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ehrgeiz (arc & ps)

Arcade & PlayStation

Ehrgeiz

F I C H A    T É C N I C A

Developer DreamFactory

Publisher SquareSoft

Estilos Luta / RPG / Miscelânea

Datas de Lançamento 17/12/98 (JP); 30/04/99 (EUA/Ásia); 09/02/00 (EUR); 28/09/00 (JP-Square Millennium Collection Special Pack); 17/01/02 (JP, PSOne Books); 09/07/08 (JP, PSOne Classics)

NOTA

7 (ARC) | 7.5 (PS)

Este jogo é pra…

(X) passar longe  (  ) dar uma jogadinha de leve  (  ) dar uma boa jogada  (  ) jogar freneticamente  (  ) chamar a rua toda pra jogar  (X) um tipo específico de jogador. Qual? O fanático por FF7.  (  ) incógnita

Tô com fome!

Ergueis as mãos, porque chegou (na verdade há uma porrada de anos, mas isso não vem ao caso) Ehrgeiz: God Bless The Ring. Cof, cof! (A propósito, Ehrgeiz significa “ambição” em alemão.)Trata-se de uma co-produção entre a relativamente conhecida developer de games de luta poligonais DreamFactory e a bastante renomada RPG-maker a rodo, SquareSoft. O resultado final vale mais como experimento para fãs da franquia Final Fantasy que como um título de briga decente ou unânime, e as razões disso vêm mais abaixo…

O display básico das teclas é insanamente simples, deixando de usar inclusive quase todos os botões do joystick: tecla de soco, tecla de chute e tecla do special. A técnica especial mais poderosa do seu fighter pode ser liberada com um simples toque no botão Bola, você não leu ou ouviu errado! Desde projéteis de energia carregada a empunhar armas brancas mortíferas, vai depender muito do boneco em questão qual efeito o special desencadeia na tela. Aqueles que não soltarem logo de cara uma magia das mais foderosas, vão sacar uma espada ou fazer qualquer tipo de ação que possibilita, logo na seqüência, o uso efetivo de técnicas avançadas, como com Cloud, que após o special dará golpes com a alabarda ao invés de socar, o que tira muito mais energia dos outros.

E quem nunca quis botar velhos aliados pra brigar e ver no que vai dar?

“Cloud?!” – o squaremaníaco deve ter dado um salto, misto de alegria e espanto, diante do editor de texto com meu review, ao ler esse fragmento! O melhor de Ehrgeiz, sem dúvida, é a possibilidade de realizar um sonho dos tarados por RPGs de qualidade do console da Sony: que tal se os personagens de Final Fantasy VII brigassem à vera, em tempo real, na sua frente, com modelos de personagens maiores e com mais polígonos, sem essa de esperar acabar o turno ou executar os comandos via menus? A Square não hesitou em concentrar seu marketing nessa característica para vender mais cópias. Embora nem todos os selecionáveis do sétimo capítulo da assim considerada maior saga de RPG da história estejam disponíveis, o montante já é satisfatório: Cloud Strife, por óbvio; a musa do protagonista, a morena que gosta de um material inflamável Tifa Lockhart; o infame vilão psicologicamente torturado e torturante Sephiroth e outros exemplos que ainda listaremos adiante.

Quanto ao elenco, não obstante, uma coisa precisa ser dita: ele não é integrado tão-somente por PCs e NPCs do RPG mais incensado da Square; se o fosse, você acha mesmo que o nome do jogo seria simplesmente “Ehrgeiz”? Fato é que a maioria dos FFianos sequer está disponível logo de início, e boa parte do restante não passa de um amontoado genérico de 3D fighters horríveis! O design e a jogabilidade desses sujeitos debutantes num game da SquareSoft são tão falhos que não vale a pena gastar qualquer linha a fim de descrevê-los. O que nos faz pensar o que deu na cabeça dos projetistas para lançar um jogo (DE LUTA, o que nunca foi a especialidade da companhia, tanto é que recorreu ao auxílio de terceiros em sua missão) com carisma apenas pela metade e que deixa aquela sensação de incompletude pairando no ar…

