PlayStation

The Misadventures of Tron Bonne

Tron ni Kobun: RockMan Dash Series (JP)

FICHA TÉCNICA

Developer: Capcom

Publishers: Capcom / Eidos

Estilos: Action RPG / 3D Shooter / Puzzle

Datas de Lançamento: 22/07/99 (JP), 30/04/00 (EUA), 16/06/00 (EUR); 27/07/00 (JP-relançamento), 17/12/14 (JP-PSOne Classics), 06/05/15 (EUA-PSOne Classics)

NOTA

8.1

Este jogo é pra…

(X) passar longe  (X) dar uma jogadinha de leve  (X) dar uma boa jogada  (X) jogar freneticamente  (  ) chamar a rua toda pra jogar  (X) um tipo específico de jogador. Qual? Quem clamou por mais ao terminar Legends 1!  (XX) incógnita

As Desventuras de Trombone (???) é um “Mega Man Legends 1.5” e não oferece pouca exoticidade: um Mega Man 3D que não tem Mega Man, só pra começar! Tron Bonne é uma das NPCs mais queridas de Legends 1&2 (o segundo, póstumo a este jogo) e este título é uma prequel que conta a história de sua família. O líder do clã, Tiesel, começa o jogo numa missão pelo deserto. Seu objetivo é – familiarmente, para os fãs de MML – achar ruínas antigas e caçar tesouros. Esse é só um tutorial para MTB, e sendo assim pode ser evitado pelos gamers.

Quando Tiesel finalmente alcança as ruínas procuradas, sofre um ataque-surpresa de Glyde, um capanga de Loath, para quem o pirata e escavador anda devendo mais dinheiro do que pode pagar. Tiesel rejeita a proposta de se tornar um escravo até quitar seu débito, então ambos se enfrentam. Glyde supera o rival e o leva como refém até um cativeiro no fundo da mina, ao lado do próprio irmãozinho de Tiesel, Bon. Tron, a irmã de Tiesel e Bon Bonne, é a única que pode consertar as coisas a essa altura. Ops, quase a única! A companhia que ela terá nessa jornada não pode ser desprezada – 40 servbots (foto abaixo), meigos e carismáticos robozinhos que além de dialogarem e fazerem o tempo passar, bancando bons amigos, podem ser excelentes aliados táticos na guerra (na verdade, “trabalhos”) a fim de obter o dinheiro da dívida e ter os parentes de volta (1 milhão de zennies).

São 4 os tipos de trabalhos para levantar fundos, imediatamente escolhíveis via menu principal. Os três primeiros são subdivididos em 3 etapas de crescente dificuldade, ao passo que o quarto não é segmentado e é maior. Ao optar por uma missão, Tron também tem de levar os servbots mais adequados. Para os action jobs (mais adiante) é fundamental recrutar snipers (atiradores), além de 6 servos que atacam os inimigos de forma mais direta mas que podem, dependendo de sua orientação, se dedicar apenas a procurar dinheiro e itens. Cada um dos 40 servbots tem personalidade única que não pára de se desenvolver no jogo e alguns deles são dotados de talentos especiais, mas deixaremos essa parte para o final do review.

As missões do primeiro tipo são action-oriented (como todas exceto o segundo lote) em que se viaja à cidade grande para roubar bancos ou então a uma fazenda para roubar os porcos e demais animais, entre outras maluquices! Nunca pensei que ser o cara mau poderia ser mais divertido que em GTA! Espere por reaverbots (os rivais dos servbots) prontos para abrir fogo, mas também civis e a polícia. Você pode saquear residências no caminho para o alvo do assalto principal, e os servbots vêm bem a calhar aqui, se encarregando de ninharias por você. Tron tem um canhão, mais ou menos como o Mega Buster, mas uma das técnicas mais eficazes e que destoa da gameplay dos Mega Man Legends é a de segurar objetos pesados e arremessá-los nos outros! Todas as missões desse gênero terminam com um clássico embate com um chefe.

Em seguida vêm as missões mais peculiares, que nada mais são do que um mesmo puzzle em diferentes graus de dificuldade. Você está num porto gigante e precisa transportar uns caixotes enormes até sua embarcação. 4 é o número de blocos obrigatórios, mas tem um caixote extra que rende muita grana, se você conseguir levá-lo. As caixas se dividem em dois naipes: as de madeira, levinhas; e as pesadíssimas, de que Tron só pode sustentar o peso com muito esforço. O grande segredo do fascínio desta operação aparentemente banal de transporte é que há uma série de limitações a considerar. Tron não se serve dos bots comuns desta vez, mas apenas de um robô gigante encaixado numa espécie de caminhão-guindaste. Ele só pode levar 8 caixas, e Tron em pessoa, 1 caixa, e adicionalmente só pode dar oito passos antes de depositá-la no chão, a menos que seja um caixote de madeira. Sua meta é levar os blocos o mais rápido possível ao navio. Algumas vezes, isso envolve a engenhosa construção de uma ponte feita de outras caixas, para Tron poder levar uma das caixas, por exemplo.

