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thunder force 4 (lightening force: quest for the darkstar) (gen)

REVIEW N° 1085 DO NEWGEN

Por Rafael “Cila” Aguiar

Genesis

Thunder Force IV

Lightening Force: Quest for the Darkstar (EUA)

FICHA TÉCNICA

Developer TechnoSoft

Publishers Sega / TechnoSoft / Samsung

Estilo Shoot ‘em up > side-scrolling

Datas de Lançamento 24/07/92 (EUA/JP), 12/92 (AUS/COR/EUR)

Incluído na compilação:

Thunder Force Gold Pack 2 (Saturn)

Relançado para:

Nintendo Switch

NOTA (Este escore é uma média dos principais portais de games na web e revistas antigas quando for o caso, e também engloba a opinião dos gamers visitantes, além da crítica especializada; não necessariamente reflete meu ponto de vista.)

9.25

E S T E   J O G O   É   P R A . . .
(   ) passar longe(X) dar uma jogadinha de leve
(X) dar uma boa jogada(X) jogar freneticamente
(   ) chamar a rua toda pra jogar(   ) uma incógnita
(X) um tipo específico de jogador
Quem… estiver atrás de um fortíssimo candidato para o título de “melhor shooter 2D de todos os tempos”.
Quem jogar este também poderá gostar de:
Bio-Hazard Battle (ARC/GEN/PC)
Gaiares (GEN)
Gradius III (SNES)
Life Force/Salamander (várias plataformas)
R-Type III (SNES)
Thunder Force III (GEN)
Thunder Force V (PS/SAT)
Thunder Force VI (PS2)
FAIXA DE VIDA ÚTIL ESTIMADA

 De 2h a 12h

Na América do Norte, o nome do jogo é Lightening Force. A primeira palavra não existe no dicionário do inglês. Lightning, sim. Relâmpago. A Força-Relâmpago, um bom nome para um jogo de tiro de nave frenético! Mas tinha um E no meio do caminho. No meio do caminho tinha um E. Claro, os japoneses são conhecidos pela péssima pronúncia da língua inglesa… Mas isso não justifica erros ortográficos, afinal eles são estudiosos. E uma empresa que cometesse um erro dessa envergadura bem no título de sua obra estaria fadada à falência. Bom, a TechnoSoft não existe mais, já faliu. Porém, esse fato se deu muito tempo depois do lançamento de LF, e nada tem a ver com ele – pelo contrário. Então, por quê?!

Realmente, o erro de inglês no título do import product continua um mistério. Talvez um tipo de lavagem cerebral, para ver se ganhava DEZ nos reviews? Ok, essa foi péssima… Embora não distante da verdade ao vermos os altos escores atribuídos pela imprensa e os jogadores… Além do mais, até crianças sabem que trovão e relâmpago, embora associados, são duas coisas bem diferentes! Agora francamente: o que menos se entende é descartar o nome Thunder Force, já famoso e reputado na América, e deixar o jogo chegar aos EUA com um nome que nem precisava ter sofrido alterações: Thunder Force IV teria sido um sucesso ainda mais estrondoso – com o perdão do trocadilho – de vendas e um hit instantâneo nas prateleiras. É um título auto-explicativo, para quem conhece do riscado!

Thunder Force 1 é “o jogo que ninguém lembra”; TF2 é o primeiro shooter da história do Mega Drive e, se envelheceu mais do que devia, ainda é um dos campeões no quesito originalidade; TF3 é uma obra-prima. Ou era. Porque TF4 elevou muito os parâmetros; muitos, quase 30 anos depois, o consideram até hoje como o maior 2D shooter da face da Terra! Nem os avanços tecnológicos da era 32 bits permitiriam uma obra tão refinada quanto este ápice e fechamento da trilogia no console da Sega, e mesmo que TF5 e TF6 (PS2) sejam ótimos jogos, parecem ser menos apreciados pelos amantes da franquia… Ufa, acho que escolhi o game certo para revisar… Confesso que por causa da confusão suscitada pelo nome americano, ele esteve fora do meu radar por longos anos, a ponto de eu ter revisado Thunder Force III anos atrás e desconhecer por completo sua suprema continuação… Coisas da história dos videogames, rapaziada. Esta longa introdução é também um mea culpa biográfico!

