Sega CD
+ PlayStation & Saturn






Lunar:
Eternal Blue
(Sega CD)
+
Lunar 2:
Eternal Blue
(PlayStation/JP & Saturn)
Lunar 2:
Eternal Blue Complete
(PlayStation/EUA)
F I C H A T É C N I C A
Developers Studio Alex (SCD), Game Arts (PS, SAT)
Publishers Game Arts (SCD, JP; PS, JP, segundo relançamento), Kadokawa Shoten (PS, SAT, JP), Working Designs (PS, SCD EUA)
Estilo Role Playing Game
DATAS DE LANÇAMENTO:
SCD
22/12/94 (JP), 15/09/95 (EUA)
SAT
23/07/98 (JP)
PS
27/05/99 (JP), 07/09/00 (JP, edição Kadokawa the Best), 15/12/00 (EUA, como L2:EB Complete), 16/09/15 (JP, tiragem comemorativa PSOne Classics, além de inclusão na PSN)
NOTAS
8.6 (SCD)
8.4 (SAT)
8.1 (PS)
Também incluído (apenas o original de SCD) na compilação:
SEGA Genesis Mini 2, console dedicado
Este jogo é pra…
( ) passar longe ( ) dar uma jogadinha de leve ( ) dar uma boa jogada (X) jogar freneticamente ( ) chamar a rua toda pra jogar (X) um tipo específico de jogador. Qual? O saudosista e fã de animes “quase-eróticos” com traços anos 90! ( ) incógnita
Lunar 2: Eternal Blue/Eternal Blue Complete (ou Eternal Blue Remix, como às vezes também é conhecido pelos seguistas japoneses, por alguma razão que não pude detectar) é um update/conversão 32-bit de uma obra clássica de cerca de meia década antes (sobretudo se formos contar o tempo entre a primeira versão japonesa disponível e a última americana lançada na era 32 bits, poderíamos arredondar para 6 anos) para Sega CD, Lunar: Eternal Blue (sem o 2 no título). Isso faria de Lunar 2, tecnicamente, um título bastante confuso, já que é o terceiro episódio da série, que começou com Lunar: Silver Star (SCD). O Sega CD que, para os leigos, é um periférico fracassado comercialmente, responsável por dotar o Mega Drive da capacidade de rodar CDs. Nem isso foi suficiente para angariar muitos milhões ou milhares de compradores. Por isso, está mais do que justificado que a série tenha ganhado uma nova chance de ser apreciada em videogames mais populares e modernos. Houve um repeteco do modus operandi que deu completamente certo no lançamento sonyano de Lunar: o jogo veio de novo num kit de colecionador, incluindo extras como cartilhas com o perfil de quase 2 dezenas dos personagens de maior destaque e até uma jóia extravagante, de ouro postiço, pesando pelo menos umas 200g, chamada de ‘Pingente da Lúcia’, equivalente a um dos itens da própria trama de Eternal Blue! O adereço estético ainda vinha envolto num cordão negro para ser pendurado no pescoço ou usado como chaveiro. Nem vamos descrever o manual de instruções em capa dura e os discos com a trilha sonora e o making of, uma vez que isso já estava virando tradição por parte da “esnobe” Working Designs, a representante americano da franquia! Contemplando os itens da caixa talvez o jogador de PlayOne até se esqueça de que o principal continua sendo os 3 CDs de muita ação e estratégia (embora a coisa comece a ferver mesmo a partir do segundo disco)!


