review 0ldbutg8ld #1126
obs: nós não seguimos o acordo ortográfico lusitano de 2009!
Por Rafael “Cila” Aguiar
Arcade & NES

Rush’n Attack
| F I C H A T É C N I C A |
| Developer(s) Konami |
| Publisher(s) Konami |
| Estilo(s) Ação > Plataforma 2D > Proto-Run ‘n’ Gun |
| DATA(S) E REGIÃO(ÕES) DE LANÇAMENTO |
| ARC 1995 (JP, EUA) NES 04/87 (EUA), 08/06/89 (EUR) |
Também incluso na(s) compilação(ões):
| N.A. |
Quem jogar este também poderá gostar de:
(Em vermelho, os jogos que já revisamos – se não estiver linkado, ainda não foi “upado” no novo blog.)
Contra (NES)
Mega Man (NES)
Metal Gear (NES)
| NOTA(S) |
(Cada escore é uma média dos principais portais de games na web e revistas antigas quando for o caso, e também engloba a opinião dos gamers visitantes, além da crítica especializada; não necessariamente reflete meu ponto de vista sobre o jogo.)
6.5 (NES)
6.4 (ARC)
| ESTE JOGO É PRA… | |
| (X) passar longe | (X) dar uma jogadinha de leve |
| ( ) dar uma boa jogada | ( ) jogar freneticamente |
| (X) chamar a rua toda pra jogar | (X) uma incógnita |
| ( ) tipos específicos de jogador. Quais? | |
| FAIXA DE VIDA ÚTIL ESTIMADA | De 9h a 12h. |
Rush’n Attack foi desenvolvido pela Konami originalmente como um jogo de Arcade em 1985, havendo demorado 2 anos para desembarcar no NES. Da mesma safra ou Zeitgeist que jogos como Paperboy e Trojan, é um representante perfeito duma época de transição na história dos videogames, em que os lançamentos começaram a perder a feição arcade tradicional, baseada num conceito simples e reiterado durante toda a experiência, em que o mais das vezes o único objetivo do controlador é atingir um high score e não é raro que tudo se passa numa mesma tela. Conseqüentemente, no âmbito dos jogos a envolver o tema da guerra e da própria evolução da Konami como developer e publisher, Rush’n Attack pode ser considerado um dos pais da série Metal Gear. Do meio para o final dos 80 os jogos começaram a se mover rumo a uma estrutura mais “narrativa”, com o que hoje chamamos de fases, i.e., instâncias com características mais individuais, girando em torno de objetivos mais complexos que o que era costume até então. Os jogadores poderiam assumir algum papel e encarar uma jornada até seu fim, sendo brindados com um epílogo por seus esforços. Claro que não foi algo repentino e sem demarcações. Os primeiros jogos dessa leva ainda retêm um bom naco do DNA arcadeano, então Rush’n Attack acaba sendo uma mistura do velho e do novo em gestação, muito embora os programadores tenham tentado mascarar a parte “repetitiva” da gameplay o máximo possível, como veremos. Foi este um capítulo dentre vários do desabrochar que tornou os 8-bit imortais para todos nós.

Assim que se dá uma olhada na capa do jogo é inevitável revirar os olhos nem que um pouquinho, no caso do bom entendedor do inglês e das circunstâncias históricas: é um trocadilho entre rushing (apressado) – que tem já o mesmo som de rush and (se apressar e…) – e “Russian”, Ataque dos Russos. Os jogos são conhecidos por, pelo menos antigamente, não serem abertamente políticos, mas eis aqui um exemplo de innuendo. Com efeito, nada dessa referência ianque patriota está na concepção original (a Konami é japonesa): o nome do jogo antes da transposição ao mercado estadunidense e europeu é Green Beret (boina verde), no Famicom Disk System. O conceito é: um soldado, solitário (ou acompanhado de um outro, no caso de uma partida multiplayer), é enviado a território inimigo com apenas uma faca militar como arma (!). O soldado deve percorrer 6 fases prenhes de inimigos e obstáculos, matando um chefe diferente de cada vez, tudo visando à desativação de uma arma secreta superpoderosa possuída pelo exército inimigo (a União Soviética). Esse último detalhe é mais uma hint de que eu não estou associando Metal Gear a RA por mero capricho! Ao longo do caminho o guerrilheiro pode apanhar armas de fogo também, e itens que dão-lhe algum refresco maior ou mais uma habilidade. Tem, p.ex., o rocket launcher, que dá 3 disparos horizontais, a granada, para explodir todos num determinado raio, e uma estrela que rende invencibilidade temporária (It’s me, Mario!). Se estiver jogando a dois, ambos se movem ao mesmo tempo e na mesma tela, o que é uma dinâmica surpreendentemente divertida para um conceito ainda tão reto e direto.

