas. Considero-o mais competente nisso que o aclamado Castlevania II: Belmont’s Revenge, um dos melhores side-scrollers portáteis (Game Boy).

Rafael de Araújo Aguiar é sociólogo e um tanto apaixonado pela forma velha de se programar jogos

Lista de agradecimentos

forcexdistance do gamefaqs.com

mobygames.com

versão 2 – 2013; 2025.