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dragon slayer 4: drasle family (msx & nes)

MSX & NES

Dragon Slayer IV:

DraSle Family

Legacy of The Wizard (EUA)

F I C H A    T É C N I C A

Developer Falcom

Publishers Falcom / Namco / Brøderbund

Estilos Action RPG / Dungeon-crawler

Datas de Lançamento 17/07/87 (JP-NES/MSX); 1988 (JP-MSX-relançamento); 04/89 (EUA-NES)

NOTAS

8.4 (MSX) | 7.4 (NES)

Este jogo é pra…

(X) passar longe  (X) dar uma jogadinha de leve  (X) dar uma boa jogada  (X) jogar freneticamente  (  ) chamar a rua toda pra jogar  (X) um tipo específico de jogador. Qual? Vide último parágrafo da análise.  (X) incógnita

Vida útil estimada: 28h

MSX graphics – todas as demais imagens são de NES

Uma face lamentável dos jogos de videogame de 2000 para cá (principalmente) é que a CPU parece manter o gamer preso a uma coleira, restringindo sua liberdade e reduzindo seu poder decisório ao mínimo termo. Enfim, os jogos são fáceis em excesso, subestimam a inteligência e o autodomínio do controlador DEMAIS! Então, falemos de Dragon Slayer, que ainda em sua quarta encarnação, ainda longe de invadir os anos 90, é uma aula de dificuldade, e de história!

O jogador deve optar por um de 5 membros da família DraSle (DRAgon SLEyer), mas não de uma vez por todas: todos serão rigorosamente testados até seus limites, só que a exploração se dá com um de cada vez. Xemn, o pai, é um madeireiro musculoso; Meyna, a mãe com talentos de maga; Roas, o filho, um “bravo” guerreiro (que normalmente vale uma meia-pataca, mas dêem-lhe a espada Dragon Slayer – só no final do jogo – e ele se tornará sub-repticiamente o membro mais importante da família, já que é o escolhido, o único que pode empunhá-la em todo o reino!); Lyll, a irmã de Roas, é bastante atlética e animada; e Pochi é o monstrinho de estimação dos DraSle que tem a premissa de se passar por um minion da dungeon, enganando os inimigos pela aparência ferina. Não é difícil inferir que cada character tem habilidades e atributos simplesmente únicos, incluindo a manipulação de determinados itens. Lembre-se: assim que precisar dar um switch no titular da exploração, volte para casa e faça a troca!

O objetivo é mapear cada setorzinho de uma dungeon colossal, sem dúvida a maior fase de qualquer jogo de Nintendinho. São cinco áreas principais, cada uma protegida por um grande monstro. Power-ups deixados pelos adversários incluem ouro, chaves, pão que recarrega o life, poções para restaurar o MP e mesmo frascos contendo veneno que só atrapalham os descuidados (hehe!). Cada um dos 4 chefes subsidiários (“setoristas”) guarda uma coroa do rei. De posse das 4, a espada lendária, única capaz de matar o dragão Keella (Killer em Engrish) que habita as cavernas, será convocada.

Hotéis para repousar e preencher o HP e lojinhas ficam bem no meio do fogo cruzado!

Para se ter uma idéia da pedra no sapato que é explorar um gigantesco labirinto (mesmo para além dos 8-bit) sendo tão pequeno (seu personagem ocupa uma área ridícula da tela), devo inserir números: se pusermos lado a lado todas as telas do jogo e as dividirmos eqüitativamente, teremos 4 unidades de largura por 16 de altura (trata-se de um enorme retângulo). Cada uma dessas unidades é composta de 12 “casas” de altura por 64 de largura. O personagem controlável, qualquer que seja, mede “1 casa” de largura e de altura! Para os alérgicos a calculadoras: (4×16)x(12×64)= 64×768 = 49.152 casas ou caixas ou quadrados ao todo! Só tenho uma palavra para essa quantia: IMENSA. Os ainda reticentes e incrédulos podem conferir, abaixo, uma fotomontagem com toda a área de jogo a ser percorrida (inúmeras vezes, já que você nem sempre sabe o que fazer na sala de imediato, nem tem os itens para isso, sem falar que precisa se revezar no controle dos membros da família DraSle, não vá esquecer!):