Depois de jogar por algum tempo, e em mais de uma fase, o jogador e resenhador perceberá que Rush’n Attack ainda é, no miolo, um arcade game, pois a mesma estrutura e missão se reiteram: a parte side-scrolling que varia os obstáculos e paisagens tende mais ao futuro, mas o modus operandi de desviar do fogo inimigo e retaliar é puro arcade old school. É, por exemplo, um jogo menos dinâmico que Contra. As 6 fases são singulares graficamente, mas isso são vestes para adornar uma mesma “criatura”. Você se desloca sempre para a direita e quase sempre há dois ou três andares interligados por escadas, pelos quais você opta por seguir. O tempo inteiro soldados russos nascerão à esquerda e à direita, se mobilizando até o soldado americano, e ao mesmo tempo obstáculos e inimigos fixos e sem mobilidade, em menor número, surgirão de tempos em tempos em pontos marcados. Os seus movimentos, por sua vez, são um tanto limitados: correr para a esquerda e a direita, agachar-se, pular e estocar com a faca ou qualquer arma que também estiver equipada. Os controles são um tanto mais enferrujados que os de iterações 8-bit mais avançadas como o citado Contra e Super Mario Bros. O pulo é feito com cima no direcional, e uma vez o soldado saído do solo a trajetória de seu salto já está definida. Sendo assim, após algum tempo jogando, tudo em Rush’n Attack parecerá muito semelhante, mais equiparável a um button masher monótono que a um jogo frenético e um shoot ‘em up 2D propriamente dito.

RA é desafiador, e a curva de dificuldade ao menos é gradual o bastante, a primeira fase sendo uma brisa e o jogo se tornando mais e mais difícil por etapa. Talvez seja em geral muito árduo para uma boa camada de jogadores contemporâneos, ainda mais por oferecer tão-só 3 vidas e zero continues. É um daqueles jogos de NES muito curtos que tinham de ser compensados por uma dificuldade que garantisse o replay da fita.

Os gráficos e o som são os atributos que melhor envelheceram. Há um tom sério de batalha, conseguiram o efeito atmosférico desejado. Para o Nintendinho os cenários são bem-detalhados, indo de hangares a refinarias de petróleo e campos de aviação. E tudo parece estar sempre cheio de sujeira, poeira e fuligem, exatamente como na vida real. Também não sou nenhum especialista em maquinaria bélica, mas ouvi dizer que os veículos retratados neste jogo são réplicas ideais de suas contrapartes verídicas. A aparência dos inimigos vai mudando pari passu o cenário, algo raro nos 8 bits. Algo passível de crítica é que a despeito de haver 6 fases só há 3 músicas. Se os programadores foram tão longe com os gráficos individualizados por estágio, faltou esse esforço maior na sonoplastia.
O fato de que há inimigos prefixados e outros que surgem aleatoriamente foi feito para que houvesse a mescla de dois estilos de jogo diferentes e a necessidade de que o jogador voltasse a enfrentar as fases a fim de melhorar seu desempenho, sem contar que as experiências podem mudar ainda que a tática permaneça a mesma, graças a essa contingência presente. Num jogo com tão poucas vidas e exígua margem para erros, qualquer inimigo que fuja do radar pode ser fatal.

Rush’n Attack é um jogo razoável, muito datado, um produto de seu tempo. Nunca será citado em listas dos melhores jogos de todos os tempos (nem dos piores), e outros episódios da saga dos 8 bits como Contra e Mega Man cedo colocariam sua fórmula debaixo dos escombros (e olha que tenho minhas restrições em relação a estes!).
֍
Lista de agradecimentos pela cessão de imagens e informações:
GAMEFAQs
Hardkoroff
MISTA_RYE
Bass_X0
HARDCOREGAMING101.NET/
Kitty
MOBYGAMES
versão 1
® 2002-2024 0ldbutg8ld / RAFAZARDLY!