review 0ldbutg8ld #1101
obs: nós não seguimos o acordo ortográfico lusitano de 2009!
Por Rafael “Cila” Aguiar
NES

Ys II
Ys II: Ancient Ys Vanished – The Final Chapter (nome na tela-título)
| F I C H A T É C N I C A | |
| Developer Advance Communication Company | |
| Publisher Victor Interactive Software | |
| Estilo Action RPG > Top-down view | |
| DATA E REGIÃO DE LANÇAMENTO | |
| 25/05/90 (JP) |
Também incluso nas compilações:
| N.A. |
Quem jogar este também poderá gostar de:
(Em vermelho, os jogos que já revisamos – se não estiver linkado, ainda não foi “upado” no novo blog.)
Ys (MS/NES)
Ys Book I & II (Tgfx)
Ys Eternal (PC)
Ys III: Wanderers from Ys (SNES/Tgfx)
| NOTA (Cada escore é uma média dos principais portais de games na web e revistas antigas quando for o caso, e também engloba a opinião dos gamers visitantes, além da crítica especializada; não necessariamente reflete meu ponto de vista sobre o jogo.) |
7.45

| FAIXA DE VIDA ÚTIL ESTIMADA | De 30h a 45h. |

Ys II é um RPG não-baseado em turnos criado originalmente pela Nihon Falcom, lançado pela 1ª vez no fim de abril de 1988 (quando eu nasci!) para os computadores japoneses ultra-desconhecidos pelo público leigo ocidental PC-8801, PC-9801 (o segundo um upgrade técnico do primeiro) e Sharp X1 (e olha que eu nem citei todos os computadores que receberam a conversão um pouco mais tarde!). Ys 2 também é a continuação de Ys I: Ancient Ys Vanished ou simplesmente Ys, outro Action RPG multiplataforma. Ele segue a storyline sem intervalo desde a zeração do antecessor, no exato momento em que Adol, o protagonista, conhece a NPC Lilia, que terá grande importância em sua vida.


De abril de 88 a maio de 90 muita pedra e água rolou no mundo dos games, e o Nintendo Famicom também ganhou sua adaptação. Este era um passo óbvio para as companhias com pretensões de boas vendas para seus jogos eletrônicos, uma vez que a Nintendo vivia seu auge do monopólio de mercado. Chegar ao Nintendo 8-bit significava, para uma franquia, ser introduzida em milhões de lares a mais. Se formos considerar a versão mais popular de todas, esta seria Ys I+II para PC Engine (o Turbografx nipônico), que finalmente reuniu numa só mídia dois Role Playing Games de grandes proporções ou, antes, um só RPG ambicioso e à frente de seu tempo, que teve de ser retalhado em duas partes a fim de que pudesse ser comercializado ainda no final dos anos 80. Mas o review desta última encarnação citada já foi escrito há uma longa data, e nosso escopo aqui é apenas a 2ª metade, e num console com que todos os leitores estão muito mais familizarizados.

O primeiro aspecto observável em relação a Ys I no próprio NES é que Adol ficou um tanto mais ágil, tornando as batalhas em tempo real, em que ele deve flanquear seus inimigos pela diagonal ou surpreendê-los pelas costas uma tarefa bem menos ingrata. Talvez no intuito de pescar mais casual gamers a desenvolvedora também usou com menos abundância o artifício ou gimmick das emboscadas de múltiplos adversários a cercar o herói simultaneamente. Significa que Ys 2 é realmente menos impiedoso que o seminal no sistema de jogo. Signos mais explícitos de que o jogador está escapando da linearidade requerida cedo demais e pisando em terreno além de suas possibilidades para o momento também foram inclusos: obstáculos indestrutíveis vedam o caminho ou, então, em última hipótese, qualquer ataque feito aos oponentes de um novo setor não causarão qualquer dano. Isto é a engine de Y2 avisando: “você ainda precisa evoluir seu personagem; volte mais tarde!”.

