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waku waku 7 (neo geo, sat & al.)

REVIEW N° 1052 DO RAFAZARDLY

Por Rafael de Araújo Aguiar

Neo Geo, Saturn

+ Arcade, PlayStation2, PlayStation4, Switch & Xbox One.

Waku Waku 7

ACA NeoGeo: Waku Waku 7 (PS4/SWI/XONE)

AkeAka NeoGeo: Waku Waku 7 (PS4/SWI/XONE, Japão)

F I C H A   T É C N I C A

Developer SunSoft

Publishers SNK, SunSoft, D4 Enterprise, Hamster

Estilo Luta > 2D > Anime

DATAS DE LANÇAMENTO:

ARC

20/11/96 (EUA); 21/11/96 (JP)

NEO

27/12/96 (JP); 27/04/10 (JP-relançamento)

SAT

20/06/97 (JP)

PS2

Incluído na coletânea Sunsoft Collection (26/06/08-JP; 18/06/09-JP, 23/12/09-JP, diferentes capítulos da série NeoGeo Online Collection)

SWI

03/03/17 (EUR, JP), 09/03/17 (EUA)

PS4

22/03/18 (Ásia), 28/02/19 (EUA), 17/03/20 (EUR/OCE)

XONE

22/03/18 (mundial)

NOTA

7.62

Este jogo é pra…

(  ) passar longe  (X) dar uma jogadinha de leve  (X) dar uma boa jogada  (X) jogar freneticamente  (X) chamar a rua toda pra jogar  (X) um tipo específico de jogador. Qual? Anime freaks; combo freaks; campconianos (sobretudo os pró-spin-off Alpha/Zero) e neogeozistas, ou quem simplesmente está FARTO da Capcom e da SNK também!  (X) incógnita

Vida útil estimada: 18h50

Fotos do Arcade:

As sete esferas mágicas Waku Waku voltaram à tona e os poucos peritos na lenda correrão atrás das gracinhas e batalharão por elas, já que sabem seu imenso poder quando estão todas reunidas. Se este guerreiro perito puder derrotar o monstro aprisionado dentro das esferas, receberá a recompensa que desejar.

Deu para sacar que este game é uma paródia de um grande anime. Mas não só de um, o óbvio Dragon Ball Z, como veremos mais adiante (tem até referências a obras de que nós brasileiros banais nunca ouvimos falar, tais quais Dominion Tank Police; e não só de animes e mangás, como também de tokusatsu que fizeram enorme sucesso). Todos os estereótipos das produções japonesas, em suma, ou quase todos, combinam de se enfrentar num 1×1 bem maroto. De mulheres-gato felpudinhas e meiguinhas a heróis efeminados, passando por elfos galantes e culminando em criaturas à la Pokémon, o leque é mais extenso e afiado que o da Kitana e o cardápio comprido até para o Edmond Honda! Enfim, logo de cara é bom já ficar sabendo que só gente bem esquisita vai aparecer na telinha e, conseqüentemente, só outros esquisitões da mesma lata vão querer controlar os personagens do outro lado.

Tirando a casca e falando do miolo, bem-vindo a mais um current 2D fighter da era Saturn. O story mode é uma (enxuta) saga de um aventureiro contra outros 6 que também possuam uma esfera e estejam atrás do mesmo objetivo. Espera… Seis?!… Também?! Mas se o main character começa de mãos nuas…. Resolve-se a parada com uma shadow version de si mesmo; ou seja, enfrenta-se seu clone maligno, obrigatoriamente, antes de zerar o jogo, já que ele detém uma das 7 esferas. Logo mais veremos que o character line-up não se limita ao número místico e cabalístico de 7, todavia…

São 7 inicialmente disponíveis, além de 2 destraváveis para usar somente no VS. mode (um deles o próprio Bonus Kun ou Ryu-pino-de-boliche). O cara devolve as porradas, tome cuidado! Mas já conhecia suas artimanhas quem jogou a prequel de Waku, Galaxy Fight.