Me imagino já a cena: um rapazinho (estamos no comecinho dos 90) se aproxima de seu NES com um pacote de folhas e vários lápis, insere o cartucho de LoTW, seleciona o Pochi e começa a percorrer tela por tela de longo ao largo, se dando conta da localização de cada negocinho, passagem secreta, camuflagem de terreno que oculta coisas de valor, sem falar de tudo que se encontra trancado no momento em que é achado, seja mais uma porta ou uma arca. Ao menos Pochi não chega ao “fim da linha”, porque existe um trecho em que já não pode saltar e avançar, pois seu pulo é muito abreviado… Mas ainda resta toda a viagem (literalmente, uma viagem) de volta, e obter a password da velha (deve ser a avó DraSle), caso queira registrar os progressos para uma próxima sentada diante do NES… e que sentada! A bunda está quadrada! Depois de falar com a velha esclerótica, continuando ainda nessa ou então noutra sessão de jogo, o gamer optará por um personagem mais lépido como Lyll, a fim de tentar ultrapassar o último ponto da dungeon, e assim a coisa desenvolve… Cansa só de relatar!

Essa estória foi fictícia, ou a de um monge budista… Mais habitual era a leva de garotos levados (desculpe o trocadilho) que destruía o jogo a marretadas depois de ficar à deriva por muito tempo e voltava a se aventurar por Mario 3 (outro que é bem mais difícil que seus irmãos mais novos, mas ainda assim mais “completável” do que DS4…). Ah, e tem um modo extra hard aberto após efetuar a milagrosa zeração primeva de Dragon Slayer 4!

Para parafrasear o irmão Coen, “não é um jogo casual”. Dificilmente um jogador hodierno poderá passar os olhos pelos gráficos primitivos, ou relativizar as passwords ilegíveis como única forma de salvamento, a total falta de informação ou de dicas internas para guiar-se na aventura e a monstruosa complexidade da ambientação. E antes que se suscite a dúvida, difícil será extrair diversão dessa “ambientação complexa”, uma vez que superar as mil provas propostas não produz qualquer senso de satisfação, não no sentido em que a maioria está acostumada. Fascinante LoTW (para os ocidentais) até pode ser, para poucos: só aos hardcorers, puristas e fanáticos por gameplays de exploração! É uma pena que com toda a “mainstreamização” dos jogos hoje em dia a Falcom nunca tenha intentado um remake mais refinado e “domesticado para as massas” (só relançar o mesmo jogo para Switch está longe de contar). Seria deslumbrante ver essa iniciativa! Ah, só de pensar que agora – mesmo para os jogos de outrora – tem gamefaqs.com, gratuito, e que nos anos 80 era só na base do disse-me-disse entre os viciados e da “hot line” (contas de telefone altíssimas!!!) que funcionava quase como funciona hoje o tele-atendimento da TV a cabo!… Só de pensar nisso, já dá vontade de experimentar RPGs difíceis como esse Dragon Slayer no emulador!

Este (esta?) é Keella

CURIOSIDADE: Legacy of the Wizard foi divulgado pela Broderbund (portadora para o Ocidente) falsamente como parte de suas “Adventure Series”.

Rafael de Araújo Aguiar é sociólogo não-praticante e um tanto apaixonado pela forma velha de se programar jogos

Lista de agradecimentos

RETROGAMINGHISTORY.COM:

Federico Tiraboschi

MOBYGAMES.COM:

YID YANG

GAMEFAQS.COM:

Black Rabite

allamagoosa

TMola

versão 2 – 2014; 2025.

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