ENREDO? MELHOR RESETAR!

Oh, há uma estória em TF4/LF em algum lugar, mas, sabe, ninguém perde tempo com esses detalhes num jogo tão frenético e agitado e… bom, você já entendeu que eu não vou contar absolutamente nada em termos de que planeta atacou quem, nem que raça alienígena está tentando dominar o universo dessa vez! Se você é um te-efista (o maníaco por TF, essencialmente) e ainda por cima adora conferir plots de jogos, o background ainda segue um aspecto irrelevante, já que quando TF5 saiu o pessoal da TechnoSoft deu um respawn na cronologia da série para que o enredo do quinto episódio fizesse algum sentido, comparado com os outros. Então, mesmo para os story-tellers obcecados, seria melhor começar por lá, para fugir das incoerências e multiversos…

SISTEMA DE JOGO

Pra começo de conversa a memória do cartucho de TF4 é dobrada em relação aos episódios II e III (estou falando de 8MB, o que fazia uma senhora diferença na época!), então a expectativa do gamer de que fosse encontrar mais níveis, armas e chefões foi atendida – EM ABSOLUTO.

A primeira inovação louvável é ser apresentado a um menu que serve de tela-título (primeira imagem) em que você deve optar por 1 dentre 4 cenários ou attacks: todas possibilidades paralelas de uma primeira fase. A dificuldade dos estágios está bem nivelada, então não fará diferença em termos de sobrevivência. Claro que a coisa vai esquentar gradualmente até que só quem possua reflexos notáveis queira explorar os últimos estágios da fita. Normal, nada de novo no front sideral…

Os mais imediatistas podem até ignorar esse menu inicial, apertar start e ir na ordem pré-configurada. Não tem nem aqueles primeiros 10 ou 20 segundos para se situar no ambiente: o tiroteio já come solto logo no começo da ação. Acostume-se, porque a transição entre as fases é idêntica: a música do próximo level já começa a tocar assim que você pulveriza o chefe do anterior e sua nave já aparece no meio do fogo cruzado – portanto, nada de largar o controle! Repare também na sensação de liberdade virtualmente infinita, embora seja um mero side-scrolling vertical: você pode “ir para baixo” e “para cima” da tela, porque o design dos níveis previu obstáculos maiores que o formato 3:4 do visor; esse toque artístico só pôde ser implementado, é verdade, graças a chips recentes (para 1992) que permitiam o famoso parallax scrolling

Quem jogou TF3 se sentirá como que em casa, já que o layout das armas ficou pelo menos 50 ou 60% idêntico. Aproveitou-se a base, e o arsenal foi enriquecido e melhorado. O conceito que define Thunder Force 3&4 são os nomes das duas principais armas ou estilos de tiro à disposição do gamer, Twin & Back. Para resumir e cortar papo furado, uma weapon é um canhão duplo localizado nas laterais, a outra permite atirar em inimigos pela traseira do seu veículo. Você irá revezar entre esses dois modos a maior parte do tempo. Mas eis que power-ups para engrossar e turbinar os tiros básicos terão de ser coletados se se quiser ter alguma chance contra os enormes e imprevisíveis chefões (e até sub-chefões): Blade, Railgun, Hunter (é, o tiro teleguiado está de volta!), Snake e Three-way. Blade é de longe o tiro esteticamente mais aprazível. O prêmio de arma mais versátil e redentora de apuros vai para a Hunter. E a taça de “anjo da guarda da vez” vai para o Railgun, pela sua função defensiva acessória. Snake será a preferida dos sádicos, pelo seu altíssimo poder de estrago.

