Lynx

Batman Returns
F I C H A T É C N I C A
Developer Atari
Publisher Atari
Estilo Ação > Plataforma 2D
Data de Lançamento 19/06/92 (EUA)
NOTA
5.8
Este jogo é pra…
(X) passar longe (X) dar uma jogadinha de leve (X) dar uma boa jogada ( ) jogar freneticamente ( ) chamar a rua toda pra jogar (X) um tipo específico de jogador. Qual? Cultuadores do Homem-Morcego que gostam de muita escuridão e problemas! (X) incógnita
Quando se pensa em jogos de handheld que são conversões do cinema, é inevitável pensar, mesmo antes de pôr as mãos no produto, que se trata de outro spin-off chatão, entediante na mesma proporção em que o longa-metragem se mostrava interessante. Raramente se faz justiça à produção hollywoodiana. Mas eu diria que a despeito de qualquer falha (que será sem dúvida elencada neste artigo), o cartucho Batman Returns de Atari Lynx honra o original e recria as cenas do roteiro com o máximo de precisão facultada a um sistema 8/16 bits. A atmosfera absorvente, sombria e surrealista [leia-se: o timburtonismo] está toda aqui, e sem os problemas técnicos associados a Plataformas adaptados às pressas, aqueles feitos só para ganhar dinheiro. Os controles precisos tornam a pancadaria e os saltos ações prazerosas de executar.
Para os desavisados da indústria, Batman Returns, do comecinho dos 90, segunda adaptação do Morcegão aos cinemas, narra como, em período de eleições em Gotham, o repelente Pingüim e a deliciosa Mulher-Gato se unem num convênio diabólico para retirar o cetro de paladino da metrópole do Cruzador Encapado [?]. Batman cruzará 4 níveis em side-scroll buscando normalizar a vida dos insólitos cidadãos de Gotham, devolvendo tranqüilidade (???) a seus becos sórdidos e escuros, como de hábito. Ou o quanto uma cidade cheia de gangues e cheira-colas a cada esquina consegue ter de sossego! Por incrível que pareça, este é um game que quase não se desvia da storyline-base e nem por isso se torna entediante em qualquer momento discernível, em que pese a disparidade dos formatos artísticos!

Como o alter ego do bilhardário Bruce Wayne [sem o colorido Robin por trás, hmm!], o jogador desafiará várias gradações de maus elementos: desde soldados estereotipados fraquinhos (a chamada “bucha de canhão”) a chefes memoráveis (como o malabarista). Punhos e pés o herói soturno sabe usar muito bem e não é novidade pra ninguém, mas a capa e o cinto de utilidades também entram na parada, principalmente através de jatos de ácido e bumerangadas. Ainda assim, com todo o auxílio tecnológico a que se tem direito, será excepcionalmente complicado avançar de fase por numerosas razões. Não-experimentados em platformers já podem desistir de ver a finalização! Aqui é que o jogo se diferencia de verdade da versão cinéfila: lá é só assistir, e o final feliz virá, tão certo quanto o sol sobre nossas cabeças…
A dificuldade onipresente no título, contudo, não vem de qualquer debilidade nos controles ou da forma como Batman se move. É tudo uma questão de inimigos apelões e design maldoso, mesmo. Em relação às adaptações para Super Nintendo e afins, a dificuldade foi bastante apimentada (e quem fez a versão SNES foi a Konami, não a Atari). O life é pequeno, as vidas são poucas, os continues e passwords, inexistentes! Os adversários foram elaborados de tal modo que não há padrões a decifrar, já que eles se movimentam aleatoriamente pela tela. 9 entre 10 vezes, o jogador terá que contar com seu instinto de adivinhação, e nada mais. A informação acima, de que o jogo só tem 4 levels, agora já não desanima tanto: passar por cada um deles exigirá muitas arrancadas de cabelos e reposições de pilhas…

O jogador utiliza 2 dos botões do Lynx mais o direcional. A funcionalidade é invejável. O batarang (denominação original do bat-bumerangue) e o ácido são acionáveis com simples combinações de uma determinada direção mais um botão de ação. Socos e chutes são ainda mais simples. O problema é que para ataques de projéteis inexiste qualquer sistema de mira, então acertar os inimigos de longe é bem difícil. Tirando isso, veteranos do estilo notarão que todo o desafio advém da incapacidade humana de atingir a perfeição no traçado das fases! Mas não desista! A tática de desviar a maior parte do tempo e só atacar quando for estritamente necessário não é inédita e funciona para muitos outros Plataforma absurdamente intrincados…
Visualmente, o Lynx está de parabéns. Não só os cenários estão negros e góticos como todo fã de Batman exigiria, mas os quadros de animação satisfazem. A capa de Batman não cessa de sacudir junto com o personagem, intensificando o realismo, até tirando a justificativa do tal ditado “só a capa do Batman…”. O que pode afetar um pouco os nervos é que toda fase parece a mesma fase, isto é, não existe qualquer indicativo gráfico de que você está numa nova área. Se bem que esse feeling claustrofóbico e falta de variação são naturais da estética batmaniana.

Cena freqüente
Em termos sonoros, os produtores podiam ter feito mais do que colocar o mesmo tema em diferentes ritmos e velocidades ao longo da detonação. Constantemente a batida será tão lenta e low-prof que você pensará estar ouvindo um CD de drone no seu player (música para dormir, se eu não estiver errado!), para os quais a única saída são efeitos sonoros como os berros dos mortos ou os socões do protagonista.
Batman Returns obteve sucesso em recriar o filme em modelo interativo com um nível supremo de dificuldade. Se você tem um Lynx e procura “o” jogo a ser batido na máquina, então sua busca terminou! Se o Coringa estivesse nesse jogo, eu até diria que você está com ele na mão, e não há muito o que fazer a não ser disfarçar a expressão facial e aguardar resignada e cinicamente a derrota!
Rafael de Araújo Aguiar é sociólogo e um tanto apaixonado pela forma velha de se programar jogos
Lista de agradecimentos
KasketDarkfyre do gamefaqs.com
mobygames.com
versão 2 – 2013; 2025.