Lunar, o Poderoso Chefão dos videogames: não é à toa que há um culto absurdo ao enredo da série Lunar: Silvar Star e Eternal Blue foram escritos pelo novelista Kei Shigema. Embora EB seja uma continuação, ela se passa um milênio depois, no mesmo universo.
ATENÇÃO: No decorrer da matéria usaremos os nomes dos personagens da versão japonesa, então não estranhe se eles forem diferentes da sua!
Azul Eterno é um enredo que se desenvolve 1000 anos após o jogo nº 1, Silver Star Story, num planeta até há poucos séculos completamente desabitado. A Deusa Althena decidiu povoar o mundo em questão com os descendentes da longínqua Estrela Azul. De acordo com a mitologia cultivada pelos moradores desse recanto do universo, a Deusa Althena, entidade imortal benigna, sempre reaparece, em forma humana, quando o perigo volta a ameaçar a existência. O protagonista principal (já que há vários outros de importância secundária ou terciária) é Hiero, de 16 anos, um rapaz que parece ter herdado o ímpeto explorador do avô, Gwyn, arqueólogo, com quem vive. Sempre ao lado de Hiero, como um fiel escudeiro, está o mascote chamado Ruby (um gato rosa com asas e senso de humor apimentado, indelével reminiscente de Nall de Lunar 1). Durante uma excursão por ruínas misteriosas e proibidas, Hiero e Ruby se encontram com o justiceiro Leo, um dos enviados de Althena para descobrir a fonte do mal e aniquilá-lo o quanto antes. O veterano guerreiro alerta o jovem e seu bichinho de que um imenso veículo espacial conduzido por criaturas de poderes imensuráveis ruma a Blue Star. De volta ao lar, Hiero, Ruby e Gwyn testemunham juntos um estranho raio de luz emanando da Blue Spire, uma torre gigantesca e antiga localizada não muito longe. Como são audazes e não tem medo de avisos tenebrosos (como comanda o storytelling do gênero), o trio segue ao local para verificar mais de perto o incidente. No cume da Blue Spire, descobrem uma garota largada, quase morta, Lucia (hmm, suspeito…). Ela é resgatada e se une ao grupo meio a contragosto, visto que não tinha outra alternativa. No caminho de volta, entretanto, os 4 se deparam com uma entidade maligna chamada Zophar (…so good?), que enfeitiça Lucia antes de desaparecer sem deixar rastros. Gwyn lembra de um poderoso curandeiro chamado Rong-fa que, segundo rumores, viveria em Larpa; então Hiero seguirá essa pista a fim de curar sua nova amiga (?!). A aventura de Hiero & cia. está apenas começando…
* * *


…ou quem sabe a comparação com Exterminador do Futuro 2 caiba melhor: embora o efeito especial do metal líquido soe datado hoje em dia (a forma e a aparência), o conteúdo (a storyline, as batalhas, o som) é que importam de verdade!
Em meio a todas as reviravoltas esperáveis em mais um game Lunar, há muitas referências perdidas acerca do enredo do primeiro game, e o RPGista até revisitará alguns dos lugares, que terão sofrido a ação do tempo mas ainda guardarão algo de familiar em seu aspecto (não é obrigatório experimentar Silver Star Story para curtir Eternal Blue, que fique bem claro). O que a Game Arts fez, renovando os personagens mas mantendo uma mitologia universal, me faz desejar que mais RolePlays fossem dotados dessa aproximação mais cuidadosa, com liames entre os vários episódios lançados, em vez de capítulos esquizofrênicos que não guardam nenhuma relação entre si. Alguém aí entendeu minha referência subliminar a produtores QUADRADOS que detestam a Nintendo desde 1996???


Cada personagem tem entre 15 e 30 avatares para as caixas de diálogos.
Nem tudo é maravilhoso. Sofro lá de pequenas exasperações com este jogo. Há um sensitivo aumento na claustrofobia em Lunar 2, já que são muito menos usuais os planos abertos e estruturas abrangentes. Os sprites dos personagens nem sequer podem se embrenhar nos sprites das árvores, como dantes! O enredo, um tanto intrincado, obriga o jogador a seguir a narrativa de forma muito mais linear, sem margem para escapadelas nonsense. Ao ter de migrar de uma cidade para a próxima, não há muitas outras locações a explorar ou pelas quais vadiar. Só a estrada necessária para a continuidade imediata da saga estará desbloqueada. Mesmo após o ponto em que o gamer tem acesso a um veículo para viajar com mais praticidade pelo overworld map, as numerosos ladeiras, cadeias de encostas, os rios e lagos mostram-se obstáculos por ora intransponíveis, e o jogador tem de seguir por onde os desenvolvedores haviam planejado de antemão. Às vezes o controlador gastará uma boa meia hora numa seção pequena do mapa só para encontrar uma passagem discreta que sirva de pórtico de entrada à próxima etapa compulsória.


