review 0ldbutg8ld #1121
obs: nós não seguimos o acordo ortográfico lusitano de 2009!
Por Rafael “Cila” Aguiar
3DS & PSP


One Piece:
Romance Dawn
One Piece: Romance Dawn – Bouken no Yoake (Japão)
| F I C H A T É C N I C A |
| Developer(s) Three Rings |
| Publisher(s) Bandai Namco |
| Estilo(s) Role Playing Game > Batalhas em turnos Role Playing Game > Dungeon-crawling |
| DATA(S) E REGIÃO(ÕES) DE LANÇAMENTO |
| PSP 20/12/12 (COR/JP/Ásia) 3DS 08/08/13 (JP), 28/11/13 (OCE), 29/11/13 (EUR), 11/02/14 (EUA) |
Também incluso na(s) compilação(ões):
| N.A. |
Quem jogar este também poderá gostar de:
(Em vermelho, os jogos que já revisamos – se não estiver linkado, ainda não foi “upado” no novo blog.)
N.A.
| NOTA(S) |
(Cada escore é uma média dos principais portais de games na web e revistas antigas quando for o caso, e também engloba a opinião dos gamers visitantes, além da crítica especializada; não necessariamente reflete meu ponto de vista sobre o jogo.)
5.9
| ESTE JOGO É PRA… | |
| (X) passar longe | (X) dar uma jogadinha de leve |
| ( ) dar uma boa jogada | ( ) jogar freneticamente |
| ( ) chamar a rua toda pra jogar | (X) uma incógnita |
| (X) tipos específicos de jogador. Quais? | |
- Apenas para fãs do anime com horas vagas.
| FAIXA DE VIDA ÚTIL ESTIMADA | De 20h a 50h. |
Um jogo que, entendedores entenderão, não sai da primeira marcha…
Obs: Todas as imagens pertencem à versão PSP.
Forasteiros ao mundo de One Piece by Eiichiro Oda, aqui vai um rápido resumo: essa é a história de Monkey D. Luffy, um jovem de 17 anos que inicia sua jornada a fim de se tornar o Rei dos Piratas em plena Grande Era dos Piratas, iniciada pouco antes de Luffy nascer graças à execução, pela marinha, de Gold Roger, o primeiro Rei dos Piratas. Luffy visitará ilhas onde causará tumulto, ajudará a encurtar a carreira de tiranos e recrutará novos membros para sua tripulação, que no começo era só ele mesmo, bem no jeito Role Playing Game de ser (em suma, digamos que Luffy sabe instintivamente o que fazer para ser lembrado por muitos anos por onde quer que passe…)! O único pré-requisito para ser do Bando dos Chapéus de Palha (o grupo de Luffy) é: ser bem maluco. Malucos se entendem, então a tripulação dá seu jeito. Os vilões deste universo são tão bizarros e amalucados quanto os próprios protagonistas, a propósito, lembrando que Luffy pode estirar que nem borracha. Já seus adversários contam com poderes que vão do igualmente engraçado e ridículo ao mais ominoso e terrível – assim é One Piece, oscilando do mais cômico ao trágico e épico. Nem é preciso dizer que One Piece virou um meme reconhecível até para quem não sabe a sinopse do mangá/anime: é aquela produção que está rolando desde 1997, já conta com mais de 1100 capítulos e não tem uma data específica para terminar, embora em 2024 esteja adentrando seu endgame (sabemos, ao menos, que o epílogo será nessa década, se nada de substancial acontecer que me desminta!)…
Primeiro de tudo, Romance Dawn é o pior subtítulo imaginável: esse é o nome do primeiro arco da estória, totalizando meros 4 episódios do anime, o que hoje monta a menos de 0,4% do total – mas na realidade o jogo cobre cerca de 50% da narrativa! Ou seja, nessa estranha matemática metonímica 4 episódios acabaram batizando outros 500, até a conclusão da guerra em Marine Ford… isso porque episódios filler ficaram de fora (ou, do contrário, seria impossível que o jogo contivesse tanto material). É uma longa jornada, de fato, mas no mangá ou no anime ela passa voando, de tão boa; e no jogo ela passa mais rápido (coisa de 20h, se o jogador não se esforçar para completar todas as side quests) devido à miséria e esqualidez do “esqueleto” da gameplay. Infelizmente já adiantamos que a licença, os acontecimentos da narrativa e os personagens são a única graça e incentivo para prosseguir em meio à mediocridade reinante.

