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vr troopers (gen)

REVIEW N° 1065 DO NEWGEN

Por Rafael “Cila” Aguiar

Genesis

VR Troopers

F I C H A    T É C N I C A

Developer Syrox

Publisher Sega

Estilo Ação > Luta 2D

Data de Lançamento 12/95 (EUA/EUR)

NOTA

5.82

E S T E   J O G O   É   P R A . . .
(X) passar longe(X) dar uma jogadinha de leve
(   ) dar uma boa jogada(   ) jogar freneticamente
(X) chamar a rua toda pra jogar(X) um tipo específico de jogador Qual? O fã de tokusatsu, crianças e/ou, paradoxalmente, experts em fighting titles.
(X) incógnita 
VIDA ÚTIL ESTIMADA

14h30

Os Patrulheiros da Realidade Virtual: essa é mais ou menos a tradução apropriada para VR Troopers, série-clone da mais afamada Power Rangers, com vilão diferente, roupinhas tecnológicas diferentes e menos combatentes (aqui, apenas um trio de adolescentes enfrenta o Mal, ou Grimlord). Originada no Japão, a série foi um sucesso apenas relativo, rodando por 2 temporadas (94 a 96). Alguns irão lembrar que a Globo a exibiu por um tempo, com o nome Troopers (retirando o prefixo). Os efeitos especiais em CGI eram revolucionários para a época e os conceitos de realidade virtual e “imergir”, literalmente, em reinos cibernéticos, em computadores ou videogames, estavam na moda. O mais inusitado é que na realidade a versão americana não passa de uma colagem de 3 séries tokusatsu da Saban, ou seja, live-action japoneses da categoria Metal Hero (personagens que se transformavam, usando armaduras de metal com superpoderes para defender a humanidade): Superhuman Machine Metalder, Dimensional Warrior Spielban e Space Sherrif Shaider. Cada um dos protagonistas destas séries virou um membro do grupo, um trooper. Essa é a explicação da esquisitice e singularidade de seus trajes futuristas! Podemos ver que um deles, o da esquerda na caixa do jogo, se parece muito com o Jaspion. Suspeitamente parecido, aliás! Como eles conseguiram fundir essa salada num “prato principal” só, fica para os nipônicos malucos responderem… Uma curiosidade é que essa técnica foi parcialmente usada em Power Rangers, nas cenas da Rita Repulsa e Goldar e nas lutas enquanto morfados ou transformados, mas nunca mais desde então em tokusatsu. Nos animes, algo semelhante foi experimentado em Robotech e Voltron.

Um dado interessante sobre VR Troopers na televisão é que a censura era muito mais branda que no mais conhecido Power Rangers, resultando em “finishers” mais violentos e verazes nos vilões. Se bem que as lâminas de laser não assassinavam os monstros, elas só desencadeavam uma “heartburn” ou falência cardíaca nos caras — que patético! De qualquer maneira, continua uma série mais sombria que as mais populares do gênero, e tendia a agradar crianças mais crescidas (pré-adolescentes?!).

* * *

Chega de falar da série e falemos do videogame de Mega Drive. Um dia, no dojo, três jovens praticantes das artes-marciais são interrompidos na sua lida diária por um entregador, que despacha um Arcade (fliperama). O mestre, Tao, diz que ele não tem nada a ver com isso, e nunca encomendou nenhum tipo de jogo. Ele deixa a sala, provavelmente para telefonar para a loja e dizer que houve um engano, mas nesse instante a máquina liga sozinha e os adolescentes-discípulos, Kaitlin, J.B. e Ryan, são hipnotizados e tragados por ela. Eles ficam presos no reino virtual e precisam do poder de suas armaduras para derrotarem Grimlord, que quer dominar os dois mundos. O enredo do game, portanto, é fiel ao do show televisivo.

A Syrox (parece xarope em inglês) trouxe o jogo no finzinho de 1995, quando a série estava em seus últimos momentos, aproveitando-se do ápice de popularidade que ela apresentou. Os gráficos seguem a vibe 3D, mas são em sprites e não em polígonos, e nota-se o esforço dos programadores por retirar tudo que podiam do hardware do Mega Drive. Cutscenes introdutórias abrilhantam a apresentação visual da obra e tentam aproximá-la um pouco da contraparte televisiva. Os personagens estão bem-dimensionados na tela e com considerável detalhamento, ressalvando-se o processamento gráfico simplório. O design é irregular, contudo, uma vez que os rostos estão mais convincentes que os corpos.

Fundos no estilo pós-apocalíptico de Mad Max – sem muitas animações, mas pelo menos tem uma paleta de cores decente e um efeito de scroll!

Pensado sobretudo para a audiência infantil, VRT conta com um menu de Opções amigável, em que maioria das características do combate 1×1 proposto pode ser customizada, para os 3 modos disponíveis (Story, Battle e VS.): dificuldade (que começa no Kids), control set-up, cronômetro, nº de rounds, etc. Pode-se dizer que a escolha do grau de dificuldade condiciona a configuração dos controles, pois no level “Crianças” é alocado um botão do joystick para cada special attack (e os lutadores têm no máximo 3 neste game). Ou seja, não haverá problema nenhum para o pimpolho executar uma magia. Já nos níveis de dificuldade mais elevados, A, B e C (ou X, Y e Z, caso você esteja com um de 6 botões) desencadeiam tão-somente soco, chute e arremesso, respectivamente. Os specials são executados com combinações bem simples das teclas. Exemplo: B(Y) + direita. Como se não bastasse, a interface ainda é convidativa a ponto de mostrar os comandos de special na tela de seleção do lutador (cf. foto)! É ou não é moleza fazer um FAQ de VR Troopers? Moleza ou não, é redundante, com certeza!