Para não dizer que a versão de Sega CD só apanha da concorrência, a equipe desenvolvedora retirou – sabe-se lá por quê – das 2 reedições os puzzles das Ruínas Místicas e da Caverna do Dragão Negro. Portanto, só no jogo mais velho é que esses desafios existem!
Vamos logo às batalhas, um dos maiores atrativos num RPG. O menu segue bem parecido com o de SS, desta vez ainda mais simplificado, contendo 4 opções: Control, AI, Tactics e Run. Control permite atacar, usar magia e itens e defender-se. AI é para automatizar por completo a jogabilidade (mas não espere vencer os elaborados chefões com isso; no máximo, adquirir alguma sabedoria e iluminação sobre o que usar ou como proceder!). Tactics permite um certo grau de customizações a sua equipe, explicadas com maestria no manual. Já o comando Run é auto-explicativo. Há uma opção a menos que antes e a confirmação ou cancelamento das ações foi facilitada, uma coisa que eu pedia para ser levemente melhorada no review de Lunar:SSSC para PlayStation. Pode-se dar sprints com os personagens nas dungeons, onde o deslocamento lento habitual poderia gerar demasiada irritação diante de rivais lépidos, mas há um limite para o fôlego de Hiero e é melhor que ele não abuse do recurso! Os NPCs inimigos que tinham só 1 ataque em Silvar Star agora atacam de 3 formas diferentes, no mínimo, o que é um enriquecimento válido à interface bélica.

Esse pessoal de L:EB é bem esquisito!
Jogar Lunar 2 no Sega CD, no Saturn e no PS1 são três experiências, senão radical, ligeiramente divergentes. Na mais primitiva delas, a de SCD, cada personagem tinha sua sacola individual de itens. Essa obrigação se tornava um pé no saco quando a única pessoa carregando estrelas prateadas (item para recarregar Magic Points) era nocauteada e você não tinha qualquer item para trazê-la de volta à consciência visando utilizar magia no resto do combate. Nas versões 32 bits o sistema foi modificado para um “depósito coletivo de itens”. A dificuldade beira o absurdo para quem não está acostumado a RPGs apelões: seus equipamentos nunca parecem estar 2 degraus à frente dos inimigos, se é que vão estar um degrau acima alguma vez! Isso faz com que você explore cada centímetro quadrado de uma dungeon atrás de qualquer baú fechado que havia deixado para trás, já que qualquer item novo pode fazê-lo resistir, finalmente, a inimigos que em condições alternativas não o considerariam um páreo digno. São poucos os terrenos a que o RPGista pode recorrer para elevar de forma anormalmente rápida e pouco custosa as habilidades de todos os integrantes do time. E na segunda metade do jogo essa característica se torna ainda mais acentuada, isto é, fica cada vez mais difícil burlar a inteligência artificial e as fantásticas fichas dos oponentes.


