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purikura daisakusen (arc & sat)

REVIEW N° 1058 DO NEWGEN

Arcade & Saturn

P[u]rikura Daisakusen

F I C H A   T É C N I C A

Developer Atlus

Publisher Atlus

Estilo Shooter > Anime > Isometric

Datas de Lançamento:

ARC – 1996 (JP)

SAT – 15/11/96 (JP)

NOTA

7.82

Este jogo é pra…

(  ) passar longe  (X) dar uma jogadinha de leve  (X) dar uma boa jogada  (  ) jogar freneticamente  (X) chamar a rua toda pra jogar  (X) um tipo específico de jogador. Qual? O Power Instinctista; amantes de shooters híbridos, com elementos dissolvidos de RPG; os mais velhos que ainda se lembram dos chefões dignos que ocupavam a tela inteira.  (X) incógnita

Vida útil estimada: 10h

As 16 imagens a seguir são para a plataforma Arcade:

Prikura Daisakusen é uma senhora razão por que gamers do mundo inteiro podem e devem lamentar a extinção de uma grande publicação impressa na área, a revista mensal Gamefan. A Gamefan era notória pela sua honestidade brutal nos reviews. E os caras tinham pendores sobrenaturais para achar jogos que não eram facilmente detectados pelo radar do mundo mainstream. Alguns destes títulos eram justamente reconhecidos como pérolas e recomendados para a comunidade gamer. Destarte, a Gamefan era quase o único meio de acesso de fatias do grande público a clássicos obscuros. Como fui sempre um cara que acompanhou a mídia estrangeira ou por bancas especializadas ou pela internet (estamos falando do fim dos anos 90 e começo dos anos 2000, quando este projeto rafazardly-então NewGen- nasceu, e a imprensa escrita começou uma inadiável crise), posso dizer que a Gamefan era certeira em seus prognósticos, e nunca me arrependo de ter seguido qualquer indicação da equipe jornalística! Como que num monumento a essa era da romântica cobertura profissional em que jatos e jatos de tinta eram gastos para rodar a “porra” toda, trago a análise de P[u]rikura Daisakusen [a grafia depende da fonte; confesso que não entendo essas variações do japonês, mas a versão Arcade sempre consta com um “u” extra!], que deu as caras na seção Graveyard (cemitério) da última edição da Gamefan. PD passou tão batido em sua época que até os garimpeiros da própria Gamefan demoraram a se dar conta do fenômeno. Quando o Dreamcast já estava na crista da onda, descobriram que importar este shooter nipônico, CD de Saturno, era um achado.

Concebido já no hardware saturniano ST-V nos fliperamas, a conversão para o 32-bit da Sega era um processo natural, e tinha mesmo de ser virtualmente perfeita, tanto é que ambas as versões compartilham da mesma nota. Mas o que é, afinal, Prikura? Trata-se, preliminarmente, de um spin-off da série Power Instinct, conhecida dos porradeiros noventinos. Clara (Kurara no Japão), um dos personagens selecionáveis do fighter, finalmente ganha ares de protagonista, tamanha sua popularidade dentre a fanbase. Não só Clara é a estrela, mas também Kilala, uma espécie de irmã gêmea, e seu parceiro romântico [o de Clara, que fique bem claro], um gato gigante com um sino no pescoço (fãs de Ranma ½ vão pirar!), mas que na verdade é um homem preso num feitiço (mais detalhes a seguir). Por que razões o trio deve combater o mal?

Estamos no mundo-clichê do Milagre (Miracle World), subitamente invadido pelo Império da Sucata (Scrap Empire). A rainha daquele mundo, irmã de Clara e Kilala, é seqüestrada; os pacatos habitantes do lugar são convertidos em animais e trancafiados em armaduras metálicas de robôs (ó, parece mais um plano do Doutor Eggman Robotnik!). O único guerreiro com conhecimento e habilidade suficiente para, neste momento, derrotar o império invasor seria Grey O’Brien (Gurey no Japão). No entanto, ele foi transformado em felino, como antecipamos acima, perdendo parte de seus incríveis poderes. O que Grey pode fazer agora é juntar forças com as irmãs da raptada, contando com a energia da fraternidade e do amor nesta terra dos milagres… ❤

O que Grey tem de tão especial além das quatro patas? Como fiel servo da rainha, ele havia sabido pela própria que o único método de derrotar o Império da Sucata é localizando a Miracle Gem, Gema Miraculosa. Ao compartilhar o plano com as duas preocupadas irmãs, Clara, Kilala e Gurey se tornam um time e partem rumo ao desconhecido.

Enredo simplesinho, jogabilidade também, mas complexa na medida certa, quando se faz preciso! Locomove-se em oito direções bidimensionalmente (com pseudoprofundidade tridimensional), depois de optar por qualquer um do trio (lembrando que há partidas multiplayer aqui). O botão 1 do Arcade ou o A do Saturn dispara projéteis, o ataque mais comum do jogo, na direção para a qual o personagem está mirando. Clara emite estrelas, Kilala arremessa sincelos (pedras de gelo) e Grey The Cat prefere ofensivas cuspindo bolas de fogo. Não é necessário apertar o botão várias vezes para tiros múltiplos: basta segurar e a rajada será contínua, ininterrupta e, o melhor, cambiável de direção caso o gamer manipule o direcional a seu bel prazer. O botão 2 ou o B do Saturn é o melee attack, ou seja, o bom e velho golpe grosseiro à curta distância. Assumir-se-ia um péssimo gesto por parte do jogador, num shooter comum. Mas não é o caso de Prikura Daisakusen, em que esta modalidade de ataque possui diversas vantagens. Uma delas é rebater projéteis inimigos, mas não pára por aí (próximos parágrafos). A arma de curto alcance de Clara é um martelão; a de Kilala, uma corrente com uma bola com espinhos na ponta; a de Grey são garras afiadas.