Fato é que todas essas criaturas bem distintas entre si – exceto na maluquice – possuem uma série trivial de golpes especiais, os mais potentes deles ativados conforme enche a power bar do rodapé da tela. Super moves e specials indefensáveis no melhor estilo Capcom da segunda metade dos anos 90 vão fazer a festa dos consumidores do CD.

Com a utilização do RAM Cartde S. Saturno, melhor ainda: mais animações (a menina que acompanha Marurun com uma pochete nas costas chega mesmo a tapar os ouvidos quando ele solta um grande grito, coisa espetacular para esta geração) nos golpes e movimentos (e até no repouso do personagem!) e uma excelente cutscene de abertura, que serve para apresentar os doidos selecionáveis, bois aos quais finalmente daremos nomes:

Arina, trajes de coelho e sex symbol nas horas vagas e ocupadas;

Slash, o elfo caçador de demônios que utiliza uma espada espiritual;

Dandy J, o aventureiro, Indiana Jones wannabe, sempre seguido por um gato e uma mina (dizem que é sua filha), que para quem não é bom observador vão parecer parte integrante do cenário!

Marurun/Mauru (EUA) é a paródia de Totoro, o anime (até a menininha que se mantém inseparável do bicho marca presença!).

Tesse parece ser um retrocesso à série Variable Geo e uma concessão aos ninfetamaníacos (ela é uma jovem garçonete/empregadinha). Mas o ocidental desconhecedor de animes poderia muito bem bater o olho na personagem e considerá-la não mais do que uma evolução do conceito de empregada doméstica robô dos Jetsons, pois visualmente bem poderia ser nossa namorada, além de ter um bolso infinito em espaço e multifuncional, que guarda (e arremessa!) copos, livros, cachorros, bombas e daí para pior…

Tesse x Evil Tesse

Rai, o típico herói japa que entra na competição mais para aprimorar suas habilidades que por qualquer outra ambição em especial. Muito parecido no gênio e na impetuosidade com o Seiya.

Politank Z, um tanque-robô guiado por um homúnculo bigodudo (Mario?), na parte de cima e pelo seu cão de estimação, na parte de baixo, inspirados provavelmente em Patlabor e Mazinger.

– Quanto aos 2 hidden warriors, BONUS KUN e MAKAI TAI TEI FERNANDEZ/FERNANDEATH, entraremos em mais detalhes ao longo do review!

Só posso dizer, quanto ao Saturn, que ele faz seu papel na recriação gráfica, sem deixar o nível cair muito diante do cartucho de 259MB do Neo Geo e dos Arcades. Não parecerá de maneira alguma um “videoclipe granulado”, como alguns usuários do Saturn já apelidaram as adaptações menos exitosas. Mas a queda inevitável de qualidade será perceptível nos fundos dos estágios, levemente pixelizados, devido à perda de metade da resolução original. O toque bacana é que de round a round a hora passa e o jogo de luzes modifica completamente cada arena. Começa-se lutando ao meio-dia e, no caso de um 2 a 1 (necessidade de uma rodada de desempate), termina-se sob a luz do luar. O jogo até parece da SNK, haja vista a quantidade de detalhes e curiosidades contidas nos planos secundários. A ligeira granulagem na backstage permitiu que os bonecos no primeiro plano retivessem suas ricas animações e frames intactos. Apenas uma partícula ou outra das emissões de magias parecerão diferentes em relação às plataformas mais poderosas.

À mecânica de Waku Waku 7 – que não é o sétimo jogo de uma possível franquia chamada apenas “Waku Waku”, não se engane! – consiste em: dois socos, dois chutes, e as teclas que sobram do joystick alocadas como atalhos da combinação de duas teclas, tornando a execução de golpes mais prática. Aprofundando-se nas combinações e nas nuances e desdobramentos das lutas, logo ficará patente que tudo funciona em bases correlatas a Vampire Savior (Darkstalkers 3) e ao spin-off Street Fighter Zero, ambos da Capcom.

