PC & Xbox

Land of The Dead:
Road to Fiddler’s Green
F I C H A T É C N I C A
Developer Brainbox Games
Publisher Groove Games
Estilo Ação > Survival horror > Adaptação dos cinemas
DATAS DE LANÇAMENTO:
PC
20/10/05 (EUA)
X
26/10/05 (EUA)
NOTA
5.1
Este jogo é pra…
(X) passar longe ( ) dar uma jogadinha de leve ( ) dar uma boa jogada ( ) jogar freneticamente ( ) chamar a rua toda pra jogar (X) um tipo específico de jogador. Qual? Só quem gosta muito de zumbis e se masturba para glitches gráficos da geração PS2/X. ( ) incógnita
O melhor do game é a informação da caixa: “baseado em filme de George Romero”
Adaptado do longa-metragem sobre zumbis de George Romero (pleonasmo), Land of The Dead, do início de 2005, Terra dos Mortos por aqui, LD:RFG não consegue fazer as vezes de Resident Evil em nenhum momento. Os controles são lentos e a mecânica falha. Ou estamos diante de uma vanguarda dos games que ainda não somos capazes de usufruir e entender em toda sua riqueza e magnanimidade, ou realmente deu tudo errado e este é um dos piores títulos para Xbox e PCs da época! (Atualização de 2023: realmente deu tudo errado; permanecemos achando este jogo uma bosta, embora as médias de escore de usuários tenha alavancado o jogo, que não levou uma “nota verde”, a nota vermelha – boletim do mau aluno – no sistema rafazardly!)

O protagonista do conto miserento dos undeads da vez é Jack, um caipira já com certa experiência no ramo da matança de mortos-vivos. A seqüência animada começa quando Jack recebe uma estranha visita. Ali, na soleira da porta da frente, está um zumbi devorador de cérebros. Jack mal tem tempo para pensar na fuga que começa. Agora revira sua propriedade em pânico procurando por armas, munição e suas chaves. Bem rapidamente, Jack se vê em meio a uma invasão em massa de zumbis, que progridem lentamente pelo modesto cercado. Quando a situação se torna insustentável, Jack tenta chegar à fazenda do vizinho, primeiro atravessando um insano labirinto de feno, depois um milharal, para descobrir que do outro lado havia apenas mais zumbis!

O objetivo do jogo é chegar à cidade murada (Fiddler’s Green) que é o último refúgio dos humanos normais contra a praga zumbi (parece que já roteirizaram dezenas de filmes iguais, e que o próprio Romero roteirizou meia-dúzia deles, cof, cof…). A parte jogável se inicia em algum lugar no meio do caminho entre sua propriedade agora infestada dessas criaturas e a meta. Essencialmente, o que poderá atrapalhá-lo são um exército dos zumbis mais estúpidos que já se encontraram em games de survival horror e cenários horrendos e confusos.
Por definição, dizer que um zumbi é estúpido pareceria mero reforço de um estado já evidente de decrepitude psicofisiológica. Porém, segundo o roteiro de The Land of The Dead, a raça está evoluindo e sendo capaz de adotar padrões de organização social que só se esperam de humanos. Portanto, já há dificuldades conceituais de justificar por que os zumbis do título são tão tapados. Se zumbis costumam ter problemas para raciocinar a longo prazo, pelo menos se locomovem em bandos e tornam a vida de seus perseguidos um pesadelo dificilmente vencível. Já em LTD:RFG os zumbis chegaram a um estágio blasé de temperamento improvável! Eles atacarão, mas de forma vagarosa e previsível, e raramente o jogador se encontrará encurralado. Cada zumbi terá no máximo 2 tipos bem toscos de ofensiva. Mesmo se houver alguns elementos na tela e a possibilidade de ser completamente rodeado, resta a Jack o singelo subterfúgio da fuga. Se é que os zumbis quererão vir atrás de você, despistá-los é mais simples do que arranjar um esconderijo medíocre numa brincadeira de pique-esconde: ocultar-se atrás de um amontoado de lixo, atravessar um batente de porta (isso mesmo, parece que os zumbis têm sérios problemas para mudar de cômodo!)… O mais comum é assistir zumbis de pé, estirados, fáceis para alvejar de longe com suas armas, sem oferecer resistência ou uma contra-inteligência dignas.