O sistema de magia, ou de ataques remotos, faz seu debute num jogo Ys, tornando a interface ainda mais amigável que mediante as implementações acima. Não espere as complexidades inebriantes dos spell systems do século XXI! Tipos de magia são bem fáceis de entender, e graças à repetição do uso o jogador sequer precisará saber japonês ou usar uma cópia ilegal (traduzida – vide nas curiosidades abaixo!). Um tipo de magia simplesmente emite bolas de fogo, outro teleporta Adol, um terceiro converte-o num demônio (mais acurado seria chamá-lo de canguru mutante, se bem que já vi gente confundindo até com um coelho!) com supercapacidades (não só ele permanece invulnerável por um breve lapso de tempo como adquire a habilidade de conversar com o que antes eram meros obstáculos sangrentos para seu progresso, ou seja, os monstros se tornam NPCs regulares), etc. Em vez de aprender essas técnicas lutando, Adol compra bastões dedicados a um tipo específico de magia nos shops. No início, Adol não poderá abusar dos feitiços, já que seus MP se esvairão rapidamente – para isso é que serve o grinding: para deixá-lo fortão e com um medidor de magia mais resiliente!

Ainda assim, a fórmula não se descaracteriza, a espada segue sendo a arma mais utilizada e Ys 2 ainda é considerado um RPG para hardcore players. Mantendo a tradição da série, só um item é equipável por vez e durante os conflitos com os chefões o acesso ao inventário lhe é absolutamente negado – o pause também; então maos à obra, não esqueça de usar a cabeça e enxugue esse suor na testa mais tarde! Um aspecto interessante é que os chefes são os únicos inimigos capazes de revidar suas magias com outros ataques remotos semelhantes, então nenhuma distância na tela é segura o suficiente!

O HP de Adol, mesmo nos levels mais avançados, continua sofrendo perdas sensíveis diante dos adversários de mesmo nível. Morrer é sempre mais fácil que num Zelda ou Dragon Quest, tenha isso em mente. O basic step de salvar sempre deve ser seguido à risca para evitar ondas de frustração. Além disso, a jornada dura bem mais tempo que a primeira parte. Se fôssemos seguir a durabilidade de ambos à risca, Ys I na verdade seria somente o primeiro terço da estória. Tudo isso torna o tempo de jogo de Ys 2, mesmo que apenas para zerar o arquivo, contando com as sub-quests, maior que o de RPGs legendários e mais modernos, como Ocarina of Time, duas gerações de console à frente.

A storyline segue num ritmo bem-cadenciado e o backtracking também diminuiu em relação ao antecessor. A diversificação dos cenários é digna de um RPG de primeira prateleira, com cenários como vulcões e picos de gelo se alternando no monitor, evitando a modorra visual. Como foi dada mais liberdade ao jogador em relação ao acesso a áreas diferentes a cada encruzilhada, inteligente será aquele famiconzista que perder alguns minutos desenhando mapas, uma vez que intencionalmente um mapa detalhado foi deixado de fora dos menus. Levando em conta que ainda resta a primeira metade – ou, melhor dito, o primeiro terço! – em outro cartucho, esta é uma saga quase sem rivais nos dias do Nintendinho para quem não conseguia botar a mão em outros hardwares exóticos. Conquanto Ys I seria melhor jogado no Master System, nenhum console da Sega recebeu essa parte II, o que o torna ainda visitável hoje em dia para quem quiser experimentar o mundo mágico de Ys em suas feições convencionais e arcaicas, sem os necessários upgrades técnicos e de interface das adaptações noventinas ou do novo milênio para PC e handhelds.

Toques bem-humorados como o espanto dos cidadãos das áreas pacíficas, quando são abordados enquanto Adol usa sua magia-monstrão, foram pensados pelos produtores, adicionando nuances raras ou inexistentes para o role-playing da época. Um demônio chamado Keith se tornará um verdadeiro amigo de Adol, servindo esse encontro de mote para a melhor jornada paralela do jogo. Localidades reexploradas nas continuações, como Solomon Shrine, também demarcam sua estréia. Cutscenes de anime, mesmo que estáticas, talvez fossem impensadas quando o NES foi lançado no mercado, mas Ys usou, e muito bem, o recurso para aumentar a imersão no storytelling.

