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danger girl (ps)

REVIEW N° 990 DO NEWGEN

PlayStation

Danger Girl

FICHA TÉCNICA

Developer n-Space

Publisher THQ

Estilos Action Adventure > Plataforma 3D / Third-Person Shooter / First-Person Shooter

Datas de Lançamento 06/09/00 (EUA); 15/12/00 (EUR)

NOTA

6.52

Este jogo é pra…

(X) passar longe  (X) dar uma jogadinha de leve  (  ) dar uma boa jogada  (  ) jogar freneticamente  (  ) chamar a rua toda pra jogar  (X) um tipo específico de jogador. Qual? Marmanjos babões que julgam apenas pelas aparências; fãs de As Panteras (Charlie’s Angels); stealthers procurando mais desafio que em Metal Gear Solid (nem sempre por razões nobres).  (X) incógnita

Vida útil estimada: 15h20

E

Era uma vez um cara (gamer) dos anos 2000 à procura de um jogo que aliasse o “girl power” e a exploração em catacumbas em terceira pessoa vistos em Tomb Raider. Depois de horas de busca em sites retrô especializados (de preferência o rafazardly), o elemento se depara com Indiana Jones & The Infernal Machine e Uncharted (aqui ainda não resenhei este último). Mas tem algo errado: falta o girl power! Como não encontrara melhores candidatos, ele segue mesmo assim, com apenas a segunda metade do binômio. Até que vêm a seu conhecimento, conforme aprofunda a search, épicos do “feminismo aventureiro” tais quais Primal, BloodRayne eaté o espezinhado No One Lives Forever (todos disponíveis para PS2). Glutão e devorador de qualquer coisa remotamente avizinhada ao gênero, o gamer em questão não despreza sequer o hit de PCs Vampire: The Masquerade… Faltava apenas se deparar mesmo com um dos clássicos seminais dessa onda toda, oriundo dos 32 bits: Syphon Filter.

Mas não, este não é um review de SF! Então, por que o primeiro parágrafo? Todas essas delongas só para dizer que Danger Girl, agora sim o game certo, está no meio do caminho entre um Tomb Raider e um Syphon! Com efeito, ele até foi desenvolvido pela mesma n-Space por trás dos tiroteios com altas doses de zombaria de Duke Nukem: Time to Kill e DN:Land of The Babes. Mas digamos que essas haviam sido incursões no pólo oposto (ou não tão oposto assim, como veremos mais adiante!): a das nossas projeções mentais do que seria um macho-alfa. Hora de aproveitar o legado aberto por Lara Croft… Danger Girl é inspirado na HQ homônima que retrata as aventuras rocambolescas de um trio hiper-sexualizado de moças bem atléticas e na idade do pecado (e bem conscientes do estrago que um corpinho maravilhoso pode provocar).

Desconhecendo tais gibis, estava esperando por uma saga politicamente correta dirigida ao público feminino pré-púbere. Qual não foi minha surpresa ao perceber que a mesma n-Space dos jogos das gêmeas Ashley, Toy Story, Rugrats e até Hannah Montana (!!!) havia capitaneado um projeto bem merecedor do selo “Mature” da ESRB! A primeira seqüência animada já deixará claro para todo mundo: Danger Girl transborda com os estereótipos mais grosseiros associados aos machões. Abbey, a “líder” do grupinho do bem, é mostrada trocando de peças íntimas, e através da umidade de sua camiseta branca recém-vestida é possível vislumbrar perfeitamente seus dois mamilos (foto do “momento” logo abaixo, ô babão!). A mesa está posta: você sabe quem é que vai devorar esse prato. Ao contrário do que eu pensava, nada de heroínas vestindo rosa e pintando corações nos adversários! Mas o pior é que os piteuzinhos com melões desproporcionais foram, ainda, abastecidos com AK-47 e cartuchos em quantidade suficiente para empilhar cadáveres de malfeitores, quase todos dotados de falo… Mas menos surpreendente, depois de todas essas revelações chocantes, é saber, algumas fases depois, que o último chefe é também uma mulher com ótimos atributos, Natalia, ex-integrante traidora do próprio grupo Danger Girl.

Hahaha – os caras do quebecgamers.com editaram a imagem: nada como uma gostosa de lindos olhos, correto?