Para não dizer que TF4 seja uma experiência perfeita para o shooter veterano, citaremos um defeitinho, na seção GRÁFICOS, e outro imediatamente: a nona fase foi feita intencionalmente escura para dificultar sua vida ao máximo, o que chega a irritar. A segunda metade do cartucho parecerá em descompasso com as 4 primeiras fases, mas esse comentário está restrito aos turistas do gênero, desacostumados com o ritmo e a abundância dos tiros na tela.

O facilitador para novatos são os fartos continues e vidas extras: nunca foi tão fácil terminar um TF, mas continua sendo uma missão deveras ingrata. De qualquer maneira, já ouviu dizer que tem louco pra tudo? Pois é, no menu de opções tem desde o nível Easy até o Maniac, para além do Very Hard

Se é que eu posso reclamar de alguma outra coisa na mecânica é que só um dos confrontos com chefes apresenta safe spots, até onde pude perceber (o quinto), o que significa que será impossível passar pela grande maioria dos bosses sem morrer várias vezes, pelo menos nas primeiras jogadas. Acho que isso é (mais) um elogio para os designers e um ateste da minha própria incompetência antes de qualquer coisa!

SOM

Eu li em fóruns nostálgicos na internet que a trilha sonora é lendária e até profetizou alguns dos desenvolvimentos da música pop do final dos anos 90 e começo dos 2000, particularmente no drum ‘n’ bass. Mas, sinceramente, entendo essa percepção como uma supervalorização: raramente um chip de console 16-bit permite música em qualidade stereo que nos dedicaríamos a ouvir fora de um ambiente de jogo, e não pude perceber nada de excepcional com relação à OST de TF4, mesmo na composição. Só posso imaginar que seja um grande mal-entendido ou que eu seja o cego (surdo) do negócio, por isso não descontarei nada referente ao SOM da minha nota final, apesar da dureza destes comentários. DICA: Após zerar, volte ao menu de opções; terá aparecido um sound test, que contém até faixas que acabaram não sendo utilizadas nas fases do jogo!

Sobre os samples de vozes, eles são sempre piores que a música no Mega, e eram chacota para os supernintendistas, e com razão. No caso de TF4, poucos samples são inéditos – preferiu-se reciclar os de TF2&3. Eu sinceramente não poderia ligar menos, já que os desenvolvedores tinham mesmo é de se concentrar na gameplay, o que fizeram, com sobras!

GRÁFICOS

A imagem sim consegue ser revolucionária e atemporal como o som não me parece ter sido jamais. O visual segue psicodélico e atmosférico ao extremo, um dos charmes da série. O número de sprites a mais graças ao atingimento do ápice técnico do hardware e à memória ampliada do cartucho ajudam a explicar por que esse é um dos jogos de tiro mais bonitos no mercado até a chegada do PlayStation e do Saturn na parada. Acho que no quesito gráfico, este clássico só perde, nos meados de 92 ou 93, para Bio-Hazard Battle no ramo dos retro shooters!

Thunder Force IV é constantemente citado pelos seguistas como prova cabal de que o hardware da Sega era mais capaz que o da rival Nintendo. Não vamos entrar no mérito dessa disputa infinita, mas a verdade é que TF4 NÃO foi lançado para SNES, sem que houvesse qualquer contrato de exclusividade da TechnoSoft com a Sega, e ao que tudo indica, se isso acontecesse, sofreria de slowdowns severos. Na máquina da Sega, Thunder Force III era o máximo que os gráficos podiam realizar sem se verificar qualquer tipo de lentidão não importasse o número de inimigos simultâneos na tela. Já neste capítulo da saga temos quedas no framerate episódicas, nada que mereça censura, sem as quais seria impossível renderizar toda a belezura dos visuais. Acontece que a clock speed da CPU do Super NES realmente era inferior à do Genesis, a despeito de seus demais méritos técnicos, então TF4 pode ser impunemente citado pelos adeptos da plataforma da Sega, com certa dose de orgulho paternal, como um exemplo e tanto de “vitória sobre a concorrência”!

