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mega man 64 (n64)

Nintendo 64

Mega Man 64

RockMan Dash: Hagane no Boukenshin (Japão)

FICHA TÉCNICA

Developer: Capcom

Publisher: Capcom

Estilo: Action RPG / 3D Shooter

Datas de Lançamento: 22/11/00 (JP); 10/01/01 (EUA)

NOTA

6.6

Este jogo é pra…

(X) passar longe  (X) dar uma jogadinha de leve  (  ) dar uma boa jogada  (  ) jogar freneticamente  (  ) chamar a rua toda pra jogar  (X) um tipo específico de jogador. Qual? Apenas os desesperados.  (X) incógnita

Mega Man Legends foi um marco na série do robozinho azul da Capcom. Nele, foram dados seus primeiros passos poligonais. O gênero ação deixou de ser puro para se fundir com elementos de RPG e stealthing. A obra despontou no meio da vida do PlayStation e os possuidores do Nintendo 64 já estavam perdendo as esperanças de ver qualquer game da franquia MM de perto quando a Capcom anunciou, anos depois, que faria a conversão de Legends, mas só do primeiro. O Nintendo 64 tinha, à época, minha predileção em relação ao videogame da Sony (eu tinha lá meus 12 anos e não sabia das coisas, não ligue!), então recebi a notícia com euforia. Para dar aquela sensação “para inglês ver” de que o produto era inédito, substituíram o último termo por “64”, e a Nintendo incluiu aquele infame selo “Only For” na parte da frente da caixa (argh!). Mesmo para quem jogou incansavelmente Legends 1, a promessa da Capcom de adicionar novos mapas e de promover uma apresentação mais polida seduzia os fãs do Azulzinho que também tinham uma plataforma Nintendo em casa. Mas…

…a verdade é que só consideram essa adaptação 64-bit de valor aqueles que nunca jogaram Legends, porque o contraste é doloroso. MM64 é apático. O hardware do N64 foi totalmente sub-utilizado, e o cartucho parece ter sido lançado pela Capcom só para levantar caixa. Ele chegou à América em 2001, quando o N64 já estava soterrado pela nova geração. Em 2000, o ápice técnico do periférico já havia sido alcançado, com os maravilhosos (se não de jogar, pelo menos de olhar) Banjo-Tooie, Donkey Kong 64, Conker’s Bad Fur Day (tripleta da Rareware) e, claro, Majora’s Mask, afora inúmeros outros títulos de third parties que sabiam utilizar o expansion pak para dar aquela tunada gráfica sem perda de framerate (vide Star Wars: Racer do nem sempre assertivo estúdio LucasArts). O Dreamcast e o PlayStation2 roubavam cada vez mais os holofotes (embora, no caso do console da Sega, não por muito tempo), e a Microsoft estava para chegar forte na contenda… Por isso tudo, esperava-se do primeiro e último Mega Man do sistema, lançado justamente em seu eclipse, muito mais excelência e maturidade. Ou que ao menos tivessem reunido Mega Man Legends 1&2 no cartucho, ou MML1+Misadventures of Tron Bonne, se bobear o melhor da trinca!

O sistema de jogo é mais bem-detalhado no review de Mega Man Legends, então vamos apenas ressaltar os pontos principais e comentar do joystick do N64. Ao contrário dos Mega Man tradicionalistas em side-scrolling, em Legends você não tem um menu para intermediar sua passagem entre as fases, nem a necessidade de derrotar alguns chefes antes de outros a fim de obter seu power-up exclusivo. O jogo pode até carecer de linearidade como os Mega Man antigos (que, exceto pelo layout horizontal ou vertical relativamente previsível das fases, funcionam como quebra-cabeças em que você tem de testar várias alternativas e se necessário embaralhar todas as cartas se quiser vencer), mas a aquisição de armas é bem diferente: devem ser encontradas em baús dentro de cavernas subterrâneas ou compradas à luz do dia, em lojas especializadas. No sistema de batalhas, a mira lembra muito o que se vê nos Zeldas a partir de 1998 (Z-lock) ou Jet Force Gemini (durante os chefes ou ao segurar o R), com a diferença de que Mega Man não pode mexer as pernas enquanto move o canhão de seu braço e a cabeça e procura a perspectiva mais correta para o tiro.

Infelizmente já se esperava uma trilha sonora mais fraca que a majestade insuperável dos Mega Man 2&3, que mostram que não é necessário o game ser em CD nem o processador ser uma maravilha para se ter música boa; a despeito disso, MM64 não se diferencia de Legends, para o bem ou para o mal. Em realidade, a companhia optou por uma ênfase do som ambiente quando Mega Man não está explorando uma dungeon. Quanto aos (poucos) minutos de diálogos falados que o N64 conservou em relação ao PlayStation, o áudio das vozes está num volume muito mais baixo que o da música, visivelmente comprimido.