As missões do terceiro grupo se situam todas em grandes salões de cavernas, como a jogabilidade habitual de Mega Man Legends. O motivo de se engajar nesses túneis perigosos é que Aurora Stones são alguns dos tesouros mais valiosos existentes. Aqui não haveria espaço para conduzir um transportador gigante, então Tron leva consigo apenas servbots pequenos e um diminuto dispositivo ideal para conduzi-los, o Finkel, do qual vamos falar mais em outro parágrafo. Aqui o enredo se desenvolve melhor que nas outras missões, pois há muitos personagens estranhos com quem entabular conversa lá embaixo nas profundezas do subsolo, e as caixas de texto e samples de voz do CD não são pouco numerosos! Aparecerão robôs animosos, mas eles vêm em reduzida quantidade. Você deverá se preocupar mais com armadilhas. Muito melhor mandar um servbot para o sacrifício do que a própria Tron, lembre-se disso! No final, novamente bosses, ainda que simples.

O quarto trabalho, que não se divide em três etapas, é a conclusão da trama de Misadventures, quando Tron chega às ruínas onde seus dois irmãos foram feitos prisioneiros. As sessões de jogo aqui serão muito mais livres e despidas de orientações mais lineares, o que permite ao gamer se conduzir da forma que achar melhor. Além do objetivo final, roubará bastante tempo e disposição do jogador a busca por power-ups e dinheiro, para completar a soma de 1 milhão. A propósito, em tese é possível zerar MTB bancando o Hércules meia-boca e jogando apenas esse quarto trabalho, mas o tempo requerido para conseguir os prêmios equivalentes às missões de roubo de banco, transporte de caixas e obtenção das Pedras da Aurora será muito mais exaustivo, sem falar que você não estará com servbots evoluídos nem com armas legais para Tron – e não esqueça que o último chefe está esperando com a faca entre os dentes… Esse é ainda o único estágio que pode ser re-jogado no mesmo slot de memory card depois de completado uma vez. Quanto aos outros, exige-se o recomeço de uma aventura para que possam ser experimentados novamente.

Uma das coisas que esse game tem de diferente em relação à mecânica de MML é que Tron pode agarrar árvores, carros em movimento, postes de luz, cabines telefônicas, caixas de correio e tudo que se possa imaginar a fim de tacar nas pessoas, inimigos e chefes, causando muito mais danos que com alguns tirinhos! E, caso você tenha se perguntado ao ler a sentença anterior, sim, é possível derrubar civis, o que não é punido pelo sistema do game. Nada de escudos protetores invisíveis que impeçam que personagens neutros sejam feridos, como acontece na suprema maioria dos jogos de ação. Ou eles caem sem vida ou fogem apavorados levantando poeira, ou então revidam seus ataques… Hilário! Outras tarefas possíveis incluem bombardear prédios e destacar servbots para saquear os escombros. Casas de civis podem ser espoliadas e em uma das ocasiões Tron pode ir junto com seus robôs-auxiliares e observar enquanto um deles se distrai da operação e começa a assistir um episódio de Mega Man na TV! As missões nas minas (3º tipo) permitem o controle de Finkel, um servbot especial que é em realidade um hovercraft que outro servbot dirige. Gustaff, o grandalhão lento da trupe, dá agonia e canseira às vezes, então é ótimo dar uma variada no estilo.

São, como dito, 4 dezenas de servbots, cada um com uma personalidade e alguns deles com special skills. Só alguns podem ser snipers e, conseqüentemente, manusear armas de fogo. Outros possuem armas que apesar de não serem de fogo podem danificar os oponentes a curta distância. Um terceiro grupo possui talentos “heterodoxos” difíceis de explicar com generalizações. Um servbot é um pintor nato e muda as cores dos outros bots; outros, conforme ganham níveis, podem transformar membros do corpo em armas ou adquirir super-armaduras e fornecer e-bottles (que atendem aos mesmos propósitos dos e-tanks dos Mega Man 2D). Ocasionalmente, um dentre 2 mini-games será a única forma de fazer servbots aprenderem coisas que as missões em si não ensinam: um deles oferece “suprimentos alimentícios” para os bichinhos.

Os mini-games têm um potencial praticamente ilimitado, uma vez que depois de cumpridos com sucesso em suas primeiras encarnações sempre podem ser re-jogados num nível de dificuldade maior, até que parecerão impossíveis! O mais interessante deles será discriminado aqui e, como citado en passant, é ambientado num refeitório específico para máquinas de inteligência artificial! Nessa lanchonete você banca o chef e tem de servir o lanche que cada servbot caprichoso quer, sendo que há 6 opções no menu. A jogabilidade aqui se assemelha a Parappa The Rapper! A única coisa cruel incluída neste jogo avaliado como “para todas as idades” pela ESRB é uma sala de tortura em que você tranca servbots que não estiverem atendendo seus comandos durante as missões. Depois de uma “simples sessão”, uma coisa é certa: eles passarão a prestar atenção em todos as suas solicitações!

O ruim é que não percebi diferenças tão sensíveis nos servbots que não sejam snipers. Digamos que o treinamento para eles influi menos. No geral, The Misadventures of Tron Bonne só peca por ser curto e relativamente fácil. Vai dar aquela sensação de “quero mais” ou de “poxa, agora que eu estava começando a gostar, acaba!”, inevitáveis quando o assunto é fanatismo por Mega Man (e personagens relacionados). Sem treinar servbots adequadamente, dá para finalizar em 10 horas. Cumprindo tudo direitinho, leva de 15 a 20h.

Agradecimentos a Zylo the wolf, DJellybean, HM64Schezo do gamefaqs.com e mobygames.com.

Por Rafael de Araújo Aguiar

versão 2.0 – criado em 2013; atualizado em 2022.

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