As animações receberam um “up” do SCD para o SAT/PSX, assim como os efeitos das magias (especialmente “Catastrophe”, aprendida por Remiena quando atinge o 51º nível, que preenche a tela com efeitos climáticos destrutivos!)
O sistema de magia, reformulado, trouxe uma das maiores controvérsias da série, relativa, igualmente, ao sistema de save. A Game Arts em conjunto com a Working Designs resolveram liberar saves para qualquer ponto do jogo exceto batalhas e diálogos/animações, com uma singela restrição, que é um calo no dedo de tantos gamers: é necessário “pagar” por isso. E não exatamente com a moeda fictícia do jogo. O preço para salvar a cada momento desejado é atingir um determinado patamar de pontos de experiência em magia; pontos esses que regulam, ainda, a obtenção de novos spells pelos personagens. O mais esdrúxulo é que a cada novo save a próxima quantia exigida para repetir a operação cresce exponencialmente, como nos ganhos de nível! Na prática, significa que os checkpoints se tornam cada vez mais distantes e o jogador deve ser estratégico até na hora de escolher quando sentar e jogar e quando parar, a fim de retomar mais tarde: se não pensar nisso direito, pode acabar perdendo horas de evolução na trama tendo de desligar o videogame sem salvar seu progresso! Muitos consideraram essa imposição dos produtores como um erro crasso. A máxima evolução para as magias é, só por curiosidade, o level 30. PS (de observação e TAMBÉM de PlayStation!): Dos males o menor para os que jogam pelo periférico da Sony – em Lunar 1 cada memory card comum (de 15 slots) suportava 15 saves; agora cada slot permite o dobro de saves, isto é, cada cartucho de memória viabiliza 30 salvamentos paralelos. Poucos jogos de Play, ainda mais entre RPGs elaborados, exigem tão pouco espaço em gravações (significa que jogar em 2 arquivos irá ocupar só 1/15 slots). Não sei se a Sony ficou plenamente feliz à época, pois isso permitia muita economia por parte dos hardcore RPG players em termos de compra de hardware! É na verdade o primeiro jogo que conheço que necessita de apenas “meio bloco” para gravar seu progresso (na prática continua sendo 1, já que, se não estou enganado, não será encontrado outro game que permita usar a metade restante a não ser o próprio Lunar: Eternal Blue)!


Os 55 minutos de animações da versão Saturn já eram uma humilhação em relação ao Lunar:EB de Sega CD, mas o Studio Vanguard, o setor responsável pela parte “anime” da produção, se superou, acrescentando mais e mais cenas à supreme deluxe version de PSX! Quanto aos usuários do 32-bit da Sega, importante ressaltar que a pixelização das animações de Lunar:SSS foi praticamente abolida nesta nova ocasião, em que só o formato MPEG (ainda muito usado hoje) foi empregado e a virtual totalidade da tela foi aproveitada, sem aquelas tarjas pretas incômodas. São, em suma, os melhores FMVs vistas no Saturno!
Não pense você que poderá, nos intervalos das jogadas, colocar o CD de jogo de Lunar 2 no seu stereo sound system e curtir as músicas, como eventualmente fazia em Lunar 1, já que as faixas são geradas diretamente via chips sonoros do Saturn e Sega CD. Ah, você joga no PlayStation? Então esqueça o que eu disse: não precisa tentar com um dos 3 discos de jogo, já que no pacote de Lunar 2 vem um CD musical com a soundtrack. Algumas das background music (BGM) são reaparições de conhecidos e aprovados temas de Lunar: Silver. Uma reclamação acerca da trilha sonora desta edição, no entanto, se refere a sua extensão, abreviada, talvez devido ao espaço ocupado pelas chamativas seqüências de anime em alta-definição (para a época) espalhadas por todos os trechos da narrativa: nem todas as cidades puderam contar com faixas exclusivas, havendo repetições em várias delas. Outro detalhe chato é que o volume nas cutscenes está mais baixo que no jogo em si, o que obriga o jogador a manter o controle remoto da TV sempre por perto (esse defeito existe desde Lunar 1). Os destaques sonoros são as músicas usadas nos chefes e batalhas em geral, sem falar que a da batalha final, “Dark God Omni-Zophar”, e os dois temas vocalizados das zerações, “Rondo of Light and Shadow” e “Eternal Blue”, valem atenciosas audições.