Em segundo lugar, quando o jogo saiu esses 500 e tantos episódios canônicos equivaliam a cerca de quatro quintos da história total, mas sacrifícios tiveram de ser feitos para que uma parte tão grande do story-telling fosse contemplada: dois arcos, Skypiea e Sabaody, foram cortados. Na minha opinião de fã, crime gravíssimo passível de execução em praça pública (de preferência em Loguetown)! Só não digo que os dois arcos cortados eram vitais porque todo arco de One Piece é vital para sua primorosa e orgânica história…
O enredo é recontado de forma condensada estilizadamente, em painéis feitos para remeter ao mangá, incluindo os balões de fala dos personagens em cena que o controlador avança com a tecla de ação (não há dublagem, o que acrescentaria muito ao produto). Os modelos são animados em poucos quadros. Somente em ocasiões especiais é que cenas do anime em alta fidelidade rolam na tela. Infelizmente essas seqüências com muitos balões não são passíveis de skip, o que pode irritar o fã (ironicamente, já que ele é o único público-alvo do jogo), já careca de saber do conteúdo — fã que desejaria, como o protagonista, cair logo na porrada e deixar de papinho furado.

Todo RPG possui um mínimo de elementos característicos, e este é o caso de OP:RD. O problema é se contentar com apenas isto. Segue-se do início ao fim num ciclo cutscenes-dungeon-chefão-cutscenes… O que mais ofende são as dungeons ou todos os níveis jogáveis: corredores extensos, cheios de ramificações e todos iguais, sem qualquer variação ou possibilidade de interação mais profunda além de conter itens em baús e inimigos passeando. É uma experiencia linear e extremamente repetitiva. Mais nauseabundo é que a locomoção dos personagens é lenta e não há uma bússola. Há até um mapa, mas quando se gira pelo cenário ele roda junto, o que desnorteia o explorador, como se ele fosse o Zoro! Se apenas os pontos cardeais servissem de referência… Nem sei por que cheguei a batizar o jogo de dungeon-crawler, já que nem vem a ser o rótulo adequado: as dungeons são apenas corredores, e de toda forma seu inventário não comporta nunca cem por cento dos itens amealháveis num mesmo estágio, o que reduz ainda mais o ímpeto de ir atrás de loot (justo num jogo de piratas!!).
O único incentivo genuíno para jogar OP:RD em vez de simplesmente assistir o anime ou ler o mangá seriam as batalhas de turno. Como elas se saem? Controlam-se no máximo 3 Straw Hats num espaço tridimensional. É possível elaborar cadeias de golpes, ou seja, combos, o que garantirá turnos com critical hits. É preciso alguma prática para acertar no timing, o que torna o sistema de combate mais instigante do que normalmente seria. Do 2×2 que representa a batalha de chefes contra Hatchan e Kuroobi, p.ex., jogadores sem técnica e expertise não passarão. Dom Krieg, um arco antes, também vem a ser o primeiro inimigo realmente difícil do jogo, e isso porque Sanji precisa tomar conta dele sozinho. Confesso que não cheguei tão longe, mas outros resenhistas definiram o arco de Enies Lobby como o mais complicado, justamente pela excessiva fidelidade ao roteiro (forçando os mesmos personagens da estória a enfrentar os antagonistas que lhes estão reservados, sem possibilidade de ajuda remota).

