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jet force gemini (n64)

Nintendo 64

Jet Force Gemini

Star Twins (Japão)

F I C H A   T É C N I C A

Developer Rare Ltd.

Publisher Rare Ltd.

Estilos Action Adventure / Third Person Shooter > Arcade

Datas de Lançamento 30/09/99 (EUA), 02/11/99 (EUR), 01/12/99 (JP), OCE (???)

Também incluído em:

Rare Replay (XONE)

NOTA DA IMPRENSA+CONSUMIDORES

7.9

NOTA PESSOAL

mecânica de jogo: 8 (x6)

música: 10 (x3)

gráficos: 9

média final:

8.7

Este jogo é pra…

(  ) passar longe  (  ) dar uma jogadinha de leve  (X) dar uma boa jogada  (  ) jogar freneticamente  (X) chamar a rua toda pra jogar  (X) um tipo específico de jogador. Qual? O amante de um belo roteiro sci-fi; quem odeia formigas e ama um gore psicodélico (você pode ativar sangue cor arco-íris!).  (  ) incógnita

Jet Force Gemini, da fase final da vida útil do Nintendo 64 (quando a máquina ainda era a prima-dona da Nintendo), é mais um trabalho da softhouse – então de plena confiança – Rare, responsável pela ressurreição do macacão Donkey Kong no natal de 1994, no Super Nintendo, além de uma série de outros clássicos instantâneos. Trata-se de um conceito inovador, por reunir, num produto só, elementos de games díspares como Turok (first person shooter da suspeita desenvolvedora e publisher Acclaim), Banjo-Kazooie, Goldeneye 007 e uma atmosfera reconhecidamente inspirada em longas de ficção científica como Starship Troopers (Tropas Estelares) e Guerra nas Estrelas.

Um “pajé” aliado –  a Rare adora esse tipo de coisa

O gamer incorpora uma trinca de bisbilhoteiros intergalácticos, dois gêmeos de sexos diferentes – daí a última parte do título, Gemini – e seu mascote canino, que também pode fazer estragos com armas acopladas a suas costas! O objetivo é massacrar exércitos inteiros de “drones”, formigas-ciborgues produzidas em série com o intuito da dominação universal (como veremos no próximo parágrafo), abrindo caminho por vários ecossistemas (planetas!), ao mesmo tempo que se dedica atenção ao resgate de reféns-escravos dos inimigos, ursinhos sem o menor cacoete bélico. Não há um roteiro tão pré-definido para a ação, de modo que o jogador pode customizar com relativa liberdade a ordem em que explora as novas áreas abertas. Há ainda um multiplayer mode para até 4 jogadores, como é usual no console, com split-screen.

Trajes sexy, mas insetos não ligam muito para isso…

A “justificação” do massacre inseticida é tão boa que poderia ser usada pelos terráqueos: num futuro distante, todo o raio conhecido da galáxia é monitorado por uma federação de planetas, com uma espécie de congresso sideral a se reunir periodicamente (tenho a leve impressão de já ter visto algo assim em algum lugar!…). Depois de um grande “consórcio” de tiranos que varreu por algum tempo as superfícies de vários corpos celestes, a federação parece ter encontrado uma democracia ou isonomia entre seus membros, o que logo se mostraria uma informação falsa. A verdade é que depois de suprimidas as ameaças anteriores, a federação estava relaxada e superestimou a sensação de segurança. Mizar, um pragmático inseto-rei, começa a mexer os pauzinhos – ou quem sabe apenas seus membros asquerosos –, acumulando um poderoso arsenal e uma infinidade de homens (perdão, era inevitável humanizar as coisas!) fiéis. Após escravizar e colonizar o primeiro planeta adjacente, Mizar e sua tropa estelar de formigas não foram importunados pela federação, que achou que estava diante de mais um pseudo-ditador que logo cairia, sem necessidade de uma séria mobilização das forças de paz. Veio a segunda conquista, e a federação continuou em silêncio. Aproveitando-se do vácuo de poder abaixo, acima e diante de si, Mizar conquistou o terceiro, depois o quarto habitat… Ou já havia infiltrados liderando a federação em prol de Mizar, ou alguém aqui estava agindo igual a Igreja Católica diante dos massacres de judeus na Alemanha nazista (“O problema não é conosco”)! O objetivo de Mizar de ser o Imperador do Universo já estava a poucos passos (digo, anos-luz) e invasões de ser concretizado. Hora-clichê do trio de heróis participar da trama…

Sangue num jogo da Rare? Pois é, o mundo muda!