A continuação é mais sombria e pesada que a estória original, mas garanto que os fãs de SS (ou Lunar 1) não se sentirão desapontados em momento algum.
A dublagem presente em peso segue com um “padrão ISO 9000” de qualidade, se podemos aplicar conceitos da administração de empresas a um mero game! Seja na versão japonesa (a única possibilidade para os jogadores do SAT) ou na americana, o trabalho está impecável (e olha que a dublagem norte-americana não é reconhecida por sua excelência!). Programadores que aspiram a contar histórias com precisão e refino devem estudar os Lunars, que perfazem esse quesito com gabarito. Os momentos dramáticos, tensos, ternos e carregados de emoção em geral são marcantes para jogadores de qualquer geração. Mesmo aquele usuário na crista da onda dos poderosos gráficos de PlayStation5, caso acabasse se aventurando por estas bandas, não sairia inalterado da experiência! Só uma ressalva, na parte técnica, para a versão Saturn, em que algumas das falas foram comprimidas para racionar o espaço disponível, o que tirou uma parte da qualidade e tornou alguns trechos difíceis de pegar de ouvido (bom, problema dos japas!).

Quem já jogou obras da Working Designs sabe como os caras conseguem bancar a mulher se arrumando para festas: atrasam uma eternidade, mas quando finalmente deixam tudo pronto, justificam a espera!
Para contemporizar o sentimento de tristeza que brota nos jogadores assim que eles finalizam mais uma aventura massiva (mais de 50 horas, talvez menos, dependendo de seu nível de experiência e praticidade em termos de RPGs), em Lunar 2 há uma surpresa após os créditos finais, que agora não será mais uma surpresa para quem lê a matéria: a tela subitamente clareia e em seguida surge uma mensagem. Uma pergunta, para ser exato. Você deseja salvar seu jogo? Escolha que sim, obviamente. Em seguida, uma nova opção surgirá em cima do seu arquivo de jogo, no cartucho de memória. Trata-se de um epílogo jogável, com 5-10 horas adicionais, mais dungeons, itens possantes e inimigos, além do oferecimento de um (agora sim) genuíno final!

A WD é notória por acrescentar tiradas e sacadas inteligentes para desanuviar seus densos enredos (ou o enredo das mentes japonesas da developer original, como é o caso), mas digamos que a pós-modernidade irreverente de Lunar 2 ultrapassou um pouquinho os limites mediante referências até a Bill Clinton, filmes como The Fugitive e séries gringas trash tais quais Baywatch! Não se preocupe: esses escorregões pontuais não comprometem o enredo majestoso que temos no panorama geral, traduzido e transposto para o Ocidente com excelência!
O elenco é uma das mais fortes razões do status elevado de Lunar 2 entre o público: Hiero; Rong-Fa; Jean, a dançarina; Remiena, a mágica egomaníaca e cobiçosa… Só Lucia desagrada em suas representações, sem-sal até que chegue-se perto do fim. E os demais são retratados com profundidade incomum até mesmo no gênero de Representação de Papéis. Aproveite bastante, pois Lunar 2 é considerado, pela média da opinião dos fãs que conhecem todas as versões, melhor que o original!

Um dos itens encontrados no epílogo (entre o final 1 e o final 2, descritos acima) é o Rememberizer, que permite ao jogador re-assistir as cenas em anime a hora que quiser! Otaku dream fever 🙂
Lista de agradecimentos
SolidSnake do PSXExtreme.com;
digitalK, Khaos512, merlin2530, YusakuG, CyosisCMR, Kashell Triumph, iNKCuBuS aka CC, UltimaterializerX, Westen Shelton do gamefaqs;
mobygames.com;
wikipedia (english);
wordreference.com.
Por Rafael de Araújo Aguiar
versão 2 – escrito em 2013; atualizado em 2023.
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