A trilha sonora, como sempre, é destaque já de longe e se sobressai mesmo à refinada gameplay. Tracks injetadas de adrenalina para os combates e certas zonas ou momentos do roteiro que necessitam daquela vibe triste são, como parece inevitável na franquia, empregadas com a máxima corretude e gênio. Para quem não gosta de guitarras e prefere o puro poder dos sintetizadores 8-bit, dir-se-ia que a OST no Nintendo chega a bater na dos mesmos episódios de Turbografx. E aqui estamos falando do videogame caseiro conhecido como o paraíso dos sonoplastas na era de ouro da “música MIDI”, antes de orquestrações se tornarem a regra!

Ys III ainda seria convertido pouco mais de um ano depois para o mesmo NES, recebendo concorrência desleal do irmão SUPER Famicom; mas, se quer um conselho, saiba que o segundo capítulo é o melhor da trilogia neste sistema.

CURIOSIDADE 1: OS DEVOTOS QUE MANTÉM A CHAMA ACESA NO OESTE
Como com muitos, senão todos, os Ys antigos, dependemos de duas coisas para apreciar o produto: 1) entender japonês; 2) ou contar com a generosidade alheia. Estendam os braços, pois a 2ª possibilidade abençoou os emuladores de Nintendinho: desde 11/08/00 (estou redigindo este parágrafo em 11 de agosto de 2022, curiosamente!) existe uma localização para o inglês, cortesia de David Mullen. O arquivo patch para usar junto com a ROM pode ser encontrado em https://www.romhacking.net/translations/239/.
CURIOSIDADE 2: RPG É ANIME E VICE-VERSA (REGRA GERAL)
Uma série animada em poucos capítulos cobre a plotline deste jogo. Seu nome? Ys II: Castle in the Heavens (1992). DICA: Vejam com áudio em japonês, jamais a versão americanófila!
CURIOSIDADE 3: OS FELIZARDOS (?!)
Ao contrário dos nintendistas, os usuários de Android são muito mais sortudos, pois ganharam um remake que foi ocidentalizado, em até mais de uma língua usada nas Américas e Europa (pela subsidiária francesa Dotemu SAS): inglês, francês, alemão e italiano, sem falar que também há opções para converter os menus em coreano e mandarim. Só que eu não conheço ninguém que use seu celular para jogar J-RPGs… Você conhece alguém? Eu mesmo ainda não tive a valentia de fazer tal teste!
CURIOSIDADE 4: SALADA INCOMPREENSÍVEL?
Dizem que novela mexicana é cheia de reviravolta, mas quem é que entende sagas japonesas emaranhadas? Ys talvez seja a franquia com mais remakes de todos os tempos – tenho minhas dúvidas se não ultrapassa até Final Fantasy, o coin-cash da Square (com toda a justiça, não estou condenando!). Claro que não contei jogo por jogo para dizer quem foi mais recriado ao longo do tempo, mas é a impressão que dá. Longe da pretensão de ensinar aos outros o que eu nem mesmo sei, só desejo pontuar aqui algumas seqüências consideradas remakes deste Ys II, diminuindo a confusão mental de quem eu puder! Constam oficialmente como recriações deste épico de Nintendinho as seguintes ocorrências da série: III: The Oath in Felghana (PC e mobiles, 2005; versão mais moderna para PSP em 2010) e IV: Memories of Celceta (PS Vita, 2012; PC, 2015; PlayStation4, 2019). Se é coeso que esses capítulos numerados 3 e 4 sejam retrabalhos ou reboots justo do capítulo 2 aqui tratado, isso não me cabe julgar!
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Lista de agradecimentos pela cessão de imagens e informações:
GameFAQs.com/
Bass_X0
ImperialScrolls
Lunatic_Zero
jeuxvideo.com/
Pseudo supprimé
mobygames.com/
Unicorn Lynx
romhacking.net/
BlairBear86
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