Ao destruir um oponente, ele vai deixar para trás um animal (na verdade, a armadura vai ceder e libertar o antigo hominídeo, transformado por encanto!) ou uma jóia, dependendo da forma de morte: shot attack para o primeiro e close range attack para a segunda. O objetivo dessa dualidade é que no fim do nível seus itens (sejam animais, sejam jóias preciosas) serão computados e poderão resultar em premiações. Cada um dos três characters selecionáveis possui uma espécie de mascote que o acompanha nas sessões de tiro (e ele costuma ser maior que seu dono, veja nas imagens). Esta é a hora em que ele poderá sofrer upgrades, com base em seu desempenho. Diferentes combinações de animais + jóias gerarão transformações diferenciadas. Na realidade o parceiro ainda está incubado no começo, e não pode ajudá-lo na primeira fase. Em forma de ovo, ele não significa nada até ser chocado com pontos após os chefes. Na primeira evolução é possível escolher (isto é, coletar mais jóias ou animais propositadamente) entre duas formas; na próxima evolução, há 3 caminhos para sua criatura seguir, dependendo da proporção adquirida destes dois itens coletáveis; na terceira evolução, são 4 formas, e estas são as finais. Na realidade só 2 das 4 derradeiras aparências são de fato úteis, a Valquíria e o Zumbi ou Lich. Como o jogo é curto, uma das motivações para replays é verificar todas as formas e evoluções do seu mascote, sem exceção. Qual a maior utilidade dos bichanos?, você se pergunta. Ajudando pouco ou muito a combater os inimigos da fase, a principal função dos partners é desencadear um poderoso summon attack (magia que depende da pressão de apenas um botão) para desafogar a tela. Obviamente, tal qual a bomba do Star Fox, não é um recurso que se poderá utilizar excessivas vezes…

Outro benefício de utilizar ataques de curto alcance contra os adversários é proporcionar reações em cadeia: ao golpear um rival, ele não desaparece na hora, mas viaja pela tela com o impacto da porrada. Todos os outros que ele arrastar consigo, em sua trajetória retilínea, serão igualmente eliminados, num acontecimento que pode se tornar um combo homérico!

A apresentação é exuberante, mas ninguém esperava menos da famosa Atlus. Os gráficos são coloridos, mas os produtores não tiveram vergonha de acinzentar os tons quando se fazia necessário. O artwork é mesclado: alguns modelos parecem ter sido bem mais trabalhados que outros, pois há muito assunto para comparações. Os chefes, por outro lado, são todos espetaculares de se ver e merecem por si sós uma jogadinha em Prikura Daisakusen. Só para nomearmos três: vários robôs-aranha (de uma vez só); uma nave gigantesca; um dragão mecânico que cospe fogo e tudo. E esse elenco é só metade dos bosses!

PD nunca foi o jogo mais fácil de rotular: clássico tiro 2.5D com nuvens de inimigos, mas com elementos de Plataforma e até várias características de Role Playing Games… Citando novamente a complexa característica dos ataques de raio pequeno, já que cada personagem se comporta de uma maneira diferente é como se cada um tivesse uma ficha e o gamer houvesse de escolher, baseado na sua própria personalidade, qual se encaixaria melhor com seu padrão de jogo. Grey é o melhor melee attacker do bando, mas seus projéteis são ridículos; Clara/Kurara, que é a ruivinha mais sexualmente agressiva, vestida de vermelho, é de longe (literalmente) a melhor atiradora, mas péssima meleer. Kilala, a ruivinha de azul, mais comportada e tomboy-ish, é a personagem mais equilibrada e razoável entre esses dois extremos. O jogo começa mais simples e bobinho do que um veterano poderia desejar, mas não demora até que se suba uma rampa em termos de dificuldade e se sinta falta da brisa dos primeiros estágios. O triste da estória é que passa muito rápido. É possível zerar o game em de 25 a 30 minutos (desde que se possua a habilidade requerida). Esse pode ser um fator contra COMPRAR o game na cabeça de muitos.

Independentemente da pouca longevidade, Daisakusen é altamente recomendado, afinal eu confio nos caras da Gamefan! É uma vergonha que a única maneira de jogá-lo seja importando o CD saturniano. Ou seja: a versão de fliperamas está extinta no mercado. A Atlus devia considerar um relançamento para serviços digitais como o Steam, a fim de apresentar este épico noventino para as massas ignorantes e chupadoras de dedo que só conhecem do PlayStation4 para frente…

Uma das minhas tracks favoritas é a do terceiro mundo; mas em termos de chefe, eu ficaria com o tema de Death Scissor!

TRIVIA 1: Existe a opção, a partir da tela-título, de escutar a backstory individual de cada um dos três personagens. Toque interessante, mas vale lembrar que é em japonês!

TRIVIA 2: Um dos bônus por completar a narrativa em determinadas condições é destravar um gallery mode com opção de comentários falados que explicam o contexto das imagens! Novamente a língua pode ser a maior barreira a fim de se curtir o prêmio…

Rafael de Araújo Aguiar – também conhecido como “Cila” nos círculos íntimos – é funcionário público na área da educação e um tanto apaixonado pela forma velha de se programar jogos

Lista de agradecimentos

gamefaqs:

Katon

Mr. RPG

randomacc.net:

Matt

mobygames:

666gonzo666

versão 2 – 2015; 2024.

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