MML saiu em 1997 e 1998 (a depender do continente). Três ou quatro anos após (e depois inclusive de Mega Man Legends 2 para PSX!), Legends 1 reaparece num sistema em tese duas vezes mais poderoso e… nenhuma fase a mais, desmentindo os boatos disseminados pela própria Capcom, controles ainda imprecisos e gráficos porcos. E olha que as imagens de Legends já eram criticadas no ano de 1997! Os personagens e cenários eram extremamente quadriculados, indecisos entre o look 2D de um anime e texturas poligonais pobres e em baixa resolução. A animação era artificial e arrastada. No Nintendo 64, em pleno e kubrickiano 2001, parece que o panorama piorou! O filtro de texturas do aparelho foi mal-utilizado e deixou o visual mais embaçado do que nunca, bem como a paleta de cores sofreu redução!! A construção gradual de fundos ocorre com mais freqüência, isto é, a distâncias menores que no Sony PSX, o que não faz rigorosamente sentido algum!! Outrossim, para um game do terceiro milênio, os problemas de câmera durante os giros e guinadas de direção do protagonista são inaceitáveis. Não só a câmera oscilará continuamente atrás dos ombros do Blue Bomber como paredes e objetos terão suas texturas atravessadas no meio pela “linha do cinegrafista” sem dó!

E não é que o velho não tava mentindo?

Agora a jogabilidade no controle da Nintendo. O original ainda pode ser avaliado como de gameplay razoável graças ao uso quase que restrito ao d-pad e aos shoulder buttons (de fácil acesso no PS1). No N64, tanto o direcional digital quanto o analógico podem ser empregados. Todavia, o d-pad, composto de apenas uma tecla com quatro vetores (uma cruz) – ao contrário do direcional playstationiano, composto de 4 flechas segmentadas –, só atrapalha nessas horas; e a alavanca de controle 3D não atua melhor. Aliás, é bisonho que a Capcom tenha incluído a alavanca de controle na interface mas não tenha possibilitado sua utilização em literais 360°, que é para o que ela nasceu, e o que ela já fazia muito bem em games seminais como Super Mario 64, Goldeneye e Mario Kart. Aqui, só são lidas 8 direções (as cardeais e colaterais) e não há dosagem sensitiva, o que significa que Mega Man caminhará na mesma velocidade com a alavanca um pouco ou um bocado pressionada. NOTA DESALENTADORA: Mega Men Legends 2, de 2000, possui compatibilidade total com o Dual Shock de PSX; que coisa, não?!

A pula e B usa o Buster. C-esquerda é reservado à arma secundária, R e Z em conjunto fazem o side step e C-cima é seu botão de ação (o A de Zelda:OoT), que abre portas, lê placas e coisas do tipo. Tem gente que acha que o problema com os controles na versão 64 é a posição do C-cima, mas isso é uma futilidade grotesca: O QUE ATRAPALHA MESMO é a questão do(s) direcional(is) e a rigidez da mecânica de side steps/mira, ainda mais considerando que maior parte do jogo envolve a exigência de reflexos rápidos em tiroteios!

Depois de uma franquia-base que conquistou uma legião de fãs e pelo menos 4 séries spin-off, nascidas do tronco principal (Mega Man X, Mega Man Zero, Mega Man Battle Network e Legends, para me restringir aos lançamentos até 2001), não é difícil se dar conta das razões que fizeram dessa marca™ da Capcom o mito de popularidade que é hoje (e olha que eu nem citei incursões estranhas como Mega Man Soccer!): qualidade, seja em qualquer gênero, é uma delas. Mas problemas e negligências demais comprometeram essa (re)apresentação no Nintendo 64. O que era um jogo de bom para ótimo no PlayStation em 97 se mostrou medíocre no N64 4 anos mais tarde. Se bem que fã que é fã vai ignorar esse “detalhe”… Quanto aos gamers “comuns”, que não fazem parte de nenhuma seita do Azulzinho, ter um Sony PlayStationOne para poder experimentar este “clássico gaiden” (no geral mais elogiado que a própria seqüeência) é muito mais jogo (literalmente), por ser mais bem-controlado e barato. Não é todo dia que sai um RPG com RockMan no papel central, no fim de contas, para quem estiver tão desesperado assim e sem outra alternativa!

Lista de agradecimentos

gamefaqs.com/

Anndrix

Megaman1981

Msuskie

PHIL 01

mobygames.com/

Por Rafael de Araújo Aguiar

versão 2.0 – criado em 2013; atualizado em 2022.

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