O brilho do Arcade mode reside em ter de suar a camisa e arregaçar as próprias mangas até abrir os hidden characters (se bem que a luta contra o último chefe é bizarramente malfeita e apressada!). Dentre eles, Vincet e Yuffie, mais dois de FF7, não por acaso o “garoto” e a garota que protagonizam o modo que vamos dissecar abaixo, o Quest. O terceiro secreto chama-se Django e, a despeito de não ser nenhum presidente da república, vai agradar, no layout e nas técnicas, os apreciadores de Final Fantasy que estavam esperando uma participação de alguma besta quadrúpede como Red XIII. Tudo bem que controlar os carinhas de FF7 ao vivo e em (mais) cores é agradável e catártico, mas o desafio em Ehrgeiz deixa muito a desejar. Esse é o preço que se paga por simplificar excessivamente o sistema de jogo, incluindo uma tecla dedicada aos specials: mais fácil de mergulhar na mecânica, mais fácil ainda de enjoar completamente dela. Não vai ser nenhum evento de outro planeta se você zerar de primeira, sem perder uma lutinha sequer para a CPU…

Quatro minigames acompanham a jogatina típica de fightings de Ehrgeiz, um recesso válido do homogêneo Arcade mode. O problema é que quatro não é lá uma quantia animadora, sem falar que seus conceitos são pobres. Vamos detalhar no que for preciso os tais joguinhos ou gincanas, na ordem: Battle Beach, Infinity Battle, Battle Runner e Panel Battle. O primeiro é o mais estúpido de todos, uma corrida na praia. Pra atrapalhar os jogadores humanos, tocos de madeira rolam na direção dos personagens o tempo todo. Os controles são ruins e a brincadeira não tem graça. Parece até os minigames do próprio Final Fantasy VII! Infinity nada mais é que um Survival mode bem-camuflado. Battle Runner é outra corrida, dessa vez de várias voltas, com obstáculos na forma de inteligência artificial que tentam barrar seu progresso mas que sequer estão disputando a corrida (pense num Mario Kart em que seu amigo desiste de alcançar a bandeira quadriculada e se dedica a colidir com você na contramão, que nem um tolo sádico). Panel Battle é o mais original dos minigames, o que não significa que tenha muito mais sobrevida que os outros. Você precisa atingir painéis para que eles fiquem vermelhos e evitar que o adversário pinte os mesmos locais de azul (uma analogia com o modo Graffiti de Tony Hawk 2 pode ser aqui tecida). O prazo de validade de cada um desses passatempos é, em suma, mínimo e a modalidade tenta inovar mas decepciona.

Pose comprometedora, espera só o Cloud saber disso!

Por último vem o Quest mode, o que não é de se espantar em termos de SquareSoft, incapaz de abandonar suas raízes mesmo quando incorre por outros gêneros. Escolhe-se entre um homem e uma mulher com o fito de explorar uma grande dungeon atrás de Ehrgeiz, uma espada mitológica. Alguns dos itens colecionáveis no caminho são as Magic Stones, que concedem poderes ao usuário. Ambiciosa no começo, a modalidade se mostra cada vez mais prisioneira dos lugares-comuns. Horas e horas depois é provável que seu personagem esteja cada vez mais perdido nos confins desse calabouço quase uniforme em aparência, sem alternativas ou planos B para colocar em ação. As operações que lhe são permitidas, aliás, também não se comparam às de um Role Playing Game integral propriamente dito, então aquela sensação de estar lidando com algo superficial – cultivada também nos minigames e até no Arcade – volta à tona. O Quest de Ehrgeiz sofre, basicamente, do mesmo defeito do Quest de Tobal (outro fighting mal-sucedido da empresa): a suprema monotonia.

Rafael de Araújo Aguiar é sociólogo não-praticante e um tanto apaixonado pela forma velha de se programar jogos

Lista de agradecimentos

GameFAQs:

BrakZero

Pokejedservo

Ranma

Saikyo Mog

versão 2 – 2013; 2025.

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