Dreamcast

Power Stone
F I C H A T É C N I C A
Developer Capcom
Publishers Eidos / Capcom
Estilo Luta > 3D
Datas de Lançamento 25/02/99 (JP); 31/08/99 (EUA)
NOTA
8.3
Este jogo é pra…
( ) passar longe (X) dar uma jogadinha de leve (X) dar uma boa jogada ( ) jogar freneticamente (X) chamar a rua toda pra jogar (X) um tipo específico de jogador. Qual? O fighter casual. (X) incógnita
ODreamcast já chegou no mercado arrasando com títulos para todos os gostos. Mas a cobertura deliciosa deste bolo de chocolate da Sega não foi nenhum jogo da companhia; foi da sempre-presente-nos-momentos-difíceis Capcom. E ao contrário do que muitos seriam levados a crer, não me refiro a nenhum capítulo da série “Marvel VS”, que é inegavelmente brilhante e tudo o mais, mas que não se caracteriza exatamente por ser “original”, já que apenas segue a fórmula dos antigos clássicos de Saturn, expandindo-a. O fighting que roubou a cena de verdade na estréia do Dreamcast se chama Power Stone, onde a tridimensionalidade não é só aparência!


Após pressionar o massivo botão Start do controle de Dream, o jogador tem de decidir por qual lado do labirinto seguir: Arcade ou Versus mode? No Arcade tem-se um elenco inicial de 8 lutadores com a possibilidade de destravar 2 secretos ao longo do tempo. Personagem escolhido, é hora de enfrentar 7 adversários até um subchefe e duas formas de um end-game boss. O prêmio é um final exclusivo para o personagem em questão e o acesso a algumas opções extras, como o modo Game Collection, onde existem 15 secrets, que variam de novos itens na arena e joguinhos de VMU (o portátil que se acopla ao controle) a novos lutadores, galerias de imagens e um modo de jogo em primeira pessoa (Point of View mode). Não deixa de ser honroso que a Capcom tenha se dedicado a programar minigames de VMU, tarefa pela qual nenhuma outra empresa além da Sega havia enveredado antes.

Até aí, Power Stone parece um jogo de luta como qualquer outro. Mas é a gameplay que o situa numa ilha singular. Ao invés de uma mecânica 2D com polígonos, tem-se uma mecânica efetivamente 3D, com arenas retangulares 100% exploráveis. Mesmo a interface 2D com 8 direções de movimento em outros planos encontrada em SoulCalibur parece limitante quando comparada à liberdade de deslocamento em PS! Como em Super Smash Bros., as sessões de jogo têm aquela indisfarçável atmosfera festiva, pois Power Stone se despe de qualquer pretensão de seriedade protocolar. Não espere por combates intrincados baseados em regras difíceis de decifrar: o enfoque está em apertar botões rapidamente, sem se preocupar em emendar combos, e na velocidade com que seu boneco pula de lá para cá.

São 11 arenas repletas de objetos e demais construções interativas. Os comandos tradicionais são soco (X), chute (Y) e agarrar itens e armas (B), meio de implicar mais dano no adversário. Ainda assim, o objetivo central não é nenhum destes, e sim coletar “Pedras do Poder”, ou power stones. São três as pedras que auxiliam cada lutador a multiplicar seus poderes: a azul, a vermelha e a amarela. Cada lutador começa o combate com 1 gema e a terceira delas, amarela, surgirá randomicamente no cenário após algum tempo. Quem quiser se transformar, acarretando o evento principal do jogo, deve buscar 3 coisas: 1) manter sua gema; 2) arrancar a do rival; 3) obter a amarela antes dele. A+Y (pulo e voadora) é uma excelente tática para fazer seu oponente cair no chão e deixar escapar sua gema.

Uma vez de posse das 3 pedras preciosas, o lutador se converte no seu alter ego superpoderoso. X e Y não são mais golpes comuns, mas especiais denominados Power Drives. L e R, antes inativos, desencadeiam outras maravilhas chamadas Power Fusions. Na verdade não há movimento mais arrasador que uma Power Fusion: tendo escolhido entre 1 das duas existentes e empregado contra seu inimigo indefeso (que está sem as gemas ou pedras), sua barra de special, abaixo da de life, antes cheia, vai esvaziar totalmente. Uma magia de tela inteira vai castigar intensamente o outro lado. No caso da CPU ou do seu amigo ainda assim sobreviver (o que pode acontecer se estiver com mais de 50% de vida), a luta continua, você perde seu status de super-herói e a corrida por reunir as 3 pedras reinicia (você perde 2 delas e uma vai para o inimigo, como se a luta estivesse começando agora).

