pílulas de reviews rafazardly #59
o que é uma pílula? vários micro-reviews tematicamente relacionados numa só página ou um review único de menos de 800 palavras!
obs: nós não seguimos o acordo ortográfico lusitano de 2009!
PC & PlayStation

Fox Hunt
F I C H A T É C N I C A
Developer 3Vision Games
Publisher Capcom
Estilo Adventure Movie
Datas de Lançamento 31/01/96 (PC); 30/09/96 (PS)
NOTA
6.8
Este jogo é pra…
(X) passar longe (X) dar uma jogadinha de leve ( ) dar uma boa jogada ( ) jogar freneticamente ( ) chamar a rua toda pra jogar (X) um tipo específico de jogador. Qual? Detetives à la Ace Ventura. (X) incógnita
“Caça à Raposa” é uma intrigante comédia desenvolvida como filme interativo para usuários de computadores e PlayStationOne pela Capcom e 3Vision em 1996. Intrigante porque vários mistérios são pretensamente solucionados. O número 1 dentre eles: pode um frouxo viciado em televisão prevenir um agente soviético maluco de explodir Los Angeles inteira com uma bomba nuclear? Isso só se descobre jogando, só os loucos é que sabem… Pode-se ensinar um sedentário escroto, em suma, a ser um bom espião e detetive, mas infelizmente as lições não se estendem à etiqueta ou ao aspecto moral da personagem, e o infeliz nunca deixará de arrotar em público sem tapar a boca nem de falar com pessoas do sexo feminino sem chavões sexistas.

Com sorte, o herói irreverente da vez, Jack Fremont, não precisará ser delicado e suave para fazê-lo se divertir. São 10 diferentes soluções (endings) para a missão e o elenco é dos mais estranhos já vistos num filme, incluindo até aquele que nunca morreu, Elvis. A semelhança do roteiro, aliás, com um certo detetive de roupas floridas que investiga tão-somente casos que envolvam animais – aquele mesmo, interpretado por Jim Carrey em uma dobradinha de filmes de Sessão da Tarde! – é incontestável.

Como qualquer filme de espionagem, Fox Hunt tem suas belas mulheres, agentes duplos e locações exóticas (Las Vegas e Colorado, neste caso). O ritmo é bem mais frenético e ousado do que muitos dos takes de Sean Connery como o agente da Rainha, por exemplo. Quando foi a última vez que você viu 007 pegar carona numa cadeira-de-rodas propalada a gases em combustão para trafegar pelos apinhados corredores dum hospital, escapar por pouco de soviéticos vestidos de mulher e atirar para matar clones de Rob Lowe munidos de bigornas gigantes enquanto cai de uma altura de 20 mil pés? Aposto que faz muito tempo! Mesmo sem conter violência explícita, Fox Hunt apresenta algumas animações de morte convincentes, com o barulho dos ossos de Fremont se arrebentando depois dele voar (no pior dos sentidos) de uma janela alta de edifício!

1…
A espetacular clareza do vídeo digitalizado, em termos de PlayStation 32-bit e PCs do milênio passado, ressalvando, deve-se em parte à filmagem em 16mm do original. A trilha sonora roqueira só intensifica a experiência. A despeito das eventuais falhas técnicas (perda da sincronia lábios-falas em dados momentos), nenhuma delas destrói a gameplay. Alguns desses erros ou defeitos só são noticiáveis para jogadores contumazes desse thriller bonachão, como algumas progressões ilógicas (não importa qual janela do seu quarto Fremont opte por atravessar, do lado de fora a cena continua num mesmo ponto do parapeito) ou reciclagem de frames durante seqüências de ação.

…2.
Outro inconveniente da experiência de Fox Hunt é um trecho específico em que o saving não pode ser feito de imediato, o que complica um pouco a vida do jogador. Trata-se da referida cena em que Fremont deve percorrer os andares do hospital de cadeira-de-rodas “afoguetada”. Pode parecer um curto período – 3 minutos – sem save, mas neste jogo em especial trata-se de uma eternidade, pois controlar a cadeira sem matar o personagem é uma das tasks mais difíceis pela frente! Como há um extenso diálogo antes de cada tentativa, é provável que o expectador-usuário chegue até a memorizar todas as falas até que finalmente possa “passar de fase”…

Relativizando algumas das criancices enjoativas do herói da trama, Fox Hunt, graças ao profuso número de finais, é um filme interativo cujo mérito é ser várias vezes rejogável, o que não costuma acontecer com games deste limitado gênero.
Rafael de Araújo Aguiar é sociólogo e um tanto apaixonado pela forma velha de se programar jogos
Lista de agradecimentos
Rebecca Anderson do gamespot
mobygames.com
versão 2 – 2013; 2025.