Caras sem reflexos de águia (?!) ou guepardo como eu até preferem as ocorrências de slowdown nas últimas fases para poderem escapar de alguns padrões de tiro que parecem indecifráveis e indesviáveis. Então o leve defeito número 2 de TF4 pode até ser encarado, sem forçar a barra, como uma qualidade a mais.

Uma curiosidade final: Lightening Force/TF4 foi programado para rodar na mesma velocidade nas versões PAL e NTSC. É a primeira vez que eu ouço falar desse sincronismo entre versões europeias e não-europeias de um jogo na minha vida inteira! Normalmente os jogos em PAL (continente europeu) rodam 16% menos frames por segundo (taxas de 60fps caem para 50, em média), o que NÃO acontece com este jogo em especial – nenhum inglês, alemão, holandês, croata, espanhol, francês, italiano ou russo apreciador de shooters e de ação intensa tem do que reclamar!

CONCLUSÃO

Após a introdução, a resenha se dedicava essencialmente a mostrar as razões pela fama imortal deste épico, cabendo a mim confirmar, neste último parágrafo,¹ se Thunder Force 4 merece ou não ser chamado, enfim, de “melhor shooter da História”. Não digo que sim nem que não, muito pelo contrário… Brincadeirinha. Se é para afirmar, assim, na lata, diria que todos os ingredientes estão na receita – se este será seu preferido dentre os concorrentes, é mais questão de gosto pessoal do que de qualquer outra coisa.

¹ Penúltimo, antepenúltimo… Como vocês repararam, eu fui tendo de acrescentar outras coisas e acabei alongando um pouco este review!

Comparando com os próprios aprendizados da TechnoSoft, temos uma obra milhas à frente e mais qualificada que TF2 e um jogo (ainda) mais intenso e mais acessível que TF3 (fora que tem o dobro do tamanho, falando em termos de fases e minutos de jogo mesmo, além dos megabytes do cart), lembrando que o terceiro episódio da franquia tem um nível de dificuldade absurdo até para este gênero já consagrado pelo seu doloroso nível de dificuldade. Por fim, TF4 tem, entre todos os irmãos mais velhos, os mais lindos dos cenários: eis um belo cartão de visitas para o Genesis, mostrando do que um hardware forçado aos limites era capaz.

Visto que já entramos em tantos detalhes no ramo dos shooters, não custa nada dar algumas recomendações para o te-efista que percorreu toda a leitura conosco: também vai ser muito divertido conferir Gaiares, o primeiro cartucho de 8MB lançado para o console (em 1990!), cujo artwork estilo anime vai encantar a maioria, e Gleylancer (até 2007 conhecido somente como Advanced Busterhawk Gley Lancer – mas, no ano seguinte, finalmente apresentado ao público ocidental por meio do Virtual Console!). São dois jogos cujo hype na comunidade cult não mente. Todavia, nenhum deles é tão íntegro, completo e perfeito quanto Thunder Force IV.

PREMIAÇÕES CONHECIDAS: Eleito o segundo melhor jogo de Genesis de 1992 pela revistaPower Play.

Lista de agradecimentos pela cessão de informações e imagens

GAMEFAQS.COM:

KFHEWUI

Xcarvenger

HONESTGAMERS.COM:

Marc Golding

MEANMACHINESMAG.CO.UK:

Damo

yoghurt_dog

MOBYGAMES.COM:

Unicorn Lynx

QUEBECGAMERS.COM:

Sonny Benoît

RETROARCHIVES.FR

SEGA-16.COM:

Daniel Bärlin

GenesisShmupFan

versão 2 – 2019; 2025.

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