A inteligência artificial começa a assustar a partir do 2º degrau de dificuldade. Não a chamaria propriamente de “inteligente”, mas bem sacana e incisiva: toda vez que o player humano sofre uma queda, a CPU corre pra cima e começa a emendar chutes até encurralá-lo na parede. E ser encurralado na parede em VRT é quase como abdicar inteiramente do round, porque é complicadíssimo sair…

Esse é seu mentor e assistente na incrível jornada pela realidade virtual, o misterioso Professor “Morpheus” Hart. O outro parceiro da moçada é o carismático Jeb, o Cão Falante!

Está-se limitado aos 3 mocinhos no Modo Estória, mas são 8 combatentes no multiplayer. No que parece ter sido uma inclusão de última hora para enxertar um pouco o título, as lutas do Story apresentam “bônus” intermitentes, as chamadas Battle Grid, em que seu personagem corre por um cenário massacrando adversários ultra-fracos, no estilo Power Ranger X bonecos-de-massa. Maioria dos caras morre com 1 ou 2 porradas; temos, portanto, uma incursão no gênero beat ‘em up (Streets of Rage/Final Fight). Os “bonecos-de-massa” chamam-se aqui Skugs e a única ocasião em que poderão irritá-lo de verdade é quando o gamer, descuidado, deixar-se espremer contra as paredes, ou ficar rodeado por 2 ou 3 desses foes na tela. Aí, a inteligência artificial voltará a apelar da única forma que conhece, espancando o character algoz até sua life bar zerar, sem dar brechas para ele se reerguer, ou até o jogador conseguir se livrar milagrosamente dos sopapos numa série frenética de button mashing (aperte todos os botões em ultra-velocidade até sentir que o pior já passou, voltar a ficar de pé e num canto seguro da tela!). Special attacks não terão qualquer funcionalidade nessas bonus stages, então o mais indicado será dar sprints e atacar com voadoras (pulo + chute), depois recuar. Nada que difira muito do feijão-com-arroz praticado num beat ‘em up precursor, Double Dragon!

A fila de adversários que deve ser vencida até o último chefão não é das mais empolgantes. Os monstrengos são quase sempre desinteressantes e não inspiram respeito ou temor. Decimator é um espadachim que usa teletransporte; Kongbot, um macaco mecânico que deve ter algum parentesco com o Mecha King Kong; Tankotron é, ao mesmo tempo que o rival que bota mais banca, um ciborgue vítima dum mau design na minha modesta opinião; Darkheart usa uma armadura especial que pode torná-lo invisível; Magician (o Mago) é um trapalhão mais parecido com o Presto de Caverna do Dragão que com o David Copperfield. Seus especiais são dúbios e podem beneficiar o oponente ao invés dele mesmo: uma das técnicas transforma os dois combatentes em outros 2 do jogo, aleatoriamente, buscando confundir o player – mas a técnica é visivelmente uma faca de 2 gumes…

Oito selecionáveis no modo Versus: nada extraordinário, mas é melhor do que ficar com apenas 3 pássaros na mão.

Depois dos “duelos comuns”, é hora de enfrentar o trio de clones maléficos dos protagonistas, nas lutas semifinais: Ryan, Kaitlin e J.B. Reese do dark side! Por último vem Kamelion (o nome já diz tudo), que não receia ser comparado a Shang Tsung, se transformando em todos os adversários anteriores para poder lutar. Essa não é uma luta mais difícil que as outras para quem já sabe jogar. Depois de derrotado Kamelion, um ending muito curto (e personalizado, de acordo com o herói utilizado) se desenrola, antes dos créditos finais e do chinfrim retorno ao menu da tela-título. Na dificuldade moderada, é racional esperar concluir o Story mode em 25-30 minutos. E, desses, 5 ou mais serão apenas correndo e dando voadoras para espancar Skugs no monótono Battle Grid.

A jogabilidade é boa, embora a lentidão de se controlar um trooper seja mais ou menos o equivalente, em sensação de desconforto, a esperar que o Incrível Hulk pudesse ser um ágil malabarista de circo, com todo aquele corpaço descoordenado. Se a trilha sonora fosse a mesma das séries de Metal Heroes japonesas, certamente não decepcionaria. Mas o sound score saiu-se muito prejudicado. Tirando o tema principal, o tema do Battle Grid e os das fases Ziktor Skyline e Forest, não há o que se esperar das músicas de VRT, que tentam injetar adrenalina do jeito equivocado. Quanto às vozes digitalizadas do cartucho, elas beiram a infâmia: não se pode distinguir mais de 2 tons de voz. Ou seja, toda vez que Kaitlin (a trooper mulher) se manifestar, vai ser igual um homem falando. Se você se der ao trabalho de navegar pelos samples de sound effects do menu de Opções, vai descobrir vozes extras que acabaram cortadas ou simplesmente nunca implementados da/na versão final do game!

Lista de agradecimentos pela cessão de informações e imagens

GAMEFAQS.COM:

Spideyissad

Pave

Bass_X0

Shotgunnova

MOBYGAMES.COM:

Alaka

SEGA-16.COM

NINRETRO.DE:

tet, resenhista da Video Games alemã, ed. dez/95

Thomas Hellwig, resenhista da Gamers alemã, ed. dez/95

Björn, resenhista da Mega Fun alemã, ed. dez/95

METALHEROES.WIKIA.COM

versão 2 – 2016; 2025.

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