Juno, Vela e Lupus (nomes mitológicos latinos – curiosamente Juno se refere à deusa Hera, mas aqui é um rapaz!; Vela se refere à constelação Argo Navis; lupus é simplesmente lobo) estão trafegando em sua nave, coisa corriqueira neste universo ficcional, quando são abordados pelos malditos drones “orgânicos”. O trio é o único remanescente da Jet Force, patrulha de defesa que já foi muito mais numerosa, espécie de ONU dessa realidade paralela. Porém, a federação não os estava deixando intervir no novo caso. Quando eles são diretamente envolvidos no confronto, não por iniciativa própria, torna-se inevitável desobedecer as ordens superiores, que afinal já não pareciam muito sensatas nem transparentes… Mizar, em uma de suas crueldades finais, aterrissa em Goldwood e promove o caos entre os pacíficos “koalas aborígenes” chamados Tribals. Manda exemplares da espécie, muito inteligente embora inofensiva, para praticamente todas as filiais do império ao redor da galáxia. Como o incidente envolvendo a nave dos sobreviventes da Jet Force foi na orla do planeta Goldwood, este será o marco inicial dos jogadores em sua tarefa. Juno pôde contornar a situação, mas Vela e Lupus tiveram de se ejetar do veículo espacial e seu paradeiro é desconhecido. Na pele de Juno, o próprio gamer é quem terá de procurar pistas de sua família e dos únicos parceiros com quem pode contar para efetuar seu trabalho de limpeza étnica (não deixar nenhum inseto mutante vivo!).

Conforme progride, o jogador será capaz de alojar mais de 400 balas na machine gun

Mesmo dentro de um mesmo nível os estratagemas variam, pois a mecânica carece o mais das vezes de linearidade, cabendo ao gamer fazer decisões rápidas, em meio a tiros que vêm de quase todos os lados. Dado o nível de dificuldade entre o moderado e o avançado, repetir nas missões será de praxe, até se memorizar alguns procedimentos que minimizem danos. Além disso, o número de itens disponíveis ao relento ou bastante bem-ocultados é surpreendente e pode exigir mais do que 25 horas de jogo contínuo para ser coletado.

O lar de Floyd

Treinar pulos e sofrer nas partes de plataforma com mudanças repentinas nos ângulos de câmera seria uma conseqüência não só previsível mas necessária em um game do gênero third person de 1999; mas o interessante é como essas características são mescladas com trocas intensas de tiros e algumas resoluções de puzzles. Os soldados das forças inimigas podem correr buscando cobertura, procurar contato com o jogador apenas quando estiverem em sólidos bandos ou mesmo apelar para táticas suicidas como arremessar uma granada a curtas distâncias. Os maiores insetos costumam apresentar lentidão, sedentarismo e um ponto fraco facilmente decifrável. Os drones-padrão são mais maleáveis, mas poucos tiros podem derrubá-los (e o mais fascinante é que existe uma opção de extras no cartucho que “obriga” o jogador a colecionar as cabeças desses carismáticos seres – o que impulsiona o sadismo por parte do público!). Os adversários mais aborrecedores, no entanto, são as máquinas atiradoras aéreas, difíceis de alvejar com a mira instável que se tem à disposição e surgindo nas horas mais inconvenientes. É possível colecionar cápsulas que aumentam os hit points dos personagens, bem como outros power-ups para aperfeiçoar a munição das principais armas.

Durante maior parte da ação, o gamer utiliza a alavanca de controle para movimentar o atual personagem. Os botões C laterais servem para dar as passadas em linha reta (inevitáveis em jogos de tiro), o C-cima faz o atirador pular (segure por mais tempo para aumentar a força do salto) e C-baixo ativa a função rastejar, em que a alavanca de controle continua determinando a direção do movimento do humano à la Metal Gear Solid (o cachorro não rasteja, pois já é muito nanico, mas apenas uiva para a lua!), porém de forma lenta e rente ao solo, para evitar inimigos ou atravessar passagens estreitas. Esquivar-se atrás de caixas ou paredes torna-se uma operação rotineira. A e B servem para navegar entre as armas possuídas pelo jogador, enquanto o Z, tecla traseira muito bem-implementada no controle do N64, atira (com a machine gun, o gamer preferirá mantê-la segurada sem cessar enquanto a tela estiver preenchida de insetos!).

O R é fundamental para quem quer dominar o estilo da ação: segurá-lo deixa o controlado fora da tela, isto é, o jogador adentrará na perspectiva em primeira pessoa (ou pelo menos o corpo do atirador se tornará translúcido), e um cursor de mira passará a ser visto. A mira ficará vermelha quando estiver sobre um alvo animado; porém cuidado para não ferir inocentes (é possível aniquilar Tribals, os supracitados reféns, por engano, ou por maldade!). Diferentemente de jogos Plataforma tradicionais, como Banjo ou Mario 64, em que tal perspectiva em 1ª pessoa é limitada e só pode ser usada com o protagonista estacionado, em Jet Force pode-se continuar a locomoção, mas o recurso deve ser sabiamente utilizado uma vez que prejudica na visualização e só incomoda e piora a interface nos trechos que exigem a averiguação minuciosa dos arredores. Durante o uso da tecla R, a alavanca de controle fará as vezes da mira, ou seja, é a única forma de alvejar inimigos muito acima do plano do personagem controlável (em cima de árvores, por exemplo), portanto andar com o personagem deve ser executado exclusivamente com os C laterais e com o C-cima e o C-baixo neste modo semi-FPS, que ao invés de executarem saltos ou o engatinhamento poderão trazer ou levar o seu personagem para perto ou longe dos inimigos, controlando a profundidade. Nas batalhas contra os chefes, invariavelmente insetos gigantescos, o “modo R” é ligado automaticamente, ou seja, não é necessário pressioná-lo, e tampouco é possível atuar da forma convencional enquanto a batalha durar (a locomoção fica retida aos botões amarelos), o que muito lembra um side-scrolling ou, melhor ainda, um light gun game do período, como Virtua Cop, haja vista a profundidade 3D.