Encaixável como híbrido de shooter em terceira pessoa (com trechos em primeira), espionagem e até Plataforma tridimensional, DG é incrivelmente reminiscente até mesmo de périplos da inocência como Donkey Kong 64 graças às acrobacias simiescas embutidas nos comandos (vide foto abaixo para entender melhor). Minúcias como caminhar devagarinho com passos leves e macios ou mandar barrel rolls e side steps “also included”. Mas se se meter no fogo cruzado não pode ser sempre evitado, um sistema de mira também se mostra importante: o fuzil mais básico possui, por exemplo, mira automática para descontar balas no inimigo mais próximo; se o intuito é ter mais liberdade, deve-se migrar para o first-person estático, com Triângulo, caso em que um pequeno cursor em forma de cruz se posiciona ao centro e o campo de visão ganha contornos octogonais. Infelizmente, as customizações não parecem o bastante perante tamanha ambição: tanto no ajuste “lento” quanto “rápido” (denominações do próprio jogo) para os shots na perspectiva da garota controlada a ação é mais lenta do que seria desejável. Em complemento, um pequeno e onipresente radar indica a posição relativa dos adversários. O famoso mata-leão de Solid Snake também é uma opção contra sentinelas desprevenidas pegas pelas costas…

Fãs dessas obscuras histórias em quadrinhos gringas se sentirão em casa, já que a ambientação é fiel. As próprias missões são apresentadas em formato de banda desenhada no começo da fase, e suponho que a arte seja a dos próprios criadores. Escolher dentre uma das três beldades não é permitido, isso porque cada uma tem uma especialidade e cabe melhor para um gênero de mission. Abbey Chase (a perseguidORA com uma persegUIDA, hehehe, infame!) se vira melhor no confronto aberto; JC é a cérebro do grupo; e Sydney Savage (ui!) se encaixa num meio-termo mais eclético (o design de seus estágios é de longe o mais inventivo, realmente). No mais, a jogabilidade não muda muito de uma para outra, nem a dimensão do traseiro ou do busto. Muda a personalidade, a voz (a dublagem é grotesca, aliás) e a cor do cabelo. São 12 missões a demandar pelo menos 10 horas até serem debulhadas.

Para quem mal tolera uma Lara Croft (a.k.a. musa da jogabilidade ruim), será difícil agüentar três de uma vez (difícil TAMBÉM é escapar do duplo sentido nesta matéria, mas estou tentando!) – uma é “boa”, três já são demais?!…

Glitches e decepções visuais e auditivas com que se irá deparar nos cenários e cutscenes (os primeiros, montados meio às pressas e apresentando clipping freqüente; as segundas com samples de voz irritantes e que parecem secundados por alguém amarrotando papéis ao fundo, o que ainda é melhor que as músicas do CD, das quais a única que se salva é a do menu pré-jogo!) e o framerate pouco satisfatório em geral (girando em torno de 18, 19, ou 20fps) à parte, o pior defeito da produção é não permitir savings no meio das missões. Teria sido muito mais refrescante um checkpoint na metade dos objetivos mais laboriosos. Aquele velho conselho cabe aqui, portanto: não morra!

Se você não sentiu um déjà vu com Tenchu [rimou!] ao ver essa imagem, significa que você NUNCA jogou Tenchu!

A inteligência artificial é uma das mais estúpidas já vistas. Não se aproxime demais e os inimigos sequer reagirão, mesmo se estiver de frente. Nalgumas ocasiões, mesmo após terem sido alertados, eles demoram eras para reagir. Talvez fiquem hipnotizados diante da beleza extrapolante das gatas?! Hm, não é isso, é incompetência de programação mesmo!

Quem não liga para a falta de profundidade do jogo, saiba que ao menos a gozação é infinita! [risadas de fundo]

Projetistas libidinosos da indústria, favor não esquecer: o ponto não é ter gostosas sensuais quase-pornográficas na estampa do seu pijama ou no rótulo dos seus sucrilhos – pelo menos não nos games, err… Prefere-se “n” vezes mais um jogo divertido e sem testosterona do que um rascunho de xvideos interativo com gameplay deficitária. E que se dane a capa provocativa!

Rafael de Araújo Aguiar é sociólogo não-praticante e um tanto apaixonado pela forma velha de se programar jogos

Lista de agradecimentos

mobygames.com:

hello kitty

gamefaqs.com:

Fein

quebecgamers.com:

Bryan Lajoie

PSXExtreme.com:

SolidSnake

jeuxvideo.com:

Pilou

revista Console Plus

versão 2 – 2014; 2025.

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