É necessário comentar que a barra de poder que se situa abaixo da barra de energia típica do lutador é aquela que representa o poder concedido pela esfera Waku Waku para ajudar na luta: ao contrário de Dragon Ball, aquele que possuir uma só bola já terá acréscimo de poder! Cada bola equivale a 1 gauge. Conforme vai-se progredindo pelo modo estória, acumulam-se vários gauges, ao ponto de se chegar à “sétima camada do special” do personagem controlado. Um super move entra quando se completa um movimento básico + o input de soco ou chute. Arina dispara um coração em formato de hadouken ao socar no fim do move. Com high punch e 1 gauge preenchido, o coração-projétil de Arina já será maior e mais destrutivo. Existe ainda o “modo super” do personagem, que é diferente de simplesmente soltar um super: X+A durante a luta ativam essa cara-metade bombada (igual em Vampire Savior). Indicando que o truque deu certo, como num bom old school, o character brilhará e ficará bem mais ágil, possibilitando combos de hit counts ainda mais elevados. Projeções de sombra-e-luz também passam a seguir o fighter tela afora (novamente, a comparação com SF Zero na execução de supers é inevitável!). Sempre que se tem mais do que 1 gauge, o golpe vai modificando cada vez mais, e isto nós chamamos de DokiDoki em WW7; seriam os supers da série Alpha/Zero!

Os super desperation moves (HaraHara), ainda mais apelativos, são incrivelmente simples de iniciar apertando duas vezes para baixo e dois botões de ataque – mas se o jogador errar no timing, estará frito: o personagem fica vulnerável uns bons segundos antes de lançar a magia; magia que é indefensável e pode revirar o rumo de qualquer batalha crítica. Uma habilidade interessante é poder usar a parede como impulsora, fazendo tabelinha com ela, ao ser arremessado de encontro aos limites da arena, evitando a absorção de maior dano e já ensaiando o contra-ataque. Além disso, em Waku Waku 7 não há fair play ou acusação de covardia: após nocautear o rival, é possível continuar a surra mesmo com ele no chão. Mas a única técnica que vai funcionar é o pulo ou pisão (essa técnica é a mesma de Tekken e outros 3D fighters!). Para quem é a vítima, basta apertar os botões certos na hora certa para se erguer excepcionalmente depressa e surpreender o adversário. Um jogo cheio de vertentes e minúcias a considerar!

Fernandez/ath pode matá-lo em de 5 a 6 segundos se você entrar meio perdido na luta. Ele é mais um paciente da Neo Geo Boss Syndrome, famosa por contagiar as CPUs finais dos fightings da SNK, tornando-os inimigos virtualmente invencíveis — então, CUIDADO! (Repare na técnica letal dele na última foto, Lambida Anal!)

Voltando ao story mode, além das 6 lutas heterogêneas e da luta você-contra-o-evil-você, em um momento aleatório, mas antes do end boss, ocorre ainda uma bonus stage, uma luta amistosa contra o hilário Bonus Kun – um Ryu transformando em saco de pancada de academia, na essência. Bom, alguns dizem que se parece mais com outros objetos, como a sacola de viagem do próprio Ryu que ele está sempre carregando por cima do ombro… Jamais saberemos! Mesmo sendo um sujeito sem pernas ou braços, assim que destravado (vença a luta no 1P!) ele é uma maravilha de controlar. Mas já dava para intuir isso, do jeito que ele é difícil de fazer sucumbir… Bem como Ryu, ele tem uma tarja vermelha na testa, executa shouryukens, hadoukens e hurricane kicks (e grita tudinho – não sei como a Capcom não processou os caras da SunSoft!). É uma experiência hilária em artes-marciais… Sem falar que bonus stages haviam desaparecido dos fighting games por anos até esse revival – e alguns pensavam que para sempre; daí a bela sacada de trazê-las de volta.

As falas dos personagens antes e depois dos duelos são um show à parte e sacramentam o espírito de sátira da série (que pena que no Saturn está tudo em caracteres japoneses). Alguns balões serão profundamente filosóficos e farão pensar na vida, mas outros são pura sacanagem, como a linha “I’ve found a girl frying, no, a flying girl! I have to catch and warn her!” (<Eu vi uma garota fritando, não, uma garota voadora! Tenho que capturá-la e censurá-la!>) do infame Politank Z. É a prova de que num beat ‘em up nem tudo é só pancadaria!