O Power Mode desse piloto de avião é um Foguete!
Adicione a essa metodologia de batalha esquisita bugigangas e quinquilharias mil espalhadas pela fase e tem-se um inferninho na tela da sua TV: jarras, caixas, postes (como os de pole dance), lareiras, máquinas de espinhos giratórios, lança-chamas, martelos e até uma espécie de bastão mágico do Goku que estica até os limites do palco são belezocas que podem ser usadas contra ou a favor de qualquer um!

Vamos apresentar os personagens, tanto os básicos quanto os escondidos, sem os quais muito do charme da empreitada estaria perdido (ainda bem que não estamos revisando Marvel VS Capcom 2, ou o texto ficaria com o triplo do tamanho!): 1) Falcon (Fokken no JP) – é o “Ryu” do jogo. Personagem muito equilibrado com bons movimentos na forma original e um Power Mode decente; 2) Ayame – a “Chun Li” do título. Realmente rápida! Sua forma nº 1 não vale a pena se o atributo almejado é força física. O negócio é usar sua agilidade para reunir as 3 pedras e utilizar seu Power Mode; 3) Wang-tang – esse cara com nome de suco instantâneo é mais um do grupo dos “lutadores equilibrados”, recomendável tanto para veteranos quanto para novatos; 4) Gunrock – como o nome indica, é um grandão lento que usa seu corpo avantajado como forma de ataque por si só! Espere para ver seu Power Mode… É praticamente o Coisa do Quarteto Fantástico! Com L, ele rolará atrás do antagonista incessantemente… 5) Galuda – um índio de quem não consigo pensar nada de notável para falar; 6) Jack, The Slayer – um dos personagens de jogos de luta mais estranhos já vistos. Lembra um pouco Voldo de SoulCalibur (um misto de Jason de Sexta-Feira 13 e Sheik de Zelda); 7) Rouge – a segunda mulher deste elenco, quase tão rápida quanto Ayame e decididamente mais forte. Seu Power Mode é a Deusa do Fogo!; 8) Ryoma – quase um clone de Wang-tang, mas se diferencia por manejar uma katana; [SPOILER] Personagens secretos: 9) o sub-boss; 10) Valgas, final boss (primeira forma). A forma Power do último chefão pode ser destravada também, só que exclusivamente para o Versus mode. Este último é simplesmente considerado o mais apelão dos dois jogos Power Stone de Dreamcast. A life bar de qualquer um será devorada em questão de segundos.

O visual é uma bela salada estética. O traço cartunesco dos personagens (num “pseudo-cel shading” que contrasta com os fundos) depõe favoravelmente, transmitindo o clima sarcástico das disputas logo de cara, mas algo me diz que podia ter tido algo mais. É que as formas originais parecem muito toscas em relação aos modelos super-heróicos. Sei que era a intenção dos desenvolvedores deixar os alter egos bem mais interessantes, mas os lutadores regulares poderiam ter recebido mais atenção. De qualquer forma, o artwork das seqüências de final é exuberante, e o efeito do “livro de contos de fadas” (assista!) ficou perfeito. Efeitos especiais dos golpes usam toda a capacidade do videogame e o ritmo é de 60 frames constantes.

Power Stone seguirá viciante até todos os secrets serem habilitados (ou maioria deles, já que é necessário um VMU comprado em separado para aproveitar a parte dos minijogos). Depois disso, só o multiplayer irá capturar sua atenção. Devido à simplicidade (ninguém consegue sobreviver muito tempo sem pegar os itens e as pedras), este é um jogo de luta festivo muito mais enjoativo que o citado Super Smash Bros., sem quaisquer nuances mais elaborada de sistema de jogo de outros clássicos da Capcom. Outra chatice é não poderem lutar 4 jogadores simultâneos. É perfeito para quem até gostaria de ter um título de luta mas nunca decora as combinações complexas nem é habilidoso o suficiente para executá-las. OBS: Power Stone 2 é ainda melhor que Power Stone 1!
Rafael de Araújo Aguiar é sociólogo e um tanto apaixonado pela forma velha de se programar jogos
Lista de agradecimentos
Aganar, MetalGearRexus do gamefaqs.com
mobygames.com
versão 2 – 2013; 2025.