Lupus acompanhado de Floyd

A jogabilidade do cão é um pouco pior em relação à dos personagens antropomorfos, além dele ser o último destrancável do elenco: por ser muito baixinho, seus tiros não costumam pegar onde o gamer deseja, a menos que ele use o botão R, como já explicado. Mas se há uma vantagem em controlá-lo, é que seu pulo pode se transformar em um pequeno vôo, ao se acionar C-cima novamente uma vez no ar, o que faz com que as turbinas do cãozinho mecânico sejam acionadas e ele levite. A habilidade é útil para atravessar abismos e cortar caminhos ou evitar adversários.

Um dos melhores itens obteníveis se chama Floyd e é um robô que fôra fragmentado em várias partes pelo exército de Mizar. Assim que tiver encontrado todos os elementos que integram seu corpo em determinado planeta (aquele que parece um bosque mal-assombrado em toda a sua extensão), ele se tornará onipresente ao lado do gamer, mas não ajudará muito a menos que haja um segundo jogador humano como reforço operando outro joystick: mais ou menos como Tails no Sonic 2, o robozinho serve para complementar os dotes do primeiro jogador e não poderá sequer ser atingido (embora não possa usar mais do que um tiro-padrão sem muito poder). A única forma do 1P  controlar Floyd é atravessando portas especiais com a sua imagem que existem em algumas fases. Ganhar-se-á acesso a um minigame de corrida, em que Floyd deve atravessar um percurso aéreo evitando os obstáculos num tempo mínimo. Vencer esses desafios representa conquistas sobretudo para o multiplayer mode, que pode ficar bastante recheado de opções.

O multiplayer não tem muitos segredos, e sua riqueza pode muito bem ser equiparada ao multijogador de Goldeneye 007, da própria Rare (não chega à exuberância, mas não foi mal-feito). As explosões entretêm por algum tempo (jogos de matança entre humanos, quando virtuais, é claro, são inerentemente divertidos!), mas sentimos que falta “alguma coisa” para que não deixem os amigos enjoados depois de um punhado de horas. Não sabemos definir o que é exatamente essa coisa, mas fãs do multiplayer de Perfect Dark talvez compreendam a charada. É provável que os únicos slowdowns presentes sejam verificados durante disputas entre 4 jogadores. O inconveniente de pelo menos 3 controles estarem plugados também é que a música de fundo é retirada e só se ouve o som dos tiros. A trilha sonora é simplesmente um dos pilares da ação no modo-solo, pois as faixas orquestradas interagem com o ambiente e as atitudes do jogador de forma excitante. Há fases em cenários hi-tec (normalmente bases das formigas) ou em plena natureza, e o acompanhamento musical está de acordo com o contexto. Não se surpreenda se tiver de nadar e mesmo submergir por túneis e cavernas atrás de itens e câmaras secretas ou caso seja preciso entrar goela adentro de monstros asquerosos a fim de avançar no jogo! Como os níveis obedecem parâmetros tão heterogêneos, parece mesmo que se está bancando o turista cósmico e conhecendo um novo bioma a cada missão.

Algumas portas requerem procedimentos especiais para serem abertas – zonas adornadas tanto por um feixe luminoso verde quanto por outro vermelho significam que se está chegando ao fim de uma área de exploração.

Um toque interessante é a variedade de animações de morte apresentadas pelos insetos, dependendo da forma como o jogador os executa. Eles podem ser estraçalhados em mil pedaços ou cair inteiros, porém agonizantes. Os guinchos emitidos nessas horas são admiráveis! Pena que não haja diálogos falados nas excelentes animações entre os estágios, sendo necessário acompanhar os desenvolvimentos do enredo através das ágeis legendas. Por outro lado, os irmãos e o cachorrinho emitem fonemas que se tornam repetitivos e dispensáveis conforme o gamer passa muito tempo em frente à TV, principalmente porque os urros são emitidos a cada disparo recebido e pulo executado.

Efeitos de luz pomposos no hardware

Acredite: não há nada como desferir um disparo de tri-rocket launcher num inimigo standard (simplório, pequenino) para assistir os efeitos de camarote (uma vez que no chefe ou em algum inseto mais robusto essa ação não terá propriamente graça, mas servirá apenas para aumentar suas possibilidades de êxito, quem sabe amputando algum membro). De fato, a abundância de desafetos querendo sua cabeça é a única forma de dizer, através de um trocadilho malvado do inglês, que Jet Force Gemini está “cheio de bugs”.

As batalhas com os chefes são épicas

Agradecimentos a Nelson Taruc, Lokius e Mariner.

Por Rafael de Araújo Aguiar

versão 2 – 2011, 2023.

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