O único lado chato da gameplay são os intervalos de loading – antes de cada combate, entre cada round e até antes da winning screen. O carregamento pré-luta é disparado o mais demorado, cerca de 30 segundos. Alguns slowdowns não puderam escapar à conversão, mesmo com RAM expansion (sobretudo quando há zoom-in assim que os dois combatentes se aproximam muito um do outro).

Fotos do Neo Geo:

Eu não entendo japonês, o que são essas setas?!?!?!

No periférico da Sega as faixas musicais foram remasterizadas, superando o nível do sintetizador do Neo Geo. A trilha tem todas as feições de anime biruta (estilo Ranma 1/2, talvez pior – no sentido da loucura apenas), e traz um sorriso aos lábios do gamer que além de tudo for um bom escutador. O jazz de leve que toca no menu de seleção de personagens já vai criando a tensão e o calafrio necessários para o arranca-rabo. Vindo de um game underground, já é digno de aplausos que os desenvolvedores tenham conseguido os serviços de seiyuu consagrados para dublar as quotes e os golpes. Destaque para as verbalizações (onomatopéias) de DokiDoki e HaraHara do Rai. Fernandez (Fernandeath nos EUA – note que a pronúncia de “ez” pelos japas é idêntico ao fonema -eath), o último chefão que parece um Chain Chomp de Super Mario e ocupa metade da tela, é dublado, veja só, por um bando de crianças! Isso o torna mais cômico e especial do que nunca, se é que era possível, tendo em vista seu design e sua concepção, mais loucos que a própria loucura desde o parto. Vozes pouco inteligíveis, no entanto, estão presentes, como a de Politank. Convenhamos, não obstante, que o quesito som merece um 10, até porque não era todo dia que o Neo Geo recebia um jogo com música cantada!

Não dá para jogar Waku Waku 7 sem rir à beça, essa é a verdade. E são quatro níveis de dificuldade, o suficiente para fazer da experiência algo longevo e ir calejando os dedos pouco a pouco. Zerar no mais difícil com alguns dos fighters menos capacitados é façanhoso. Waku Waku 7 não é nada mau para quem gosta de 1×1, anime e ação veloz, mas fica aqui a ressalva à versão Saturno, a mais fraca das 3. É verdade que na época do lançamento só existia o 1RAM Cart e as coisas não puderam ser replicadas do Arcade com perfeição; se o jogo saísse mais tarde, teria tirado proveito do full potential do console, isto é, dos 4RAM do cartucho de expansão definitivo. Se serve de consolo aos seguidores da SunSoft, conversão alguma da SNK chegou a usufruir do benefício (+4MB RAM), então não era nada pessoal! Fique de olho também em Astra Superstars, a continuação extra-oficial de WW7, só para Arcades e Sega Saturn (e com personagens duas vezes mais loucos!!).

TRIVIA 1: Se o videogame 32-bit pretinho sai perdendo em tudo menos na saída de som, novos modos de jogo podem compensar a aquisição. Ilustrativamente, o calendar mode. A tela-título muda conforme o mês (o CD usa o relógio interno do Saturn para fazer essas mudanças). Alguns artworks são igualmente exclusivos desta terceira aparição de Waku Waku 7.

TRIVIA 2: A repercussão do game foi tão boa no Japão que vieram a criar um mangá homônimo a posteriori. Artigo raríssimo! Se tiver, me empresta.

THE END – o “gênio da lâmpada” é parecido com a Bulma!

Lista de agradecimentos

GAMEFAQS:

Auction Sniper

bstormshadow

hydao

Shirow

Storm Shadow

JIrish

Feadraug Turmellyrn

Akuma_

CodieKitty

HM64Schezo

Saikyo mog

Ex2

Bass_X0

geonitz_96

Evil Ryu

DEFUNCTGAMES.COM:

Cyril Lachel

Josh Dollins

MOBYGAMES:

666gonzo666

versão 2 – 2015; 2024.

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