O montante de munição disponível será o mais escasso possível, fazendo de armas brancas como tacos de beisebol, enxadas, tacos de golfe e machados as mais usuais. Dependendo da forma como são usadas, elas não causam nenhum tipo de dano aos sedentos por sangue. Chega a ser engraçado como manipular a enxada do jeito mais agressivo possível representa quase que uma cutucada, para o inimigo esquisitão! Só que as animações dos zumbis quando apanham aumentam o fator de hilaridade, e muitas vezes um zumbi pode ser jogado para trás com um desses “cutucões”, o que não soa bem (para armas de corte ou trauma!). O gamer pensará duas vezes antes de tentar o massacre de undeads via machadadas, porque apesar de ser uma das armas brancas mais poderosas ela é tão lenta para manejar e as estocadas saem com tanta displicência que o melhor é investir em objetos pequenos e (aparentemente) mais inofensivos, como facas.

Quanto às armas com projéteis, sua eficiência é questão, talvez, astrológica. Não há coerência interna: atire no busto de um zumbi e sua cabeça poderá explodir; tente acertar um outro no mesmo lugar, e ele começará a mancar como se o tiro tivesse atingido a perna; alguns tiros nos braços podem resultar em efeito nulo; algumas vezes, sete tiros na cabeça mal são suficientes para derrubar um dos malditos; outro da mesma espécie (na realidade todos compõem um gênero só) sucumbe após 2 tiros nas pernas!
Adicionando mais insulto à injúria, como se diz no ditado gringo, Land of The Dead oferece designs de fases insípidos e previsíveis. O clima de pavor é forçado no game: zumbis que aparecem do nada deviam desesperar o jogador. Aparecer do nada não é mera figura de linguagem: de repente a silhueta é formada pelo ar, ou algum portal mágico se abre no teto da casa, porque mais alguns segundos e eles estão no piso, a poucos passos do protagonista, sem que rangidos de janelas ou portas tenham sido escutados. No entanto, toda a intenção de surpreender gamers mais hipocondríacos que padecem de sudorese ao jogar games do estilo (nunca vou entender por que gente assustadiça GOSTA de survival horrors!) é frustrada pelas quedas de framerate incessantes que “anunciam” a chegada de convidados indesejados nos entornos.

No Xbox Live o jogador pode/podia enfrentar mais 7 desafiantes em outras regiões do mundo. Só que os problemas do single-player mode continuam presentes. Há as sub-modalidades deathmatch e co-op. Os níveis do deathmatch são arenas lotadas de zumbis, e os jogadores humanos terão de se livrar dos atiradores nas mesmas condições, ao passo que os zumbis não param de encher o saco, como no modo para um jogador. A experiência poderia ser gratificante, não fossem os mapas considerados infelizes e os lags infatigáveis do servidor. Simples tiros bem-dados tornam-se uma tortura para conseguir! No modo cooperativo, o maior problema parece ser um nível de dificuldade inexplicavelmente potencializado, com zumbis que caem sobre os jogadores, devorando-os, sem que se tenha tempo de reação. Equilíbrio é uma palavra que os desenvolvedores da Brainbox desconheciam em 2005.
Quase nenhum zumbi apresenta mandíbulas ou intestinos, de forma que sangue está escorrendo dessas partes constantemente. Sabe-se que é sangue não pela associação imediata com o líquido, que é muito mais parecido com extrato de tomate, mas porque estamos fartos de ligar a TV e encontrarmos um debilóide ensangüentado se mexendo com dificuldade, desconjuntado, tentando fazer algo pouco nobre. Basta que seja vermelho – ou nem isso – para que aceitemos como sangue! A questão é que esses “ex-cidadãos” de Land of The Dead parecem participantes de um concurso de tortas que ficaram indignados com suas colocações, por isso apareceram mal-humorados assim, e o pior é que esqueceram de tirar o avental ou passar um guardanapo na cara depois de provarem as de cereja!

Zumbis, quando assassinados, rolam e agonizam no chão por 1 minuto, depois desaparecem, decompõem-se na velocidade da luz. Seus gemidos não passam de dois ou três samples de voz, é realmente irritante. O dublador de Jack ficou monocórdio e tedioso.
O mais curioso sobre Terra dos Mortos é que este não parece ter sido um projeto feito de qualquer maneira para pegar carona na bilheteria do filme. Com uma campanha no modo para um jogador relativamente durável, um modo multiplayer completo, Dolby Digital e resolução de 480 pixels (ah, os românticos tempos pré-HD!), uma equipe de profissionais estava mesmo buscando os melhores resultados… As fases, entretanto, são deprimentes. Algo deu errado durante o processo, quem sabe se alguns zumbis não invadiram o prédio da empresa e mataram todos os beta testers! No fim, é apenas uma demo jogável. Em tempos de Last of Us, não é mais aceitável, nem sequer para cotejo e propósitos históricos, gastar mais de uma hora com um produto como Land of The Dead.
Agradecimentos a Alex Navarro, GameFAQs e mobygames.
Por Rafael de Araújo Aguiar
versão 2 – 2011, 2023.
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