As lutas também exigem posicionamento tático no “tabuleiro”, embora sua eficácia seja questionável. Você pode se mover livremente no seu turno até o primeiro dos ataques a que tem direito, mas saindo de um círculo demarcado no chão começa a ser penalizado, com mais dano, caso seja atingido a seguir, e menos hit points a favor, na hipótese de encaixar golpes. Esse recurso é bom para ir com mais calma e prudência nas batalhas – mas somente fora dos chefes, porque a importância das coordenadas está em que é possível provocar dano em linhas retas, em múltiplos adversários, ao passo que chefes vêm quase sempre apenas um por vez, fora que são mais difíceis de derrubar e atravessar (o que é delicioso de fazer com os buchas de canhão da marinha!). Não é o suficiente para que enquadremos One Piece no gênero tático. Além disso, alguns reclamam que os turnos podem virar exercícios de espancamento aleatório dos botões para desencadear os combos. Não é um sistema de batalha horroroso, nem sensacional — talvez se fosse perfeito salvaria a reputação do jogo inteiro, visto que temos corredores sensaborões no lugar de verdadeiros labirintos!

Às ações possíveis nas batalhas: defender, fugir, usar item ou atacar. Todo personagem tem seus ataques básicos que não queimam Technical Points (TPs, que são conquistados justamente desferindo ataques comuns) e os tais movimentos especiais ou técnicos, que usam os TPs acumulados. São permitidos múltiplos ataques por turno, como já deixei entrever, maioria das vezes 4, mas há sempre condições contingentes que reduzem ou ampliam esse número-base, podendo o controlador misturar os golpes comuns com técnicas especiais sempre como as últimas do combo. Vencer resulta em premiação em berrys (o dinheiro em One Piece), EXP e SP, special points, que o jogador deve usar nos menus fora dos labirintos e combates a fim de incrementar a ficha de seus personagens. O mais bacana é que os ataques especiais não são firula sem relação com a mídia de inspiração, mas as mesmas técnicas do anime, como o Gomu Gomu no Rifle ou os Three Thousand Worlds dos dois primeiros tripulantes dos Mugiwara, ou o ultra-veloz Humming Notched Arrow Strike de Brook a partir de Thriller Bark. Os membros do bando terão 5 ou mais até o fim da saga.
O sistema de itens equipáveis é bem pés-no-chão (cada um terá um slot para chapéu ou peça de cabeça, roupa, sapatos e mais um acessório, como pulseira ou colar), enquanto que o sistema de crafting (forja de novos itens como aqueles usados para reaver energia, pontos especiais, boost temporário na defesa ou no ataque) se mostra relativamente mais rico e robusto.

Romance Dawn tem o mérito de ser o primeiro RPG de One Piece a realmente mergulhar na estória (sem trocadilhos com a condição de Luffy, que não pode nadar, ou seja, mergulhar no mar), diferentemente de outros jogos, que preferiram criar seus próprios enredos menores, como é o caso de Unlimited Adventure (Wii, 2007) e Unlimited Cruise (toda uma série spin-off no Wii e 3DS). Mas quase podemos dizer que os méritos vão parando por aí. A “carne” deste RPG é sofrível, muito magra e pouco nutritiva. Nenhum não-fã se sentirá tentado a abocanhar esse prato, que deixaria o faminto Luffy à míngua ainda que pudesse pedir mil reprises no Baratié. Talvez em coisa de uns 4 anos tenhamos uma seqüência simétrica com o Novo Mundo contemplado, e mecânicas aprimoradas, finalmente fazendo jus ao gênero e à franquia? Não custa nada exigir isso da Namco – ou nem precisam se preocupar com uma continuação!
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Lista de agradecimentos pela cessão de imagens e informações:
GAMEFAQs:
Awasai
bamfdacoco
yugoichi
IGN:
Kallie Plagge
versão 1
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